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Empreendedoras negras querem compartilhar sucesso com mais mulheres

Mulheres durante workshop de tranças no AteliĂȘ Badu Imagem: Divulgação

Carmen LĂșcia

De Ecoa, no Rio de Janeiro

14/12/2020 04h00

Compartilhar conhecimento para impulsionar outras mulheres pretas. Foi isso que motivou Ana Claudia Silva Pereira, 35, Esther Gomes, 23, e Gabriela Azevedo, 34, a transforarem seu trabalho e suas vivĂȘncias em cursos e workshops para empoderar estudantes, muitas delas perifĂ©ricas, a se profissionalizar na ĂĄrea da estĂ©tica ou no mundo dos negĂłcios e conseguir a independĂȘncia financeira.

"Sou pedagoga, empreendedora, formadora e palestrante. O fato de eu ser professora, ter cursado uma licenciatura e ter habilidade para compartilhar conhecimentos, me possibilitou ter contato com a årea de formação de pessoas. De 2018 para cå, tenho me aperfeiçoado na formação de mulheres para o mundo dos negócios. Em específico mulheres negras afroempreendedoras, e o empreendedorismo periférico", conta Ana.

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O curso ministrado por ela acontece uma vez ao ano, em São Paulo, tendo diferentes turmas participantes ao longo do programa. Este ano, mesmo com a pandemia, ela formou 600 mulheres de forma online. "Uma das minhas principais atuaçÔes como formadora é em um programa oferecido por uma organização internacional da América Latina, em parceria com grandes empresas brasileiras, onde iniciei como aluna. No ano passado, formei mais de 200 mulheres em minhas turmas. Este ano, a formação foi totalmente online e, junto com outras profissionais, batemos uma meta de mais de 600 mulheres formadas para iniciarem ou aperfeiçoaram seus negócios", explica a profissional, dona da marca Afra. Entre as habilidades fortalecidas no curso estão finanças e autoestima. "Destacamos a base estruturante para que deem o start em suas ideias, obtendo liberdade financeira e impulsionando para a vida", diz.

A advogada e consultora de imóveis Beatriz Gracilano fez o curso de Ana hå dois anos e sentiu as mudanças em sua vida profissional de forma bastante råpida. "Fiz o curso de empreendedorismo feminino, que me ajudou na parte de planejamento e organização. Depois do curso, sinto que fiquei mais focada no meu trabalho. Tenho a minha empresa e se eu fosse dar um conselho para quem quer empreender, eu diria para estudar, pesquisar, se organizar e fazer network. Quanto mais conhecimento, melhor".

Outra empreendedora que tem compartilhado seus conhecimentos é Gabriela Azevedo, fundadora do Trança Terapia. Dando aulas de tranças hå 14 anos, ela passou a oferecer oficinas em escolas e hoje realiza cursos profissionalizantes no Rio de Janeiro. "Dei aulas de tranças em colégios, ensinando sobre a história da trança e a fazer penteados simples. O objetivo era a valorização da cultura afro e o estreitamento do laço afetivo entre mães e filhos, através do ato de trançar. Depois, passei para os workshops. Neles, o objetivo jå era ensinar técnicas de tranças com fins lucrativos. Logo depois vieram os cursos profissionalizantes, no qual enxergamos as tranças como renda principal de uma família", conta.

Mulheres que participaram de curso do Trança Terapia Imagem: Divulgação

De acordo com Gabriela, 80% das alunas que fizeram o curso, hoje exercem a profissĂŁo de trancista. É o caso de Caroline da Silva Barbosa, 28. Este ano, ela passou cinco meses aprendendo a tĂ©cnica das tranças com o Trança Terapia, e agora, tem o seu prĂłprio negĂłcio. "AlĂ©m de obter prĂĄtica, o curso tambĂ©m me ajudou a aprender como me comportar, saber lidar com os clientes e principalmente respeitar os meus limites e me qualificar. Depois desta experiĂȘncia, me senti mais segura e passei a ter uma visĂŁo ampla do mundo do empreendedorismo", explica ela, que Ă© dona de um salĂŁo em Sepetiba, no Rio de Janeiro.

TambĂ©m empreendedora da beleza, Esther Gomes pode dizer que vem deixando a sua marca no mercado apesar de sĂł ter 23 anos de idade. Fundadora do AteliĂȘ Badu, salĂŁo afro com unidades na Pavuna e em Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, ela jĂĄ realizou cursos em SĂŁo Paulo, Salvador, BrasĂ­lia, GoiĂąnia e em muitas outras cidades. Sempre com turmas lotadas.

"Eu me sustento desde os 16 anos fazendo cabelo e hoje jĂĄ estou com a segunda unidade do meu espaço. Com o curso, tento fazer as pessoas olharem a profissĂŁo como fonte de renda principal. Quando vejo que o meu trabalho, a troca de conhecimento, mudou a vida daquela mulher, eu me sinto lisonjeada. É incrĂ­vel demais receber fotos e declaraçÔes de minhas alunas conquistando os seus sonhos atravĂ©s da sua renda como trancista", comemora.

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