"Que carimbó é esse
De toque maneiro
Gostoso, brejeiro
De onde é que tu é
Das cabeceiras dos rios
Dos lados dos igarapés".
Faz dez anos que o carimbó chamegado de Dona Onete ganhou o Brasil e o mundo com o lançamento de "Feitiço caboclo", seu primeiro disco solo, em 2013.
Hoje, aos 83, a paraense prepara seu quarto álbum de estúdio e é homenageada por uma exposição no Itaú Cultural, em São Paulo, em cartaz de março a junho deste ano. Seu sucesso abriu caminhos para outras artistas do Norte, como Gaby Amarantos e Aíla, num ritmo até então masculino.
Mas a carreira de cantora e compositora a que Ionete da Silveira Gama se dedicou nas últimas décadas é só um dos capítulos de sua vida.
Ela formou gerações dando aulas de história por mais de 20 anos em Igarapé-Miri, no nordeste do Pará. Como militante sindicalista, participou de mobilizações pela melhoria no ensino e nas condições de trabalho dos professores e até pelo cultivo sustentável do açaí.
Também impulsionou grupos e festivais de cultura popular como assessora de cultura (cargo equivalente hoje ao de secretária) entre 1993 e 1995.