Por que a Strada vende tanto

Parceira de trabalho, picape é sucesso depois de 20 anos e 2 gerações; veja os motivos de tanto sucesso

Vitor Matsubara Do UOL, em São Paulo (SP) Divulgação/Fiat

Um fenômeno

É difícil imaginar que uma picape seria o carro mais vendido do Brasil. Mas, acredite, isso já aconteceu. Foi em março de 2015, quando a Fiat Strada vendeu 9.548 unidades. Desbancou o "irmão mais velho" Palio e o Chevrolet Onix, nada menos do que o modelo mais vendido do país nos últimos cinco anos.

Essa façanha mostra a importância da Strada no nosso mercado. Lançada em 1998, ela está em plena forma mesmo depois de 22 anos. Prova disso é que a primeira geração continuará em linha mesmo com a chegada da nova Strada, que deve começar a ser vendida no segundo semestre.

Seria uma decisão sem sentido da Fiat? Ou uma jogada de mestre? UOL Carros responde essa pergunta, relembra a história da picapinha e ainda mostra os motivos que fazem a Strada ser tão popular. Confira!

Divulgação/Fiat
Murilo Góes/UOL

Picape raiz

A Strada estreou em 24 de outubro de 1998. Aproveitando o projeto do então revolucionário Palio, um hatch moderno para sua época, ela tinha o mesmo design do compacto. Era vendida em três versões: Working 1.5 (76 cv), Trekking 1.6 8V (92 cv) e LX 1.6 16V (106 cv). Assim como o Palio, a picape podia vir com itens até então indisponíveis na categoria, como airbag duplo frontal e freios ABS.

Diferente do hatch era a suspensão traseira com eixo rígido e feixe de molas, combinação bastante apreciada por quem precisa transportar carga na caçamba da Strada - honrando o legado deixado pela Fiorino, a antiga picape baseada no Uno.

Ao longo dos anos, a picape também fez fama pelas inovações. Foi a primeira picape leve com cabine estendida, trouxe o bloqueio de diferencial dianteiro (no sistema conhecido como "Locker") e apresentou ao mundo a configuração de cabine dupla, posteriormente acompanhada de uma terceira porta.

Aí a fabricante diminuiu o tamanho da caçamba em 30 cm, aumentando o espaço atrás dos bancos. Junto com ela veio a opção de teto solar. A Strada assumiria a liderança das picapes leves pela primeira vez em 2000 para não sair mais do topo até hoje. Mesmo preservando a plataforma do fim dos anos 90, a "Stradinha" não só lidera com folga o segmento de picapes leves como vende mais do que muito carro de passeio por aí.

A nova geração da Strada acaba de ser apresentada e deve estrear nas concessionárias no segundo semestre deste ano. Só não chegará antes por conta da pandemia do coronavírus. Inteiramente renovada, ela agora vem com design inspirado na Toro, carroceria de cabine dupla com quatro portas e uma motorização mais moderna.

Divulgação/Fiat Divulgação/Fiat

Linha do tempo

  • 1998

    Lançada em 24 de outubro em três versões: Working 1.5 (76cv), Trekking 1.6 8V (92cv) e LX 1.6 16V (106cv).

  • 1999

    Chega a inédita configuração Cabine Estendida. Poucos meses depois, torna-se líder entre comerciais leves.

  • 2002

    Primeira reestilização e chegada da versão Adventure e do motor 1.8 8v em substituição ao 1.6 16v.

  • 2004

    Segunda reestilização, com novo interior, carroceria remodelada, novos equipamentos e propulsor 1.8 8V Flex.

  • 2008

    Terceira reestilização e estreia do bloqueio eletrônico do diferencial Locker na versão 1.8 Adventure.

  • 2009

    Lançada a inédita configuração Cabine Dupla, e atualizado o motor Fire 1.4 flex para 85/86 cv.

  • 2011

    Estreia do câmbio Dualogic na versão Adventure Cabine Dupla. Pouco antes, motor Etorq 1.8 16v substituíra o 1.8 8v.

  • 2012

    Quarta reestilização com mudanças em design frontal, acabamento interno e lista de equipamentos.

  • 2013

    Estreia da terceira porta na configuração Cabine Dupla. Reestilizacão da parte traseira, com caçamba elevada.

  • 2020

    Apresentação da nova Strada, com design inspirado na Toro, cabine dupla com quatro portas e opção de motor 1.3 Firefly

Divulgação/Fiat Divulgação/Fiat

As mudanças da nova geração

Demorou muito, mas a Fiat finalmente renovou a Strada. Tudo nela é novo, a começar pela plataforma: uma base híbrida de Mobi/Argo na dianteira e Fiorino na traseira.

Visualmente, não há como esconder a inspiração na Toro. E no conjunto é mesmo, mas nos detalhes não. Na dianteira há uma semelhança maior com os compactos Mobi e Argo. Seus faróis, que na Volcano têm iluminação com LED, são maiores e mais afilados com relação aos compactos e a grade dianteira ficou bem maior do que na dupla.

Olhando de lado, também há mais simplicidade do que na Toro. A semelhança com o Mobi vem do formato e inclinação do vidro do para-brisa e do arco formado pela porta dianteira. Seus para-lamas também são igualmente "estufados", mas as molduras de rodas não são redondas como no compacto, e sim quadradas com cantos arredondados.

Na traseira, há uma mistura de sensações, entre a Toro e a antecessora. As lanternas, apesar de parecerem com as da picape meio-média, são exclusivas, assim com a assinatura de LED. A tampa da caçamba também é única e, a exemplo da grade, traz o logo da marca em letras garrafais. Sua abertura se dá de maneira convencional, ao contrário da Toro, que se abre para os lados em formato de dupla-folha.

Há uma mola que alivia o peso da tampa na abertura e no fechamento, como acontece com a VW Saveiro desde o lançamento, e com a Ford Ranger, a partir da linha 2020.

O compartimento também conta com capota marítima protetora nessa versão Volcano, e uma iluminação em LED que pode ser acionada de por um botão no topo do painel. Com 1,17m de comprimento, 61 cm de altura e 1,05 m de largura, ela manterá os problemas da Toro de não comportar algo como uma motocicleta no compartimento. A capacidade volumétrica é de 844 litros (na Toro é de 937 litros) e pode carregar até 650 kg de peso.

Um dos pontos altos do projeto anterior, que fez a nova Strada se tornar a referência para o trabalho pesado, está justamente sob a caçamba. Seu eixo rígido em formato ômega continua ali.

A forração das portas e painel dianteiro é toda com plástico rígido, com uma superfície granulada, sem nenhuma cobertura sensível ao toque. Seu painel de instrumentos é todo novo e exclusivo, mas não disfarça a inspiração nas peças de Fiat Uno e Fiat Mobi, com um cluster digital no meio do velocímetro.

No volante, de base levemente achatada há comandos multifuncionais do computador de bordo e os comandos do sistema de som, que tem como central uma tela multimídia de 7" que aceita conexão via Android Auto e Apple CarPlay. Há mais uma saída USB por ali e 11 porta-objetos.

Todas as versões da Strada 2021 vêm de série com quatro airbags, controle de estabilidade, tração e assistente de partida em rampa. Na Volcano há, ainda, um controle de tração extra para situações 'fora de estrada'.

Há duas opções de motorização. A versão de entrada Endurance virá apenas com o veterano 1.4 Fire de 88 cv. Já as configurações Freedom e Volcano trazem o bom 1.3 Firefly de até 109 cv, presente em Uno, Argo e Cronos.

Gama de versões

Divulgação/Fiat

Nova Strada Endurance

A versão de entrada da picape sai de fábrica com ar-condicionado, direção hidráulica, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas, preparação para som, coluna de direção com regulagem de altura, computador de bordo, luzes com iluminação diurna, protetor de caçamba, porta-escada, iluminação de caçamba, para-choques com pintura preta e rodas de aço de 15 polegadas com calotas.

Divulgação

Nova Strada Freedom

Mesmos itens da versão Endurance mais direção elétrica, banco do motorista com regulagem de altura, travas elétricas, vidros elétricos, retrovisores elétricos, faróis de neblina, para-choques, maçanetas e retrovisores na cor do carro, rádio com entrada USB, rodas de liga de 15 polegadas, alça no teto para o passageiro, painel com tela de LCD de 3,5 polegadas e sensor de pressão dos pneus.

Divulgação/Fiat

Nova Strada Volcano

Mesmos itens da versão Freedom mais faróis de LED, central multimídia com tela tátil de sete polegadas, vidros elétricos traseiros, bancos com revestimento misto de tecido e couro, duas entradas USB, câmera de ré, sensores de estacionamento traseiros, volante revestido em couro, capota marítima, rack de teto, santantônio e rodas de liga leve de 15 polegadas com pneus de uso misto.

Divulgação/Fiat

Por que vende tanto?

A Strada é um fenômeno de vendas. Desde 2000 ela é líder de vendas da categoria e nunca esteve perto de ser ameaçada pelas concorrentes. Mas qual é o segredo (ou segredos) da picapinha?

"Não tem muito segredo: é um produto robusto amparado por uma ampla rede de concessionários. Além disso, grande parte das vendas é realizada na modalidade de venda direta com certas isenções", lembra Milad Kalume Neto, gerente de desenvolvimento de negócios da Jato Dynamics, consultoria especializada no setor automotivo.

Robustez é, de fato, uma das maiores virtudes da Strada. Atualmente, ela é a única picape leve capaz de suportar trabalho pesado sem reclamar. Parte desse feito se deve ao projeto com suspensão traseira do tipo feixe de molas, muito mais indicado para transporte de carga. E olha que ela aguenta o tranco: a versão Hard Working leva até 705 quilos, muito bom para um utilitário pequeno.

O baixo custo de manutenção também pesa a favor da veterana picape. Gasta-se menos de R$ 4 mil para realizar as seis primeiras revisões da Strada. Já o valor médio do seguro é de R$ 2.400. Além disso, o dono pode contar com uma ampla rede autorizada de concessionárias.

Mas não é só quem precisa de um utilitário para trabalhar é que se encanta pela Strada. Donos de picape que utilizam o carro para o lazer também enxergam na Strada uma boa opção. Isso porque, além de uma boa capacidade de carga, ela oferece um bom espaço interno na cabine, inclusive na versão estendida.

A cabine dupla, que já era prática para levar objetos menores protegidos das intempéries, ficou bem mais ampla na segunda geração da picape. Como a Renault Duster Oroch compete no segmento de picapes intermediárias, a nova Strada é a primeira picape leve a sair de fábrica com cabine dupla e carroceria de quatro portas.

Divulgação/Fiat Divulgação/Fiat
Arquivo pessoal

Opinião dos donos

A Strada quase sempre foi líder de segmento em seus 20 anos de vida, mas o que pensam os donos do utilitário?

Apesar de ser um modelo que utiliza a mesma base e praticamente a mesma carroceria há duas décadas, trazendo com isso todas as limitações e toda a carga que o peso da idade proporcionam, a Strada tem na origem antiga, que torna seu custo-benefício atraente, um de seus maiores trunfos.

Versátil, com apelo forte tanto para o trabalho quanto para bancar a lama, a Strada sempre esteve em evidência e isso ajudou a formar um perfil de consumidor amplo, eclético. Clique e confira o que eles elogiam e criticam no modelo.

Duelo: Strada x Saveiro

Antiga geração da picape encara sua maior rival. Qual é a melhor?

Topo