O Citroën C3 chega a ser confundido com um SUV compacto, pelo fato de sua altura em relação ao solo ser maior do que a média, pelo formato que mistura o quadrado com as linhas orgânicas, bem como pela posição mais elevada para dirigir.

É quase como se fosse um "mini Cactus" (vendido no Brasil como SUV, mas como hatch na Europa).

O HB20, por sua vez, é um hatch padrão. Mas o novo modelo não é como qualquer outro. Em relação às gerações anteriores, fica mais sóbrio no visual, ganha elementos que reforçam os relevos da carroceria, linhas que sobem e descem para reforçar a impressão de movimento e de esportividade e cresce um pouco nas suas dimensões.

Ambos são carros que, um dia, poderiam ser chamados de "populares". Hoje, subiram um pouco de patamar. Sim, ambos ainda trazem motor 1.0 e pouco exploram os materiais. Entretanto, ambos entregam conectividade moderna.

Enquanto o HB20 vem equipado com multimídia de 8 polegadas com conectividade para smartphones, a do C3 tem 10 polegadas e ajuda um pouco mais a colorir o interior, com sua interface menos monocromática. As rodas de liga-leve do C3 e a assinatura de LED do DRL adicionam pontos de qualidade ante as rodas de ferro do Hyundai e o seu conjunto óptico convencional.

Quanto à segurança, ambos trazem assistente de partida em rampas, controles de tração e de estabilidade. Entretanto, o HB20 tem seis airbags, enquanto o C3 conta com apenas dois.

Outro ponto negativo do Citroën é o seu pequeno painel digital. É um quadrado pequeno que, apesar de ser bem legível, deixa de lado o conta-giros do motor.

O HB20 tem apenas o computador de bordo digital (com os tacômetros analógicos nas extremidades), que além de ser mais completo, permite a presença de todos os mostradores. Como a Hyundai trabalhou bem a textura do fundo e o desenho das letras e dos números, o visual ficou de bom gosto.

O Citroën C3 é mais alegre e jovial no interior, enquanto o HB20 é mais sóbrio. Isso se estende a muitos outros quesitos. O Hyundai explora diferentes elementos visuais com mais timidez. O C3 não, a começar pela superfície colorida e cheia de bolinhas em baixo relevo, logo à frente do passageiro.

O espaço interno de ambos é muito bem aproveitado, com uma ligeira vantagem para o francês. A conectividade com as centrais é bem fácil, mas a do C3 é mais intuitiva, desde os primeiros momentos de utilização.

Aos que gostam de enxergar as ruas mais de cima, podem preferir o C3. Entretanto, a posição de dirigir do HB20 é bem mais agradável, precisa e ergonômica.

Essas características se estendem quando tratamos sobre a maciez de ambos os carros. Enquanto o C3 é mais durinho e filtra muito bem as imperfeições do solo, o HB20 é mais macio e, ao mesmo tempo, ágil e direto. A embreagem e as trocas de marcha do HB20 são mais suaves também.

A grana está curta e a lista de equipamentos do C3 chega a superar a do HB20 em alguns quesitos. Como o fator emotivo também faz parte do processo de compra, é mais difícil de falar "não" para ele do que para o HB20.

A percepção de SUV e os pontos mais modernos do projeto são grandes porquês. Outro aspecto primário é quando levamos em conta que, após a unificação com a Stellantis, o pós-venda da Citroën evoluiu demais.

O HB20 vem equipado com o motor 1.0 aspirado de 80 cv e 10,2 kgfm, com câmbio manual de cinco marchas. Com isso, é capaz de acelerar até 100 km/h em 14,5 segundos. Segundo o Inmetro, na gasolina, faz até 13,4 km/l (cidade) e 14,6 km/l (estrada).

O C3, por sua vez, vem com motor 1.0 aspirado de 75 cv e 10,7 kgfm e câmbio manual de cinco marchas. Com isso, acelera até 100 km/h em 14,1 segundos. De acordo com o Inmetro, faz, na gasolina, 12,9 km/l na cidade e 14,1 km/l na estrada.

Algo muito perceptível é que o C3 responde com mais agilidade do que o HB20, mas o seu rival entrega mais fôlego em altas rotações. Isso se deve à maior elasticidade do Citroën, que entrega o torque máximo em 3250 rpm (ante 4000 rpm do Hyundai).

A disputa é bem acirrada e, como dissemos, pessoas que são mais descoladas certamente vão preferir o C3 (e com razão). Entretanto, avaliamos no âmbito geral para decidir qual é a melhor compra. Por todos os quesitos avaliados, o Hyundai HB20 é quem vence o duelo dos hatches compactos.

À primeira vista, o sul-coreano pode até parecer ser "menos carro" do que o C3, mas tudo o que ele traz é mais coerente para quem gosta de "vestir" o veículo. A única ocasião em que isso não se aplica é quando há preferência por se sentar mais alto no banco.

O risco que o HB20 teria corrido contra o C3 (que traz uma excelente otimização de espaço interno) é se a equipe que desenvolveu o Hyundai não tivesse investido no aumento de espaço da antiga geração para essa. Sem isso, a capacidade de acomodar ocupantes seria um forte critério de desempate a favor do Citroën.