Picapes: Fiat ou Chevrolet?

Preços da Toro Endurance e da Montana Premier são próximos, na mesma categoria, mas têm atributos diferentes

Guilherme Menezes Do UOL, em São Paulo Simon Plestenjak

As picapes têm sido um sucesso de vendas nos últimos anos. À medida que foram aderindo à conectividade, aos acabamentos e às demais tecnologias dos carros de passeio, mais versáteis foram se tornando.

Entretanto, a "corrida" pela liderança nunca foi tão acirrada, tendo apenas a Fiat no controle do "jogo" por vários anos. Certamente essa situação tenderá fortemente a mudar com a resposta da GM.

Por isso, cá estamos, com Fiat Toro Endurance (R$ 146.990) e Chevrolet Montana Premier (R$ 140.490), ambas que são as versões cujos preços mais se aproximam uma da outra.

Como verão a seguir, cada uma escolheu e trabalhou os seus atributos de formas diferentes e, por isso, acabam tomando rumos um pouco distintos. O público que se inclinar mais para um grupo de qualidades, se identificará mais com uma, e vice-versa.

Mas será que conseguem "equilibrar bem os pratos"? Vamos analisar cada parte para entender onde estão os principais pontos positivos e negativos de cada uma.

Simon Plestenjak
Simon Plestenjak

Fiat Toro Endurance

Motorização: 1.3 de quatro cilindros, com turbocompressor e injeção direta

Combustível: Flex

Potência (cv): 185 (Álcool ) e 180 (Gasolina)

Torque (kgfm): 27,5 (Álcool ) e 27,5 (Gasolina)

Câmbio: automático de 6 marchas

Tração: dianteira

Direção: elétrica

Dimensões: Altura (mm): 1746; Largura (mm): 1845; Comprimento (mm): 4945; Entre-eixos (mm): 2990.

Tanque: 55 litros

Caçamba: 937 litros

Altura mínima do solo: 248 mm

Carga útil: 750 kg

Peso: 1650 kg

Aceleração até 100 km/h: 10,6 segundos

Velocidade final: 202 km/h

Consumo (Inmetro): 6,6 km/l na cidade e 7,9 km/l na estrada com etanol ou 9,5 km/l na cidade e 11,2 km/l na estrada com gasolina

Rodas e pneus: 215/65R16, do tipo todo terreno

Suspensão: Independente McPherson (dianteira) e independente multibraço (traseira)

Freios: Discos ventilados (dianteira) e tambor (traseira)

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Chevrolet Montana Premier

Motorização: 1.2 de três cilindros, com turbocompressor e injeção indireta

Combustível: Flex

Potência (cv): 133 (Álcool ) e 132 (Gasolina)

Torque (kgfm): 21,4 (Álcool ) e 19,4 (Gasolina)

Câmbio: automático de 6 marchas

Tração: dianteira

Direção: elétrica

Dimensões: Altura (mm): 1659; Largura (mm): 1798; Comprimento (mm): 4717; Entre-eixos (mm): 2800.

Tanque: 44 litros

Caçamba: 874 litros

Altura mínima do solo: 192 mm

Carga útil: 600 kg

Peso: 1310 kg

Aceleração até 100 km/h: 10,1 segundos

Velocidade final: 160 km/h

Consumo (Inmetro): 7,7 km/l na cidade e 9,3 km/l na estrada com etanol ou 11,1 km/l na cidade e 13,3 km/l na estrada com gasolina

Rodas e pneus: 215/55R17

Suspensão: Independente McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira)

Freios: Discos ventilados (dianteira) e tambor (traseira)

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Design

Toro é mais robusta, mas Montana ganha pelo refinamento

O design da Fiat Toro é bem resolvido e reforça mais o lado robusto (ainda que as linhas afiladas deem certo contraste no sentido da modernidade). Entretanto, a Montana consegue entregar linhas mais fluidas, com efeitos de profundidade maiores, e explora as diferenças de cor com mais delicadeza. Passa até um pouco a sensação de ser uma mini picape premium.

Por dentro, a Toro explora mais as cavidades no painel e a textura que imita aço escovado. A Montana, por outro lado, integra melhor o visual da sua central multimídia às molduras de black piano e os riscos mais marcados no painel.

Visualmente, a Toro também não é páreo para os acabamentos de couro sintético perfurado da rival, que traz inclusive as costuras brancas.

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Equipamentos

Montana vence de novo por oferecer muito mais recursos e materiais superiores

Além dos acabamentos sensíveis ao toque no painel e nas laterais, a quantidade de itens adicionais da Montana supera muito os que ela tem a menos em relação à Toro Endurance. Entre eles:

  • Faróis de LED com regulagem de altura;
  • Ar-condicionado automático;
  • Bancos de couro;
  • Faróis com acendimento automático;
  • Chave presencial;
  • Carregador por indução;
  • Wi-Fi nativo;
  • Subwoofer JBL;
  • Central multimídia de 8 polegadas;
  • Comandos do carro via aplicativo;
  • Alerta de ponto cego;
  • Câmera de ré;
  • Vetorização de torque;
  • Serviço concierge;
  • Assistência na recuperação do controle do carro.

Do outro lado do duelo, a chave da Fiat Toro é comum (não-presencial), os faróis têm acendimento manual, o ar-condicionado é analógico e não há sensor de chuva e câmera de ré. Também não há sistemas de auxílio, como monitoramento de pontos cegos e frenagem automática.

Entretanto, para compensar, a picape da Fiat traz cluster digital de 7 polegadas (ausente na Montana), seis airbags, piloto automático, sensores de estacionamento traseiros, capota marítima, protetor de caçamba e central multimídia de 7 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay.

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Vida a bordo

Fiat Toro leva, pois tem muito mais espaço para pessoas e objetos na caçamba

A Toro se destaca pelos seus 63 litros a mais de caçamba, bem como pelo espaço mais aprimorado para pés e pernas de quem vai atrás e a possibilidade de caber três adultos (se der uma espremidinha).

Na Montana, cabem no máximo dois adultos na fileira traseira, sendo que os bancos da frente não poderão ficar muito para trás, se não joelhos serão prensados.

Além disso, a Toro é mais macia ao rodar, principalmente por conta de seu curso de suspensão mais longo.

O que favorece a Montana é a posição de quem vai ao volante. A ergonomia dela é um pouco melhor e é possível encontrar melhor a posição ideal para dirigir.

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Custo-benefício

Têm focos distintos, mas Toro leva. É melhor como um utilitário, o principal atributo de quem procura picapes

Para quem procura a dirigibilidade mais precisa e similar possível com a de um SUV, a Montana é melhor. O mesmo vale aos que priorizam design, acabamento e equipamentos. Diante desses quesitos, a Toro é melhor apenas pela sua maciez e pelo seu cluster digital.

Entretanto, quem procura uma picape, necessita, principalmente, de capacidade de carga e aptidão para o trabalho. Para isso, são indispensáveis os maiores espaços no interior e na caçamba, força, capacidade de carga, aptidão para cruzar terrenos mais acidentados, entre outros pontos.

Assim fica difícil para a Montana bater a Toro, pois a picape da GM tem carroceria menor, motor menos potente, menor vão mínimo em relação ao solo e e não tem pneus mistos. Entre suas poucas vantagens ante a picape da Fiat, está o preço, que é R$ 6.500 mais em conta. Só que, para nós, não é o bastante para superar as outras diferenças e garantir vitória em custo-benefício.

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Desempenho

Montana acelera e contorna mais, mas Toro vence pela maior capacidade de carga e robustez para o trabalho

Com 133 cv e 21,4 kgfm (etanol), o motor da Montana é mais fraco do que os 185 cv e 27,5 kgfm da Toro (com o mesmo combustível). E ainda que a picape da Chevrolet pese 340 kg a menos, a relação peso-potência e peso-torque da Fiat são superiores em 13,79% e 5,17%, respectivamente.

Além disso, o momento em que o torque máximo do motor é entregue e a rotação da potência máxima também fazem diferença. A Montana tem o torque máximo em 2000 rpm e a potência máxima em 5500 rpm. A Toro, por sua vez, entrega o torque mais cedo (1750 rpm) e a potência mais tarde (5750 rpm).

A Toro também é mais valente fora da estrada, devido ao seu maior vão em relação ao solo e de seus pneus mistos.

Em contrapartida, a Montana tem melhor agilidade em curvas, por conta de sua calibração mais firme da suspensão, centro de gravidade mais baixo e dos pneus de rua, que aderem melhor ao asfalto do que os todo-terreno da Toro.

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Consumo

Montana leva a melhor. A picape da GM tira vantagem de seu tamanho menos volumoso e por ser 340 kg mais leve

A Montana tem consumo declarado pelo Inmetro de 11,1 km/l na cidade e 13,3 km/l na estrada, com gasolina. Com etanol, são 7,7 km/l na cidade e 9,3 km/l na estrada. A Toro, por sua vez, faz 9,5 km/l (cidade) e 11,2 km/l (estrada) na gasolina, e 6,6 km/l (cidade) / 7,9 km/l (estrada) no etanol.

Apesar disso, os números de autonomia são favoráveis à Toro, quando levamos em conta as aferições do Inmetro.

Ainda que a Montana seja mais econômica, ela tem um tanque de combustível menor. Com isso pode rodar distâncias menores antes de abastecer. Ela tem 44 litros (ao invés dos 55 litros da Toro).

Ao levar em conta o consumo de ambos os carros, a Montana pode percorrer, com etanol, 339 km na cidade (vs 363 km) e 409 km na estrada (vs 435 km). Na gasolina, os números vão para 488 km na cidade e 585 km na estrada (ante 523 km e 616 km da rival).

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Vencedor

Cada uma vence em campos diferentes. Mas, como picape, a Toro se sobressai

Sintetizando os argumentos que levantamos, a picape da Fiat é quem melhor exerce a função de picape, com maior compromisso com a aplicação utilitária. Por isso e pela diferença de preço que não é tão elevada ao ponto de inviabilizá-la (ao menos ante a Montana, pois nenhuma das duas são baratas), essa é a nossa escolha.

Ainda que a dirigibilidade da Toro seja fácil, a Montana certamente vai gerar menor estranhamento para 99,9% dos motoristas que vêm do SUV compacto (como o próprio Tracker, modelo a partir do qual a picape da GM extraiu vários equipamentos, o conjunto mecânico, as linhas, os conhecimentos técnicos para a calibração de diversos componentes, etc).

Por isso, aquele que não abre mão da maior oferta possível de itens, refinamento, consumo de combustível e da dirigibilidade que mais se aproxima do carro de passeio, compraria a Montana de olhos fechados e sem nem pensar duas vezes.

Mas, na hora de finalmente refletir, de maneira racional, qual delas faz mais jus à caçamba, a picape da Fiat se faz mais presente. A Toro vai mais direto ao ponto aos que buscam atender as necessidade do trabalho pesado (que, para nós, ao tratarmos de picapes, sempre será o fator de "peso 2", no final das contas).

Duelo: Chevrolet Montana Premier vs Fiat Toro Endurance

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