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Mercedes-Benz Classe C fica mais eficiente com motor CGI

<b>Motor com injeção direta entrega maior potência com menor consumo ao Classe C</b> Imagem: Divulgação

Eugênio Augusto Brito

Do UOL, em São Paulo (SP)

11/11/2010 15h35

Alterar o cartão de visitas é sempre uma tarefa delicada, que envolve questões tão antagônicas quanto manutenção da imagem e valorização do novo, mas necessária em determinados momentos. Foi exatamente o que a Mercedes-Benz decidiu fazer com seu Classe C (se você pensou no Classe B, esqueça: ele e seu rótulo de "carro familiar" estão em outra dimensão para a marca). Responsável por um terço das vendas da marca no país, o Classe C tem o papel de atrair novos consumidores e, de quebra, manter distância para as rivais BMW e Audi.

Uma pequena noção de economia é necessária para entender o "habitat" do Classe C: o segmento de automóveis de luxo ainda é pequeno quando comparado ao tamanho do mercado brasileiro, mas o crescimento proporcional desta fatia (e sobretudo de seu patamar inicial) tem ficado muito à frente do restante do bolo. Comparando, o setor automotivo como um todo cresce a uma média de 5% ao ano desde 2005, enquanto o segmento de carros com valor entre R$ 80 mil e R$ 110 mil avança a taxas de 40% desde 2008, ou de 15% no caso dos veículos com preço entre R$ 110 mil e R$ 180 mil. 

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Falando em números absolutos, esta nicho deve responder por 18 mil unidades até o final do ano (num mercado que vai superar 3 milhões de unidades), sendo que 40% delas serão compradas por novos clientes, pessoas que decidiram não pagar cerca de R$ 90 mil por modelos americanos ou asiáticos (coreanos e japoneses), mas vão acrescentar algumas dezenas de milhares de reais para ter acesso ao clube dos alemães "premium".

Pensando neste público, a Mercedes realizou a primeira mudança pontual no Classe C ao alterar uma de suas faixas de preço, ponto mais sensível para um carro no país. A versão C 180 Kompressor Classic, com motor de 1,6 litro sobrealimentado por compressor volumétrico, passou dos cerca de R$ 120 mil para R$ 112.900 e adotou o sobrenome Classic Special. Esta parte da estratégia "acessibiliza" o degrau de entrada da Mercedes (os homens da marketing da marca detestam o termo "popularizar") e mantém a rival BMW na mira, mas só deve durar enquanto o C 180 K CS existir no estoque.

Isso porque, passada a fase de transição, o mais barato Classe C será o C 180 CGI BlueEfficiency, que chega com preço inicial de R$ 114.900 e traz o fator novidade da mudança, este sim essencial para modelos de luxo: é o primeiro modelo da marca a rodar por aqui com motor dotado de injeção direta de gasolina e sobrealimentação através de turbo, recurso já utilizado por outras fabricantes como, por exemplo, a Audi com seus motores FSI e TFSI. 

Essa configuração será estendida também ao C200 e, assim, a planilha de preços do Mercedes-Benz Classe C passa a ser a seguinte:

- C 180 Kompressor Classic Special: R$ 112.900 (até o final do estoque)
- C 180 CGI Classic Special: R$ 114.900
- C 200 CGI Avantgarde: R$ 149.900
- C 200 CGI Sport: R$ 175.000
- C 300 Sport: R$ 219.300
- C 63 AMG: US$ 201.900 (sob encomenda)

O QUE É O CGI
Enquanto a Audi (do grupo Volkswagen) utiliza o termo Fuel Stratified Injection (ou injeção estratificada de combustível) para indicar o uso de injeção de gasolina e mistura do ar ao combustível feitas diretamente na câmara de combustão, de forma controlada e sob altas pressões (clique aqui e saiba um pouco mais através de artigo do site Best Cars), a Mercedes-Benz preferiu moldar o termo Charged Gasoline Injection (injeção pressurizada de gasolina, ou CGI na sigla inglesa) para um processo similar, no qual um spray pressurizado de combustível envolve menor quantidade de ar antes da mistura ser incendiada.

Como resultado, motores com injeção direta tendem a gerar mais potência e dispor de mais força (torque) com menor consumo de combustível e menor emissão de poluentes que blocos similares dotados de injeção convencional, feita no coletor de admissão. No caso do motor CGI da Mercedes-Benz, que ainda conta com componentes diferenciados, turbo de geometria variável e 1,2 bar de pressão, e coletor de admissão modificado, a eficiência total fica na casa dos 5%.

Somando o ganho de outras mudanças em toda a estrutura do Classe C (retrovisores e grade do radiador aerodinâmicos, pneus com menor resistência ao rolamento, direção hidráulica com acionamento sob demanda, diferencial com relação modificada e programa que privilegia uma condução mais sustentável), a economia de energia, e por consequência de combustível, chega a 12% em média. Todo esse conceito é chamado pela marca de BlueEfficiency e isso explica a plaqueta com letras azuis afixada entre os para-lamas e as portas dianteiras do sedã.

Com 1,8 litro e quatro cilindros, o bloco CGI oferece potência de 156 cv e torque de 25,5 kgfm no C 180, que cumpre o 0-100 km/h em 9 segundos e vai à máxima de 220 km/h. Já no C 200, o mesmo bloco gera 184 cv e 27,5 kgfm levando à aceleração de 0 a 100 km/h em 8,3 s e à velocidade máxima de 232 km/h. O comando fica sempre a cargo do câmbio automático sequencial de cinco marchas.

Infelizmente, a divulgação de dados de consumo ainda não é obrigatória, nem é praxe das marcas presentes no país (embora a Mercedes tenha prometido iniciar, em breve, a divulgação de números adaptados à realidade brasileira). Na Europa, a versão C 180 CGI faz a média de 10,1 km/l de gasolina na cidade e 18,5 km/l na estrada com emissão de 163 g de CO²/km, ao passo que o C 200 CGI alcança o par 9,9/18,2 km/l com emissão de 168 g CO².

Nas versões mais poderosas, nenhuma mudança foi feita: o C 300 segue alimentado pelo motor V6 de 231cv, enqunto o C 63 AMG carrega o V8 de 6,2 litros preparado pela divisão de performance com seus 457 cv de potência -- em ambos, a transmissão é a AMG Speedshift Plus 7G-Tronic. Ainda assim, a marca acena para a possibilidade de trazer, em breve, versões CGI de seus motores mais potentes.

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participou de teste rodoviário restrito à imprensa feito entre as cidades de Ribeirão Preto (SP) e Poços de Caldas (MG), com cerca de 200 quilômetros de distância. No trajeto, feito em comboio por trechos ora planos, ora sinuosos e de serra, revezamos entre uma unidade do C 180 CGI CS e uma do C 200 CGI Sport com um detalhe crucial: o bloqueio eletrônico do motor havia sido aparentemente modificado, permitindo máximas de 250 km/h.

O Classe C é, com certeza, um dos modelos mais bem acertados da gama Mercedes-Benz e nada foi modificado nesse ponto, felizmente. Mesmo abusando do pedal do acelerador, em nenhum momento tivemos a menor sensação de perda de controle ou menção de desgarre, seja da frente ou da traseira.

A sensação de conforto e segurança é ampliada pelo primor dos materiais da cabine e pela extensa lista de equipamentos: além dos tradicionais airbags duplos frontais com dois níveis de ativação, freios com ABS (antitravamento), controle de cruzeiro (limitador e piloto automático) na estranha alavanca à esquerda do volante e revestimento de couro sintético, o Classe C ainda traz airbags laterais e de cortina, controles de estabilidade, de tração, de divisão da força de frenagem, de acionamento automático de luzes de emergência, apoios de cabeça ativos e o chamado Agility Control, que age sobre a suspensão e modifica sua carga de acordo com as condições do piso e tocada do condutor.

O C 200 Sport ainda conta com o pacote extra AMG que inclui acabamento interno de alumínio, couro real, rodas esportivas aro 17, ajuste elétrico e memória para os bancos, direção paramétrica, suspensão esportiva e aletas para troca de marcha no volante.

Ainda assim, há uma certa idiossincrasia que, em nossa avaliação, só deve servir para garantir ao modelo o "status" de carro de entrada da marca: você pode conectar seu telefone ao sistema central via Bluetooth e controlar as chamadas através de botões e da ampla tela de LCD. Mas não vai encontrar uma única entrada USB para ligar seu iPod ou pendrive. Da mesma forma, vai ter um pouco mais de trabalho ao manobrar seu carro, já que o Classe C não conta com sensor de estacionamento.

Ao final, o computador de bordo indicava também que a vida é mais dura abaixo dos trópicos, inclusive quando se trata de consumo: a média foi de 8,6 km/l para o C 180 e 8,2 km/l para o C 200. Nada, porém, que tire a ótima sensação de se fazer parte de um clube privado e frequentado por poucos.

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