Honda Civic

Linha 2020 muda pouco, mas segue bonita e jovial. Dá para ameaçar o reinado do Corolla?

Vitor Matsubara Do UOL, em São Paulo Marcos Camargo/UOL

Vida dura

Não é fácil ser o Honda Civic. Mesmo sendo um carro repleto de virtudes, ele vive à sombra do rival Toyota Corolla há alguns anos. Nem a estreia da ousada 10ª geração em 2016 fez o modelo retomar a liderança do segmento perdida pela última vez em 2014, quando o Corolla ainda não havia sido renovado por aqui.

A linha 2020 trouxe uma discreta reestilização, uma nova versão de entrada e boas novidades na lista de equipamentos. Tudo isso, porém, pode não ser suficiente para garantir bons resultados diante de um Corolla inteiramente repaginado e com novas motorizações, incluindo a inédita tecnologia híbrida flex.

Para tirar a dúvida, UOL Carros avaliou o Civic 2020 na versão Touring, que, se não é a mais vendida, pelo menos é a mais moderna da gama. Será que o sedã da Honda conseguirá bater de frente com seu arquirrival? As respostas estão logo abaixo!

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Ainda é bonito? Sim!

Não é exagero dizer que o Civic trouxe a ousadia que faltava ao segmento, carente de sedãs com design mais jovial desde a oitava geração do Civic. A 10ª geração já tem quase três anos de vida no Brasil. Mesmo assim ninguém ousa chamá-lo de velho.

Pelo contrário: o design ainda é um dos principais pontos positivos do Honda. Ele é belo por qualquer ângulo: a frente invocada com os para-lamas levemente protuberantes, os vincos sinuosos pelas laterais, a linha de cintura ascendente e a suave curvatura do teto que "morre" na traseira.

Na linha 2020, o sedã ganhou apliques cromados nos para-choques dianteiro e traseiro e novas rodas de 17 polegadas no caso da versão Touring. Muito pouco para quem tem pretensões de concorrer com um modelo recém-repaginado como o Corolla.

A mesma ousadia não se repete no lado de dentro, mas o interior permanece atual. O console central fica levemente mais voltado para o condutor e possui um "andar inferior" logo abaixo do lugar destinado ao carregador por indução, no qual existe um porta-objetos. Lá também existe uma tomada de 12 volts e uma entrada USB, ambas em uma posição que te fazem procurar o encaixe feito bobo - ainda mais sem uma singela iluminação.

Pontos avaliados

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Design (5) - mesmo depois de três anos entre nós o Civic ainda é atual e seduz pelas linhas esportivas.

Custo/benefício (4) - quem quer o motor 1.5 turbo precisa desembolsar mais de R$ 130 mil pela versão Touring, enquanto a concorrência oferece motorizações turbinadas em versões de entrada.

Desempenho (4) - o motor 1.5 turbo de 173 cv entrega respostas rápidas, mas não é lá tão econômico assim.

Espaço interno (5) - há bom espaço no banco de trás e o porta-malas de 520 litros é um dos maiores da categoria.

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Seguro e custos de revisão

Revisões:

+ 10 mil km: R$ 298,75

+ 20 mil km: R$ 486,87

+ 30 mil km: R$ 298,75

+ 40 mil km: R$ 863,66

+ 50 mil km: R$ 298,75

+ 60 mil km: R$ 1.047,12

Seguro: R$ 6 mil (média)

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Quer turbo? Só pagando mais

Barato o Civic nunca foi. Mas a Honda pesou um pouco a mão nesta geração. A linha 2020 sai por R$ 134.900 na versão Touring, quase R$ 10 mil a mais do que o rival Corolla, seja com motorização 2.0 flex de 177 cv ou na versão híbrida flex.

Enquanto rivais como Chevrolet Cruze e Volkswagen Jetta democratizaram o turbo para toda a linha, o Civic oferece o motor 1.5 turbo apenas na versão Touring. Sorte de quem pode pagar mais de R$ 130 mil porque trata-se de um belo conjunto. Mas melhor seria oferece-lo em uma versão mais acessível.

A versão Touring traz uma interessante lista de equipamentos. Há ar digital de duas zonas, carregador de celular por indução, freio de estacionamento elétrico e até uma câmera na ponta do espelho retrovisor direito, que projeta a imagem na tela da central multimídia toda vez que o motorista liga a seta para o lado direito.

Mesmo assim, não dá para entender porque a Honda ainda não trouxe o pacote de assistências de condução Sensing. Apenas o Accord possui estes itens na linha Honda no mercado nacional.

Assim, o Civic fica devendo equipamentos de segurança oferecidos pela concorrência, como piloto automático adaptativo e frenagem de emergência.

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Referência em dirigibilidade

Motorizações turbinadas viraram tendência entre os sedãs médios. Hoje apenas Nissan Sentra e (ironicamente) o líder Toyota Corolla oferecem uma linha apenas com motores aspirados.

A ideia, porém, não é transformar o Civic em esportivo. A transmissão do tipo CVT "anestesia" um pouco o motor, mas dá suavidade em baixas rotações.

Apesar do leve turbo lag em certas acelerações e retomadas, ele não vai negar fogo quando for solicitado, lembrando um pouco o comportamento do bom motor 1.4 TSI de 150 cv do Jetta.

A dirigibilidade, aliás, é tão boa quanto a do rival da VW, atestando que o Civic ainda é uma das referências neste quesito. Da posição de guiar à calibragem mais firme da suspensão, tudo foi pensado para quem gosta de dirigir. Um ronco mais encorpado me faria sorrir ainda mais, mas aí já é exigir demais de um sedã familiar.

Em contrapartida, o consumo poderia ser melhor para um motor turbo, especialmente porque o Civic é movido apenas a gasolina. Combinamos trechos de trânsito pesado com horários de ruas livres e até uma viagem para o litoral paulista e não passamos de 9 km/l sem pesar o pé no acelerador. E isso não é bom perto de um rival que promete fazer 10 km/l com etanol.

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Confortável - e muito

Não é só o motorista que vai bem acomodado no Civic. Todos os passageiros viajam folgados, inclusive no banco de trás. A posição do encosto é levemente inclinada e há bom espaço para pernas, ombros e cabeça.

O generoso porta-malas de 517 litros é um salto perto do antecessor, que mal levava 400 litros. O Civic, porém, traz um detalhe ruim presente em todos os rivais: as dobradiças do tipo "pescoço de ganso", que tomam espaço do habitáculo e podem até amassar bagagens mais frágeis.

Já o nível de acabamento não salta aos olhos: há muito plástico rígido em áreas importantes como o topo do painel. Os painéis das portas dianteiras têm couro.

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Vale a pena?

O Civic mudou pouco na linha 2020. Talvez a Honda confie nas virtudes de seu produto, até porque elas são muitas e suficientes para mantê-lo à frente de quase todos os rivais.

Porém, a marca esbarra em dois problemas: preço e tecnologia. Se nada mudar, dificilmente o Civic vai ameaçar o reinado do Corolla, especialmente diante de uma nova (e moderna) geração.

Concorrentes

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Toyota Corolla Altis

Toyota Corolla Altis Motor: 1.8, flex, quatro cilindros em linha / dois motores elétricos
Potência: 101 cv/98 cv (etanol/gasolina) / 72 cv (motores elétricos)
Torque máximo: 14,5 kgfm a 3.600 rpm / 16,6 kgfm disponíveis instantaneamente
Câmbio: CVT do tipo Hybrid Transaxle
Aceleração de 0 a 100 km/h: n/d
Velocidade máxima: n/d
Dimensões: 4,63 m (comprimento), 1,78 metro de largura, 1,45 metro de altura, 2,70 metros de entre eixos
Porta-malas: 470 litros
Preço: R$ 124.990

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Chevrolet Cruze LTZ

Motor: 1.4, flex, turbo, quatro cilindros em linha
Potência: 153 cv/150 cv (etanol/gasolina) a 5.200 rpm
Torque máximo: 24,5 kgfm / 24 kgfm a 2.000 rpm
Câmbio: automático de seis marchas
Aceleração de 0 a 100 km/h: 9 segundos
Velocidade máxima: 214 km/h
Dimensões: 4,66 m (comprimento), 1,80 metro de largura, 1,48 metro de altura, 2,70 metros de entre eixos
Porta-malas: 440 litros
Preço: R$ 108.990

Ficha técnica

Motor: 1.5, turbo, gasolina, quatro cilindros em linha

Potência: 173 cv a 5.500 rpm

Torque máximo: 22,4 kgfm, de 1.700 rpm a 5.500 rpm

Câmbio: CVT

Aceleração de 0 a 100 km/h: 8,6 segundos

Velocidade máxima: 221 km/h

Dimensões: 4,64 metros de comprimento, 1,79 metro de largura, 1,43 metro de altura, 2,70 metros de entre eixos

Porta-malas: 517 litros

Preço: R$ 134.900

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