Toyota SW4 a gasolina peca por ser mais simples do que seu alto preço indica
Eugênio Augusto Brito
Do UOL, em Florianópolis (SC)
23/03/2009 23h42
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A linha de utilitários esportivos SW4 teve a divulgação técnica de suas versões a gasolina feita na última quarta-feira (19). Em seguida, UOL Carros participou de um test-drive de cerca de 20 quilômetros pelas ruas de Florianópolis (SC), sem qualquer trecho off-road, com duas das três novas variantes -- SR 2.7 l automática e SRV 4.0 l V6 automática, cujos preços variam de R$ 124.300 a R$ 156.800. Só não pudemos avaliar a versão "de entrada" SR manual, que custa R$ 119.700, indisponível na apresentação da Toyota.
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Visualmente, quase nada mudou no SW4 a gasolina, que perde apenas a entrada de ar no capô, em relação às versões a diesel, que seguem no mercado. A fabricante japonesa afirma que a intenção do lançamento é aumentar a gama disponível ao consumidor do SUV. Diz também que as novas motorizações (veja todos os preços abaixo) representarão apenas 25% do mix total de vendas, que deve ser de 6.700 unidades em 2009 -- isso, de fato, é menos do que o total comercializado em 2008, de 7.028 unidades.
PREÇOS E VERSÕES DO SW4 2009 | ||||||||||||||||||
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Na prática, porém, pode-se esperar algo diferente. As unidades a gasolina chegam para brigar em um terreno que vem crescendo e está dominado por rivais da marca japonesa que vendem mais e custam menos. O que importa é ter o conforto de sedã médios-grandes, já que mesmo trazendo tração 4x4 raramente encaram uma lama. Entre outros nomes, podemos citar Chevrolet Captiva, que vendeu 4.747 unidades em cerca de cinco meses no último ano e outras 2.030 até o fechamento de fevereiro, segundo a Fenabrave, com preços que variam de R$ 86.990 (motor 2.4 l e tração 4x2) a R$ 105.598 (3.6 l V6 com tração integral). E, claro, Hyundai Tucson, com 19.643 unidades em 2008 e 2.518 em janeiro e fevereiro, custando de R$ 79.900 (2.0 l, 4x2 e manual) a R$ 104.970 (motor de 2.7 l V6 e 4x4). Só para comparar, as versões manual e automática com motor 3.0 l a diesel e tração 4x4 do SW4 venderam apenas 759 unidades este ano.
Nesta seara, performance e luxo contam muitos pontos, mas a relação custo/benefício nunca é esquecida e facilidade de uso também é considerada. Assim, a saída da Toyota foi diversificar: trazer uma versão simplificada com custo e preço mais baixos (leia mais sobre esta tendência no Blog da Redação), equipada com motor menor, tração apenas 4x2 e acabamento mais racional -- a SR 2.7, que já estava presente na remodelação da picape Hilux (da qual deriva o SW4), em outubro de 2008. E complementar a gama com uma opção mais potente e sofisticada -- a SRV 4.0 V6, que passa a ser a segunda variante mais cara da linha SW4.
PARECIDOS, MAS MUITO DIFERENTES
O marketing se fez presente na definição da aparência do SW4 movido a gasolina. Apenas o pequeno emblema com a inscrição "V6" aplicado na lateral e na grade frontal e a presença de rodas de liga-leve aro 17, no lugar das de 16 polegadas, diferenciam a versão mais cara e mais potente das mais baratas. Mas basta entrar e dirigir para que algumas ausências sejam sentidas na versão mais cara, a SRV, e para que um abismo se forme entre ela e as SR, mais baratas.
O acabamento da versão V6 é o mesmo encontrado nas SRV a diesel, com revestimento de couro para bancos, laterais das portas e apoio de braço, apliques que imitam madeira e comandos digitais para o ar-condicionado. Mas o problema, como citado acima, está nas ausências: o volante tem regulagem apenas em altura, não em profundidade, as portas não se travam automaticamente e não há espelho no para-sol do motorista; no lado do passageiro, o espelho existe, mas sem luz de cortesia. O rádio não tem ligação Bluetooth para celular e notebook -- já bastante difundida na indústria automotiva --, nem entrada auxiliar para MP3 players e similares. São faltas que não precisavam ocorrer em um veículo de mais de R$ 156 mil.
A versão SR -- mais modesta, com revestimento em tecido e apliques plásticos -- perde também o espelho existente no para-sol do passageiro e troca o controle elétrico do banco do motorista por ajustes feitos por alavanca e roldana. Direção hidráulica, ar-condicionado (com controle manual), trio elétrico e airbags dianteiros seguem como itens de série. mas o ABS dos freios vai embora, o que prejudica e muito a segurança.
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NA PISTA
Mas a definição do "quem é quem" quando se fala em SW4 a gasolina se deu mesmo na pista. O motor de 2,7 litros de quatro cilindros, com 24,5 kgfm de torque, demonstrou ter força o suficiente para empurrar os 1.770 kg da versão SR com câmbio automático de quatro marchas. O problema, porém, é que propulsor e caixa de câmbio não conversam bem, gerando a já conhecida redução excessiva quando se pisa mais fundo no acelerador em busca de uma performance mais dinâmica -- por exemplo, em uma subida de serra --, e o consequente alto nível de vibrações e ruídos.
NÚMEROS DO FORA-DE-ESTRADA | ||||||||||
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De modo geral, o SW4 SR se manteve firme e estável, mesmo em curvas mais acentuadas e trechos de asfalto mais imperfeito. No momento de parar o veículo, porém, a ausência do sistema antiblocante ABS se mostrou temerária, uma vez que o travamento das rodas em um veiculo deste porte não é algo muito fácil para se lidar.
Além disso, mais uma ausência -- agora do computador de bordo --, em conjunto com a relutância da Toyota em divulgar alguns itens técnicos, impediram a averiguação do consumo do veículo, que tem tanque com capacidade para 80 litros de combustível.
Por outro lado, a experiência com o 4.0 V6 e seus 38,3 kgfm de torque foi muito mais prazerosa. O motor combina perfeitamente com a caixa automática de cinco velocidades, que se adapta ao tipo de aceleração imposta pelo motorista -- a Toyota batizou o sistema de inteligência artificial do câmbio, pois a marcha é, quase sempre, condizente com a solicitação feita no pedal da direita. Apesar de grandalhona, com seus 1.920 kg, a SRV parecia fluir pela estrada, empurrada pelos 238 cv de potência. E, no momento de parar, os freios com ABS facilitaram a tarefa.
Se potência e rendimento, além do maior conforto, agradam mais na versão SRV, o consumo também se mostrou interessante. Em situação de trânsito intenso, como foi a do test-drive, o computador de bordo localizado no visor acima do rádio indicou média de 7,1 km/litro. Considerando estar-se a bordo de um utilitário esportivo de quase duas toneladas e, vale repetir, com diversas ausências impensáveis para um veículo bastante caro, esta presença pode ser comemorada.
FICHA TÉCNICA | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Viagem e test-drive a convite da Toyota do Brasil