PSA aguarda reação do Brasil para fazer motor 1.2 com turbo
Leonardo Felix
Do UOL, em Fortaleza (CE)
06/04/2016 08h00Atualizada em 08/04/2016 11h56
O lançamento do motor PureTech 1.2 3-cilindros, nas versões de entrada da linha 2017 do compacto premium Peugeot 208, abre novos horizontes para o grupo PSA recuperar prestígio, tecnologia e vendas no mercado brasileiro.
Uma das movimentações já está certa, segundo apurado por UOL Carros: o propulsor flex de 90 cv e injeção eletrônica multiponto, tido como o mais econômico à disposição no Brasil atualmente, vai ser usado também no Citroën C3 reestilizado, que estreia no Salão de São Paulo, em novembro.
Mas não para por aí. Por enquanto, o motor virá importado da França, mas seguem estudos para nacionalizar a produção em 2017, criando até uma derivação turbo de injeção direta -- esta não chega antes de 2018.
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Quando for confirmada, será configurada para atingir dados semelhantes aos vistos na Europa: cerca de 130 cv de potência e 25 kgfm de torque (há outra calibração de 110 cv por lá).
O lançamento seria preparado para um facelift do 2008 e, depois, aproveitado na nova plataforma compacta EMP1, criada junto com a chinesa Dongfeng e que tende a estrear por aqui com o substituto do Aircross.
Fim do L4
Mesmo sem o pequeno motor turbo, a PSA já trabalha para acoplar, em sua gama de compactos, a transmissão automática de seis velocidades que já equipa modelos de porte médio, como DS 3, peugeot 308/408 e Citroën C4 Lounge. Seria o fim da obsoleta caixa de quatro marchas.
A fabricante tentará encaixar o AT6 ao propulsor 1.6 aspirado, com estreia prevista ainda para este ano, no Aircross (a informação é do site Autos Segredos).
Cautela
Para isso, porém, o mercado interno e o próprio grupo precisarão dar sinais de reação nos próximos meses e anos. Quem afirmou foi o presidente da PSA para a América Latina, Carlos Gomes. "Não faz sentido fabricar o motor 1.2 aqui sem volume próximo a 100 mil unidades [ao ano]", afirmou.
Em 2015, as duas marcas somadas emplacaram 55.187 carros no Brasil. A meta imposta pelo chefão da companhia representaria, portanto, dobrar as vendas internamente, algo impensável no cenário atual do setor. Saída para tornar a produção local viável, então, seria selar a exportação do propulsor (ou pelo menos partes dele, como o bloco) e dos modelos empurrados por ele a mercados próximos.
Outro fator decisivo é o encerramento da primeira fase do Inovar-Auto, no fim de 2017. A partir de 2018 há incertezas sobre quais serão as exigências relacionadas a índices de nacionalização e eficiência energética.
Com sua hipotética extinção, mais um cenário de aprofundamento da crise, a fabricante não teria pudor em estender a vida útil de velhos trens-de-força a fim de conter custos, mantendo o 1.2 como importado.
Há o outro lado: nacionalizar o PureTech 3-cilindros deixaria a PSA com aproximadamente 90% de componentes nacionais à disposição para manufatura em Porto Real (RJ), índice que a tornaria mais competitiva, rentável e menos suscetível às oscilações de moeda.