Cinco segredos de Renato para fazer o Grêmio embalar no ano
Jeremias Wernek
Do UOL, em Porto Alegre
13/06/2017 07h00
A arrancada do Grêmio no Brasileirão é fruto de uma série de ideias de Renato Gaúcho. Em alta na temporada, onde também acumula vaga nas oitavas de final da Libertadores e quartas da Copa do Brasil e Primeira Liga, o Tricolor apresenta um jogo que tem muito pouco da identidade de 2016. Hoje, o time gaúcho já usa e abusa de princípios do atual treinador.
O UOL Esporte mostra cinco dos princípios do Grêmio sob o comando de Renato que ajudam a entender a fase atual. Melhor ataque do Campeonato Brasileiro, terceiro colocado na fase de grupos da Libertadores e com artilheiros superando a marca de gols do ano passado em junho.
Sem saída de três
Com a bola em sua defesa, o Grêmio não recua volante entre os zagueiros. A famosa "saída de três" é substituída por uma transição com volantes em diagonal em relação à posição da bola. Jamais de costas para o portador da bola e também nunca atrás da linha de posse.
Ao invés de abrir zagueiros para os lados, adiantar laterais e recuar um volante para dar superioridade numérica na primeira linha, o Tricolor avança com os flancos espetados, mas aposta em um movimento mais agudo com os volantes. Em diagonal, estes jogadores ganham tempo em relação ao enquadramento do corpo e ajudam a acelerar a transição.
Quarteto com mobilidade
Luan, Pedro Rocha, Lucas Barrios, Miller Bolaños, Everton, Fernandinho, Gastón Fernández, Beto da Silva. Seja com quem for, o Grêmio monta um quarteto ofensivo baseado em infiltração e apostando bastante na técnica. Os quatro homens mais avançados contam com ordem de se movimentar ao máximo em busca de superioridade e atrás de desencaixe da marcação adversária.
A rotação já fez Lucas Barrios dar assistência de calcanhar à frente da área, do lado do campo e também aparecer quase rente a linha do gol em lance de profundidade. Com Luan o expediente é ainda mais comum. O camisa 7 é um dos centros do time e cai por todos os lados do campo. É ele, em linhas gerais, quem inicia a troca no quarteto.
Extremas por dentro
Esqueça a ideia de extremas, ou meias-atacantes, bem abertos. Ou então ‘pisando na linha’, por estarem rente à lateral do campo. O Grêmio, atualmente, procura ter estes jogadores mais perto do centro do campo. Pedro Rocha é o maior exemplo e inclusive em vários gols marcados pelo time nos últimos jogos.
Com Pedro Rocha e Ramiro por dentro, o Grêmio libera os laterais para atacar o corredor. A proposta se encaixa perfeitamente nas características de Bruno Cortez e Léo Moura – titulares em recente sequência de triunfos. Mas com Marcelo Oliveira já era possível notar ultrapassagens pelo lado esquerdo com o portador mais por dentro.
Diante do Bahia, Cortez fez o gol ao entrar na área em escanteio no final do jogo. Mas desde o apito inicial se apresentou ao lado do campo, mantendo a proposta, e dando opção de passe. Com ele e Edílson do outro lado, o Grêmio conseguiu atacar com cinco jogadores em busca de uma chance contra defesa compacta do time visitante.
Encaixe até o fim
Prepare-se para ver o com outros olhos os momentos em que o Grêmio se defende. Quando está sem a bola, o Tricolor aplica bastante um princípio de marcação encaixada até o final da jogada. A marcação por zona, com troca do jogador na perseguição pelo portador da bola, é uma das características da transformação do time desde a chegada de Renato Gaúcho.
Além do encaixe até o fim, sempre existe um jogador na sobra. Ou seja, perto do lance e pronto para aproveitar a sequência de uma tentativa de desarme ou dando opção para passe depois da retomada da bola.
2-1 e liberdade
O gol de Arthur contra o Fluminense, no jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, é um bom exemplo. Pelo meio, o camisa 29 toca para Luan e avança. Depois enxerga Barrios e também monta uma tabela antes de entrar na área, driblar Cavalieri e empatar a partida.
Assim como o volante, todo jogador do Grêmio tem a instrução de usar a tabela. O chamado ‘2-1’. Diante do Botafogo, na estreia do Brasileirão, Michel roubou a bola, tocou em Luan e seguiu avançando. Dando opção. A superioridade numérica com tomada de decisão rápida permite ao time seguir ganhando terreno, mas só dá certo por conta da liberdade.
Renato Gaúcho orienta o time a tomar a decisão que melhor convir na hora. Sem roteiro pré-definido para cada fase do jogo. Essa postura é que gera muda nos pequenos padrões que se revelam ao longo dos gols e chances de gol do Grêmio nas últimas semanas.
Com cinco vitórias em seis jogos pelo Brasileirão, o Grêmio tem 83% de aproveitamento e ocupa o segundo lugar na tabela. O desempenho na arrancada do campeonato já é histórico. O clube gaúcho nunca conseguiu esse percentual na competição. Boa parte da explicação está nas ideias de Renato, casada com a qualidade do time e o momento de peças importantes.
O Grêmio volta a campo na quinta-feira, quando enfrenta o Fluminense pela sexta rodada do Brasileirão. Depois do jogo no Rio de Janeiro, o Tricolor enfrenta o Cruzeiro, segunda-feira, em Belo Horizonte.