Aos 20, quando cursava Letras na Universidade Federal do Paraná, o mundo se abriu para Toni. No fim dos anos 1980, foi para a Europa. Morou na Espanha, na Itália, na França e na Inglaterra, onde conheceu seu marido, David. Em 1991, voltou para Curitiba, junto com David.
A imigração brasileira, no entanto, permite que estrangeiros passem apenas três meses como turistas no país. Ao fim desse período, devem ter um visto de permanência. E para ter isso, David deveria ter um contrato de trabalho com alguma organização que garantisse o emprego, por escrito, ou se casando com uma mulher brasileira, já que só em 2011 o Supremo Tribunal Federal (STF) passou a reconhecer a união estável entre casais do mesmo gênero como entidade familiar.
David ficou ilegal por um período, acabou sendo preso em 1995 e recebeu um ultimato: tinha de sair do país em oito dias. "Choramos e avaliamos nossas possibilidades: ou enfrentaríamos o sistema ou nos mudaríamos para uma região remota do país, e seguiríamos 'fugindo'. Nós decidimos lutar", lembra.
E, então, enfrentaram o sistema. Toni já era um ativista e foi, em 1992, um dos fundadores do Grupo Dignidade, a primeira organização da sociedade civil paranaense voltada para a promoção e defesa dos direitos humanos da comunidade LGBTQIA+. Eles tiveram a ideia de organizar uma mobilização pública em torno do problema deles. "Bombou nos jornais, foram ao programa do Jô Soares, matéria do Fantástico. Conseguimos mobilizar o cônsul, embaixador da Inglaterra, a querida Ruth Cardoso e a então deputada Marta Suplicy." Conseguiram uma saída "com o jeitinho brasileiro": David foi contratado como tradutor com a ajuda de amigos do casal e pôde ficar no país.