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Enchentes: por que carro tem maior risco de incêndio ao encarar um temporal

Enxurradas costumam arrastar objetos inflamáveis que ficam presos sob o assoalho; já seco, material pode pegar fogo Imagem: Fabian Ribeiro/Raw Image

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

09/12/2020 04h00

Com a aproximação do verão, começa a temporada de chuvas e, com elas, aumentam os casos de alagamentos e inundações.

Apesar de trazerem vedação e outros recursos para impedir a entrada de água, carros não são submarinos e podem sofrer danos sérios por conta do aguaceiro, como calço hidráulico no motor. Dependendo do estrago, pode acontecer até perda total, devido ao alto custo para repará-lo.

Por mais estranho que possa parecer, transitar ou deixar o veículo estacionado sob chuva forte também traz outro inconveniente: aumento no risco de incêndio, mesmo que o automóvel não seja alagado.

Esse risco cresce especialmente após a umidade secar, explica o engenheiro João Irineu Medeiros, diretor de segurança veicular da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva).

De acordo com o especialista, o problema está relacionado a materiais potencialmente inflamáveis que podem se alojar na parte inferior do carro durante a chuva.

Contato de material arrastado pela chuva com catalisador e outras superfícies quentes pode gerar fogo Imagem: Leo Caobelli/Folhapress

"É comum uma enxurrada arrastar vegetação, papel e outros detritos que acabam presos no escapamento e em outras áreas sob o assoalho. Caso não sejam removidos, o contato posterior com partes quentes após dar a partida, como o próprio motor e o catalisador, podem gerar incêndio", alerta Medeiros.

Segundo ele, o risco maior está relacionado ao catalisador, que opera em temperaturas altíssimas, a partir de 300º C e chegando a cerca de 800º C.

"O mesmo risco ocorre quando você mantém o carro ligado sobre uma área de vegetação alta e seca. A proximidade com superfícies extremamente quentes pode ocasionar combustão e alastrar o fogo".

Curto-circuito

Entrada de água no veículo é capaz de causar ou agravar problemas elétricos causadores de incêndio Imagem: Nivaldo lima/Futura Press/Estadão Conteúdo

Na hipótese de a água atingir componentes do sistema elétrico, o risco de fogo também existe, mas tem outra explicação: curto-circuito.

O líquido é condutor de eletricidade e pode entrar em contato com fios desencapados e outros componentes, gerando faíscas potencialmente perigosas.

Medeiros aponta que problemas elétricos dão sinais de alerta aos ocupantes.

"Cheiro de queimado é indício de curto-circuito. Quando o problema acontece, a luz espia do sistema de auto diagnóstico, conhecida como 'luz da injeção', costuma acender. Também fique atento à luz de carga baixa da bateria", orienta o engenheiro.

O curto, explica, também pode ser causado pela instalação de acessórios e equipamentos não especificados para determinado veículo.

"Componentes não homologados pela montadora podem sobrecarregar o sistema e gerar curto, faíscas e até derreter fios. Além disso, há risco de um ou mais cabos ser rompido ou desencapado em contato com alguma chapa metálica, devido a instalação incorreta", destaca João Irineu.

Medeiros também aponta a necessidade de estar atento a ruídos provenientes do cofre do motor - que podem sinalizar alguma peça metálica solta, capaz de danificar fios elétricos. O contato com a umidade só piora o quadro.

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