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Sereia na pista? GP da Malásia é sinônimo de sofrimento para os pilotos

Julianne Cerasoli

Do UOL, em São Paulo

25/03/2015 06h00

Imagine ficar por quase duas horas fazendo esforço físico com três camadas de roupa em um ambiente com temperatura perto dos 60ºC. É isso que os pilotos enfrentam no GP da Malásia, um dos mais duros de toda a temporada da Fórmula 1.

O sofrimento é tanto que Rubens Barrichello chegou a ter alucinações na prova. “Cheguei a ver sereia no final da corrida por falta de água”, contou o brasileiro após a prova de 2011. “Realmente, tem vezes que você larga com um litro e meio de água no carro e, faltando 10 voltas para acabar, aperta o botão e percebe que não sobrou nada. Aí, é normal ver um monte de coisa.”

O clima na Malásia é semelhante ao de cidades brasileiras próximas à Linha do Equador, como Manaus ou Belém. No ano passado, a corrida foi disputada sob um calor de 35º de temperatura ambiente e umidade relativa do ar de 58%, combinação que faz com que a sensação térmica seja ainda maior.

A dificuldade é tanta que a preparação dos pilotos – e também de outros membros da equipe que trabalham com macacões, como os mecânicos que participam dos pit stops – sofre uma série de mudanças quando a categoria chega a Sepang.

O grande problema é a desidratação causada pelo calor – responsável pelas tais ‘sereias’ de Rubinho. Afinal, a partir do momento em que se perde 1% a 2% do peso corporal por meio do suor, é normal sentir tontura e ter queda de performance,  concentração e potência muscular. Como os pilotos costumam ter cerca de 70 a 75kg, isso significa que, apenas com a perda de 1,5kg em líquidos, o rendimento começa a cair de forma considerável.

São várias as formas de fugir disso. Primeiramente, apostando no treinamento cardiovascular sob calor, para aclimatar o corpo. “Fazemos treinos na hora da prova ou até um pouco mais cedo, quando está ainda mais quente, por quatro ou cinco dias. Assim, o corpo vai se acostumando ao esforço, os batimentos cardíacos caem e o piloto sofre menos”, revela o treinador de Felipe Massa, Vanderlei Pereira, dono da V10 Treinamento, especializada na preparação de pilotos.

Outro cuidado constante é com a hidratação. “Na quinta-feira, o piloto é pesado para identificarmos sua massa normal. Depois, vamos acompanhando para determinar o quanto de líquido ele terá de ingerir”, explica o treinador. “Todo dia, eles se pesam de manhã e à noite para checar se a reposição está correta.” Muitos pilotos, inclusive, usam misturas com sais minerais e carboidratos, preparadas de acordo com suas necessidades.

O momento mais crítico é logo antes da largada, quando os pilotos buscam, além da hidratação, manter sua temperatura corporal o mais baixa possível. Para tanto, vale até usar coletes com gelo antes de entrar no carro. Durante as corridas, engana-se quem pensa que o cockpit aberto resolve o problema: a aerodinâmica não permite que o vento chegue no piloto e é comum ver alguns levantando as mãos nas retas para tentar se refrescar. Outros, como Fernando Alonso, costumam pilotar com a viseira entreaberta.

Os treinos livres para o GP da Malásia começam às 23h de quinta-feira, pelo horário de Brasília. A classificação será às 6h e a corrida tem largada às 4h.

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