Ford pode trazer Kuga, e Focus já está muito perto do Brasil
Claudio Luís de Souza
Do UOL, em São Paulo (SP)
16/04/2013 18h11
A Ford mantém o objetivo de renovar toda sua gama de veículos no Brasil até 2015, mas o sigilo é lei quando se trata dos próximos passos da montadora nessa direção.
Às vésperas do lançamento do New Fiesta nacional, que traz para a fábrica do ABC o modelo global por excelência da Ford, UOL Carros recolheu informações que podem ajudar a montar o quebra-cabeças do futuro próximo da empresa.
Desde outubro de 2011, quando se iniciou a importação do New Fiesta hatch a partir do México, dois modelos de passeio e um utilitário da Ford mudaram de geração: Fusion, EcoSport e Ranger. Todos têm plataforma global; o sedã grande, por exemplo, unificou os produtos de Estados Unidos e Europa (Fusion e Mondeo eram carros diferentes); o jipinho urbano é (ou será) vendido em mais de 100 países; e a picape é a mesma em qualquer parte do planeta.
Com isso, a Ford gasta menos dinheiro para fazer mais carros. Para os brasileiros, o efeito colateral benéfico é modernizar o portfólio.
Mas, nele, ainda há carros datados, com plataformas antigas, que devem ser espanados para fora das prateleiras (no mais tardar) até 31 de dezembro de 2015.
O QUE VEM POR AÍ
O próximo carro a mudar é o Focus. A terceira geração do modelo médio chegará ao Brasil importada da Argentina, quase certamente antes de agosto próximo -- levando em conta que a estreia latino-americana do Focus 3 deve ser no Salão do Automóvel de Buenos Aires, marcado para junho.
Caso a Ford repita a estratégia de 2008, quando lançou o Focus 2, hatch e sedã nascerão juntos. Assim, a marca poderá trabalhar com uma janela de oportunidade no segmento dos dois-volumes médios, já que o novo Hyundai i30 -- principal rival do Focus em 2011 e 2012 -- agora tem preços elevados demais e deve cambalear nas vendas. Entre os sedãs o problema é oposto: o excesso de rivais fortes não permite à Ford ficar fora da briga por mais tempo (situação de fato hoje em dia, já que o Focus sedã é um perdedor).
Depois do Focus, haverá a volta do New Fiesta sedã, e então já estaremos em 2014, quando a reforma na gama acontecerá no andar de baixo. A plataforma a ser usada nessa empreitada é a mesma de New Fiesta e EcoSport; os carros a serem substituídos são Ka e Fiesta Rocam.
A aposta de UOL Carros é que esses dois modelos darão lugar a um único compacto, nas carrocerias hatch e sedã, que já andou aparecendo aqui e ali na imprensa automotiva sob o nome "Novo Ka" (denominação extra-oficial, evidentemente). Este carrinho poderia, com até seis configurações (S, SE e Titanium, dois e três-volumes), ocupar uma faixa de preços entre R$ 25 mil e R$ 35 mil. Os motores podem ser 1.0 e 1.5. Seu grande rival seria o Volkswagen Up.
ESCALAÇÃO
Caso tudo isso se confirme, a gama completa de carros de passeio da Ford no Brasil seria a seguinte:
-- Subcompacto (hatch/sedã)
-- New Fiesta (hatch/sedã compacto)
-- Focus 3 (hatch/sedã médio)
-- Fusion (sedã grande)
Entre os utilitários, cresce a chance de o Kuga (Escape, nos EUA), SUV maior que o EcoSport, chegar ao Brasil importado da Argentina, onde seria fabricado na mesma linha do Focus 3 (a plataforma é a mesma, e, a rigor, também é o mesmo o estilo). O burburinho de bastidor existe, e um anúncio oficial pode acontecer até mesmo no evento de Buenos Aires. Afinal, não dá mais para a Ford deixar de brigar com Volkswagen Tiguan e Hyundai ix35.
A antiquada picapinha Courier deve ser trocada por um modelo totalmente novo, também derivado da plataforma compacta global da Ford; resta saber se terá vida autônoma, ou se integrará a gama do futuro subcompacto. Sua missão é ser capaz de encarar a eterna líder do segmento, a Fiat Strada.
Já a picape média Ranger e o Edge são produtos bem-resolvidos, e ficam onde estão. Eis o esboço do portfólio de utilitários:
-- EcoSport (SUV compacto)
-- Kuga (SUV médio)
-- Edge (SUV de luxo)
-- Nova picape pequena
-- Ranger (picape média)
O desenho industrial da Ford para o Brasil continuaria o mesmo: Camaçari (BA) e São Bernardo do Campo (SP) produzindo os carros compactos; a Argentina, os médios; México e fábricas extra-Mercosul, os grandes e premium.
Suficiente para manter o quarto lugar em vendas no país, devido à grande capacidade instalada -- um trunfo de que não dispõem Renault e Hyundai, que hoje disputam o quinto lugar e sonham chegar ao G-4 automotivo (ao lado de Fiat, Volkswagen e General Motors).