Kia atrasa Cerato, Rio e KX3; Soul elétrico vai ficar só na promessa
Fernando Miragaya
Colaboração para o UOL, em Itu (SP)
27/06/2016 10h32
Reclamação de executivos da Kia durante lançamentos da marca é algo quase tão certo quanto sábado ser dia de feijoada. A queixa é a de sempre: os 30% de super-IPI cobrados em cima dos importados de marcas que não têm fábrica no Brasil.
No lançamento do novo Sportage, semana passada, não faltaram alfinetadas ao Inovar-Auto, o programa de desenvolvimento da indústria automotiva nacional, embora representantes da marca no Brasil tenham ressaltado que é a estratégia da vez é paciência.
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Por enquanto, a meta é seguir com a média de emplacamentos anuais alcançada em 2015, 13,5 mil unidades (das quais 4,8 mil são vendidas sem a sobretaxa), enquanto aguardam o fim da cobrança dos 30% extras em 2017.
José Luiz Gandini, presidente da Kia no Brasil, demonstrou confiança na extinção da alíquota quando acabar a primeira fase do Inovar, em outubro do ano que vem. O executivo, inclusive, aproveitou a virada em 180 graus promovida pelo governo interino para se reunir com o atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e tratar do assunto.
“A meta é conseguir sair vivo até a renovação do programa”, disse.
Gandini defende negociações entre Anfavea (associação dos fabricantes) e Abeifa (representante dos importadores) para criar uma taxação específica sobre eficiência energética: quanto menos o veículo polui e consome combustível, menos paga de imposto.
E os novos carros?
Até lá a marca prepara para a segunda quinzena de agosto o lançamento do Cerato 2017. Produzido no México, o sedã médio renovado atrasou (começou a ser fabricada só em maio), assim como o Rio. Prometido há dois anos, o hatch compacto só começará a sair do forno no fim deste ano, o que significa que estreará aqui apenas no primeiro trimestre de 2017.
Já o SUV compacto KX3, arma da montadora para brigar com Honda HR-V, Jeep Renegade, Nissan Kicks e cia começará a ser feito no fim de 2017. A expectativa, segundo fonte da marca, é que chegue ao Brasil em meados de 2018.
Sem ter os carros que a ajudariam a recuperar volume, resta apostar na reestilização do Optima reestilizado e na nova geração do Cadenza, ambos previstos para ser mostrados no Salão de São Paulo, em novembro, e comercializados em nosso mercado ainda este ano.
Fábrica é sonho distante
Refém das políticas de importação e do cronograma de produção da Kia no exterior, os importadores oficiais admitiram que a inauguração de uma unidade no México eliminou de vez qualquer chance de a marca coreana construir uma fábrica no Brasil nos próximos cinco anos.
Imbróglio com a Asia Motors e mercado em retração são os empecilhos. “Nosso interesse seria produzir um produto aqui, mas é preciso esperar que o mercado se reconstrua e a demanda se torne crescente novamente. A médio prazo é inviável”, reconheceu o diretor de vendas, Ary Jorge.