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Mães chefes de família driblam a fome com arte e compostagem em Recife

ONG criou cooperativas de minhoqueiras, composteiras domésticas e de vasos artísticos Imagem: Agência JCMazella

Carlos Madeiro

Colaboração para Ecoa, em Maceió

28/09/2021 06h00

As dificuldades geradas pela pandemia se tornaram motor para que mulheres mães e chefes de família se tornassem protagonistas de duas cooperativas em Recife, criadas no início do ano e que hoje garantem renda a 40 famílias pobres da capital pernambucana.

As cooperativas são fruto do projeto "Telhado Eco Produtivo", da ONG Comunidade dos Pequenos Profetas, localizada no bairro de São José.

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"Para saciar a fome, uma campanha arrecadou, até dezembro, 40 toneladas de alimentos, doados a 700 famílias. Mas a gente viu que só manter ajuda de alimentos seria pouco, tínhamos de fazer mais. Foi quando a gente criou as cooperativas das minhoqueiras, das composteiras domésticas, e dos vasos artísticos", explica Demetrius Demetrio, gestor da ONG Comunidade dos Pequenos Profetas.

Dessa ideia nasceram as cooperativas "Mãos Talentosas" e "As Minhoqueiras". Os projetos vieram para ajudar financeiramente mulheres que são mães de crianças atendidas na instituição e moram nas comunidades do Coque, Joana Bezerra, Roque 2, Roque 3 e Avenida Sul.

Confecção de vasos

Os vasos e as composteiras são produzidos a partir de material recolhido do rio Capibaribe Imagem: Agência JCMazella

Ana Izabela de Lima, 38 anos, mora em uma palafita da comunidade Roque 3, na Ilha do Leite, e encontrou na confecção e pintura de vasos a chance de conseguir ter renda para sustentar ela e o filho, de 12 anos. "A gente produz vasos para plantas a partir de material que a gente pega no rio Capibaribe", diz.

Cada vaso, diz ela, custa R$ 50, se vazio; e R$ 70, com uma muda de planta. "Eu vendo uns quatro por mês, mas me ajuda demais porque minha Bolsa Família foi cotada há 4 anos", completa.

Compostagem vira negócio

Já as "minhoqueiras" produzem composteiras e trabalham tanto em casa como na sede da ONG, no bairro de São José. Cada uma delas contém três vasilhames reaproveitados e customizados para compor a decoração, custa R$ 130 e vem com 100 minhocas, um litro de biofertilizante, folheto explicativo e suporte via WhatsApp. A renda obtida com a venda é revertida para cada participante que produz as composteiras.

Maria Aparecida Silva, 49, é uma das mulheres que atua na cooperativa. Ela mora há 17 anos na Vila Sul e viu na ideia uma forma de aumentar a renda. "Aqui a gente trabalha em todo o processo, desde a limpeza dos baldes, até saber como criar, alimentar e fazer todos os processos da compostagem", afirma.

Ela conta que já entendia um pouco do processo e, com o curso, se tornou prática. "Muitas de nós estava desempregada na pandemia, e isso fez surgir uma nova renda para nós, mães", diz ela, que fazia faxinas.

Já Viviane da Silva, 36, mora com dois filhos e um neto. Um outro filho foi morto no dia 6 de abril de 2020 aos 16 anos. "Eu sou aqui pai, mãe, avó e avô da família", diz.

Ela conta que trabalha na parte da pintura dos baldes da compostagem. "Eu decoro os baldes, e tem várias coisas que eu faço. Foi um projeto ótimo, ao menos levo um prato de comida para meus filhos", diz.

Os projetos vieram para ajudar financeiramente mulheres que são mães de crianças atendidas na instituição Imagem: Agência JCMazella

A professora Vicência Sotero da Silva, 41, é uma das mães atendidas pela ONG que aprendeu sobre compostagem e repassa o conhecimento no curso que dá a outras mulheres. "Eu era uma aluna e comecei a aprender. Mas a professora foi embora porque terminou o contrato e comecei a ensinar", diz.

Ela explica que o curso para aprendizado dura duas horas e pode ser feito na instituição. "Mas o aprendizado mesmo, a prática depende de cada pessoa, mas em regra é rápido. A dificuldade maior é mesmo cortar os baldes, porque as pessoas não manuseiam isso. Mas é simples, eu mesmo estou fazendo uma coleção de mandalas, produzo junto com elas", alega.

Para ajudar as cooperativas, você pode fazer uma doação em dinheiro para:
Banco Bradesco| Agência 3208 | Conta Corrente: 99453-7
Comunidade dos Pequenos Profetas - CNPJ 12 861 514 0001 10
Ou pelo link: http://pequenosprofetas.org.br/contribua/
Para mais informações: Comunidade dos Pequenos Profetas - Av. Sul Gov. Cid Sampaio, 110 - São José, Recife - Pernambuco - Brasil - CEP 50.090-010 - Tel: +55 (81) 3424-7481. E-mail: cppclarion@uol.com.br

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