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Fiat tenta manobra para controlar Ferrari mesmo após separação

Ferrari 488 GTB, substituta da 458 Italia, aparece para lançamento no Salão de Genebra Imagem: Arnd Wiegmann/Reuters

Tommaso Ebhardt

Da Bloomberg, em Milão (Itália)

02/03/2015 16h33

Mesmo com a separação anunciada em outubro do ano passado, a Fiat quer continuar no controle da Ferrari. A ideia é repetir manobra usada na fusão com a Chrysler, no ano passado, e criar um chamado "plano de ações de fidelidade", que privilegiaria descendentes do fundador da Fiat -- em especial o presidente do conselho do grupo, John Elkann --, e também Piero Ferrari, filho do criador da marca de superesportivos italiana, Enzo Ferrari.

O plano funciona assim: se as duas famílias concordarem em conservar as ações que permanecerão com elas por um período determinado, ganharão votos extras nas decisões administrativas da Ferrari. Com a medida, segundo a Bloomberg News, os Agnelli e os Ferrari ainda deteriam 51% dos votos -- numa proporção de 36% e 15%, respectivamente --, mesmo que a maior parte do capital da companhia esteja em posse de acionistas públicos.

"O que a família Agnelli quer é garantir que a Ferrari seja independente, mas não um alvo para aquisição", explicou Giuseppe Berta, especialista financeiro da Universidade Bocconi (Itália).

Sergio Marchionne, chefão do grupo FCA, acredita que plano para privilegiar famílias dos fundadores de Fiat e Ferrari não vai afetar demanda pelas ações da marca de superesportivos Imagem: EFE
Atualmente, a FCA é dona de 90% da Ferrari. A separação, que marca o fim de 45 anos de fusão entre as duas marcas italianas, está prevista para começar no terceiro trimestre de 2015. Primeiro, 10% das ações serão abertas para compra na Bolsa de Valores. Depois, os demais 80% serão distribuídos entre investidores da própria Fiat-Chrysler. Piero Ferrari possui os 10% restantes, e pretende manter sua participação inalterada.

Procurada, a assessoria da Exor não quis comentar a informação.

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MANOBRA POLÊMICA
Embora alguns especialistas defendam os planos de votação com ações de fidelidade, por acharem que eles encorajam o pensamento corporativo no longo prazo, vários acadêmicos condenam a medida, alegando ser uma forma de manter o controle administrativo de uma empresa, mesmo depois de ceder sua participação majoritária.

Investidores institucionais já chegaram a pedir ao primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, que vete proposta parlamentar para prorrogar a validade da manobra, regulamentada no país por uma lei temporária.

Apesar da polêmica, o presidente da FCA, Sergio Marchionne, afirmou no último mês que a proposta não afetará a demanda pelas ações da Ferrari. Afinal, esta não é a primeira vez que o grupo apela a tal método: o mesmo foi feito na fusão da Fiat com a Chrysler e na separação da CNH, fabricante de veículos pesados recém-desmembrada pela Fiat.

"Embora o plano reduza o atrativo especulativo, não chega a ser um verdadeiro problema para os investidores", minimizou o analista de mercado Massimo Vecchio. Em seus cálculos, a FCA deve arrecadar 800 milhões de euros (R$ 2.5 bilhões) com a venda da Ferrari.

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