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Armstrong diz que se dopou com EPO, testosterona e transfusões de sangue em sua carreira

Lance Armstrong (e) concede entrevista à apresentadora norte-americana Oprah Winfrey Imagem: AFP PHOTO/HARPO STUDIOS/GEORGE BURNS

Do UOL, em São Paulo*

18/01/2013 00h04

Em entrevista ao programa Oprah's Next Chapter, exibido pela primeira vez nesta quinta-feira pela rede OWN e pelo site oficial da apresentadora, Lance Armstrong admitiu que se dopou em todos os sete anos em que ganhou a Volta da França. O ex-ciclista revelou que se beneficiou do uso do hormônio Eritropoietina, conhecido como EPO, de testosterona e de transfusões de sangue para melhorar seu desempenho. 

"Tinha acesso a coisas que melhoravam muito meu desempenho como atleta. Meu coquetel era muito simples. Eu usava um pouco de EPO, transfusões de sangue e testosterona", contou o ex-atleta.

Armstrong foi campeão da Volta da França entre 1999 e 2005. Mesmo antes da confissão, o ciclista americano teve seus títulos cassados. Segundo ele, a ineficácia do controle de doping na época o deixava sem medo de ser flagrado.

"Os testes mudaram muito. Antigamente, eles não iam até sua casa, não iam no seu treino. Agora, o ênfase não é nas competições, o que é certo. Em 1999, não existia teste fora das competições. Então, eu não ia ser pego, porque estava limpo nas corridas. Duas coisas mudaram: os testes fora da competição e o passaporte biológico, que realmente funcionou", opinou.

Após a confissão, o ex-atleta afirmou que julga ser humanamente impossível vencer a Volta da França sete vezes sem o uso de doping e que, quando voltou à competição, obtendo a terceira colocação em 2009 e a 23ª em 2010, não fez uso de nenhuma substância proibida.

Armstrong também confirmou ser verdade a história contada por Emma O'Reilly, que integrava a equipe médica do americano em 1999 e que revelou que uma prescrição médica foi forjada na época para encobrir um caso de doping do ex-ciclista. 

Quando questionado sobre a popularidade do doping no ciclismo, Armstrong fez questão de dizer que ninguém era forçado a usar as substâncias e que não conhecia ou treinava com gente o bastante para poder afirmar o quanto a utilização é difundida na modalidade. No entanto, apesar de assumir a culpa, o americano fez uma espécie de ressalva em relação a Michele Ferrari.

A produção do programa exibiu um VT com Armstrong dizendo que o fisiologista italiano jamais havia sugerido o uso de substâncias ilegais. O ciclista não fez nenhuma acusação direta, mas afirmou que responderia de maneira diferente a respeito hoje.

Durante a entrevista, Armstrong afirmou ainda que a imagem de herói construída em torno dele fez com que ele relutasse em vir a público para falar a verdade.

"Essa é a melhor pergunta. Não sei se tenho uma resposta. Agora, é tarde demais para mim e para a maioria das pessoas. Eu construí uma grande mentira", disse o ex-ciclista, quando questionado sobre os motivos que o fizeram esconder o doping.

"Eu sei a verdade, sei que a verdade não é o que eu disse. A história foi tão perfeita por tanto tempo. Você supera uma doença, vence a Volta da França sete vezes, tem um casamento perfeito... é a história perfeita", completou o americano, que teve câncer testicular em 1996, antes de emplacar seus títulos na Volta da França.

COMO FUNCIONA A ERITROPOIETINA (EPO)?

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A eritropoietina (EPO) é um hormônio proteico natural. É secretado pelos rins durante condições de baixos níveis de oxigênio. A EPO estimula as células tronco da medula óssea a produzir glóbulos vermelhos, que aumentam o transporte de oxigênio para os rins. Os atletas de resistência, como aqueles que competem em maratonas, ciclismo ou esqui em regiões planas e rurais cobertas de neve, podem usar EPO para aumentar o fornecimento de oxigênio, de 7 a 10%. É uma substância difícil de ser detectada em exames.
Saiba mais sobre esta substância e outros tipos de doping

* Atualizado às 01h02

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