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Toyota Corolla 2012 convence com motor 1.8 mais eficiente, mas patina na transmissão 'jovem'

Corolla 2012 estreia motor 1.8 com dupla variação de válvulas e câmbio de seis marchas Imagem: Murilo Góes/UOL

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em Atibaia (SP)

23/03/2011 15h43Atualizada em 14/01/2013 21h43

A Toyota do Brasil apresentou nesta terça-feira (22) o novo sedã Corolla, que começa a ser vendido como linha 2012 (ano/modelo 2011/2012) nas lojas da marca em todo país dentro de uma semana. Conforme UOL Carros antecipou na segunda-feira (releia aqui), o carro chega com visual externo modificado, novo motor japonês de 1,8 litro Dual VVT-i -- fazendo parceria com o 2,0 litros Dual VVT-i existente desde o ano passado -- e opção de câmbio manual de seis marchas, também japonês, mas mantendo as versões existentes até então, com os preços abaixo:

* Corolla XLi 1.8 16V Dual VVT-i Flex M/T: R$ 63.570
* Corolla XLi 1.8 16V Dual VVT-i Flex A/T: R$ 67.570
* Corolla GLi 1.8 16V Dual VVT-i Flex M/T: R$ 67.070
* Corolla GLi 1.8 16V Dual VVT-i Flex A/T: R$ 70.570
* Corolla XEi 2.0 16V Dual VVT-i Flex A/T: R$ 76.770
* Corolla Altis 2.0 16V Dual VVT-i Flex A/T: R$ 86.570

Some aos valores acima outros R$ 930 de pintura, que só deixam de ser pagos caso o comprador opte pela carroceria branca, única cor sólida do catálogo.

De acordo com o novo presidente da Toyota para o Mercosul, Sunichi Nakanishi, a linha 2012 do Corolla significa "mais do que uma simples atualização, sendo marcada por profundas mudanças, que dão ao carro um caráter mais jovem". Durante toda a apresentação, em momentos variados, ouviu-se a palavra "esportividade" sendo proferida por algum dos muitos executivos, mas para um carro que tem seu público ideal com idade variando entre 45 e 60 anos, o conservadorismo é mesmo a principal característica, ainda que alterações como as que fazem o Corolla deixar de "sorrir" para ostentar um perfil mais agressivo façam parte do pacote. O fato é que a fabricante alterou seu líder de mercado apenas o suficiente para rejuvenescê-lo e mantê-lo atrativo aos olhos do público e frente aos novos, e também aos tradicionais, concorrentes. Observe as fotos de Murilo Góes e tire suas próprias conclusões:
 

EUROPEU, EM PARTES
As belas imagens deixam claro que se, por fora, o novo Corolla brasileiro buscou inspiração no atual modelo vendido na Europa (pouco vendido, por sinal, já que por lá o consumidor prefere a carroceria hatch, chamada Auris), por dentro quase nada mudou -- infelizmente, em nossa opinião. Mesmo as pequenas alterações serviram mais para conciliar o pacote existente aos pedidos de parte dos consumidores tradicionais do sedã.

Externamente, o Corolla ganhou "cara de mau" (graças à mudança da grade e inversão do trapézio que forma a entrada de ar do para-choque), luz de freio iluminada por LED (diferencial exclusivo da versão Altis, mais cara) e rodas aro 16 com desenho atualizado (para todas as versões, exceto a XLi, que segue com rodas 15 e calotas). Por dentro, as novidades são padrões mais escuros do revestimento, nova tapeçaria dos bancos das versões mais baratas e uma entrada USB que adiciona um retângulo de plástico preto ao painel e a possibilidade do Corolla, finalmente, conversar com tocadores de MP3 -- para trocar informações de telefonia e áudio com telefones e aparelhos Bluetooth, só comprando o Corolla Altis, que ainda exibe imagens da câmera de ré no retrovisor. Mas se o brasileiro queria ver interior recheado por itens mais tecnológicos, como mostradores com miolo digital (como apresentado no sedã europeu), painel com tela de LCD e GPS integrado e volante com base achatada... vai ficar querendo. Ou então buscá-los na concorrência.

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"Fizemos mudanças solicitadas pelo consumidor tradicional do Corolla", afirmou o diretor comercial da Toyota, Frank Peter Gundlach, durante o lançamento. "GPS integrado, teto solar e itens deste tipo não farão nosso comprador abrir mão do produto, que é completo, não tem os chamados opcionais, mas se vale de todo referencial da nossa rede autorizada, do pós-venda e da boa valorização no momento da revenda. Outros modelos, como os novos franceses [Peugeot 408 e Renault Fluence], precisam se valer desses recursos, já que não contam com a nossa estrutura", completou. Segundo técnicos da marca, o GPS integrado ainda não é um item de peso, sendo requisitado por menos de 25% dos consumidores, que têm como saída a compra de um aparelho portátil, na concessionária (ou em qualquer outra loja, diga-se a bem da verdade).

COMO ANDA O COROLLA 2012
Após a apresentação estática do Corolla 2012, UOL Carros testou por 206 quilômetros a versão GLi manual do sedã, que não representa o tipo mais vendido (de 70% a 75% das unidades comercializadas são de modelos automáticos), mas é dotada das duas grandes novidades da linha: o motor 1.8 16V Flex Dual VVT-i, com peças fabricadas no Japão e montadas aqui no Brasil, e o novo câmbio manual de seis marchas, que chega pronto do Japão e apenas é instalado no carro. Segundo a Toyota, a importação dos componentes é feita em grandes lotes, suficientes para até três meses de demanda, e nem mesmo os efeitos do recente terremoto devem afetar sua oferta (saiba mais em reportagem do Carsale).

Com grade frontal na cor da carroceria, luzes convencionais (nada de xênon ou LED) e carcaça plástica recobrindo a área do farol de neblina (não disponível), o Corolla GLi é pouco atrativo aos olhos, mesmo com as alterações. Acima da versão de entrada XLi, tem a função de atrair consumidores que não querem pagar mais de R$ 70 mil, mas exigem itens de conforto na cabine e a segurança dos freios com ABS (antiblocante). Por dentro, o espaço para até quatro ocupantes é muito bom, contanto que os passageiros traseiros não sejam muito altos -- quem tem mais de 1,80 m encontrará bastante espaço para pernas, braços e ombros no banco de trás, mas raspará a cabeça no teto.

Um maior capricho com o acabamento da cabine faz falta, no entanto, e a qualidade do plástico, rígido em todo painel inferior e com alguns encaixes aparentes, provoca caretas. Inexplicável, também, é a inexistência do sensor de estacionamento de série, algo que UOL Carros acha indispensável em sedãs, SUVs e outros modelos com visibilidade traseira prejudicada. Como a versão XEi, acima da GLi, conta com o mesmo padrão de acabamento, resta desembolsar os quase R$ 90 mil da versão Altis para ter algo melhor.

O alento vem com o Corolla em movimento: com bloco, cárter e cabeçote feitos de alumínio, o novo motor de 1,8 litro (chamado internamente de 2ZR-FBE) deu novo ânimo ás versões de entrada, com seus 139/144 cv e torque de 18/18,6 kgfm, com gasolina/etanol (ganho de oito cavalos e 1,1 kgfm com combustível vegetal, em relação ao motor anterior). A promessa é de desempenho otimizado, emissão de poluentes mais baixa e consumo menor, graças à nova taxa de compressão (12,0:1, mais adequada ao nosso combustível) e a outros acertos internos, que fazem a Toyota afirmar ter alcançado a nota A no Programa de Etiquetagem de Consumo. Com o pedal do acelerador pressionado, percebe-se que o carro perdeu a morosidade (alguns chamam de "calma") existente até então, acelerando com maior vigor e procedendo com mais decisão em retomadas e ultrapassagens, numa tocada que impressiona. Há, porém, o incômodo do ruído na cabine, sobretudo em baixas rotações, mas isso parece ser culpa mais da economia com isolamento acústico do que do motor -- tanto é assim, que o ambiente da versão Altis, que conta com o bloco de 2,0 litros de mesma geração, é de uma tranquilidade irretocável.

O incômodo também pode vir do novo câmbio manual de seis marchas, que chega como clara resposta à investida do Renault Fluence, mas é impreciso e com engates complicados ao subir de segunda para terceira marchas e em reduções da quinta para quarta, diferente do ritmo suave e preciso do modelo da marca francesa. Pode ter sido algo restrito à nossa unidade de testes, mas é sintomático que a Toyota tenha retirado a atenção deste novo componente ao afirmar, através de executivos e engenheiros, que o grosso das vendas seguirá sendo do modelo automático, que não mudou e segue tendo suas quatro marchas --, enquanto outros fabricantes, como a própria Renault e até a GM (com o futuro Cruze), apostem alto neste tipo de caixa. Ao fim do dia, a performance de câmbio e motor convergiram para um número no computador de bordo: 8,6 quilômetros percorridos a cada litro de álcool consumido, dado melhor que o obtido nos testes com o Corolla GLi antigo.

Viagem a convite da Toyota do Brasil

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