A professora Zeneide de Melo, 43, dá aulas até a 5º série em uma escola inundada pela cheia do rio Aripuanã. Depois, veio a covid-19. A água levou as carteiras, o vírus trouxe a doença e as crianças foram para casa. Mas Zeneide não tinha para onde ir. Ela e o marido moram nos fundos da escola onde leciona há 3 anos.
Com a pandemia, ela foi na casa de cada pai para incentivá-los a manter os estudos dos filhos. Em muitas famílias, as crianças são as únicas que leem. Não à toa, Zeneide estudou pedagogia só para retornar ao sul do Amazonas e ensinar as novas gerações. "Ensinar o que sei às pessoas é a marca que gosto de deixar", diz à repórter Janaína Garcia enviada da WWF-Brasil à região.
As comunidades no sul do Amazonas de Barra de São Manoel, Colares, Santa Rita, o assentamento Juma e Santa Maria, onde vive Zeneide, receberam doações de instituições internacionais devido ao alto índice de desmatamento no local. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a região concentrou 70,3% dos focos de incêndio e 90% do desmatamento do estado em 2020.