Antes restritos a protótipos, os carros auxiliados por energia solar começam a aparecer em projetos mais viáveis em termos de tamanho e performance. Os primeiros modelos do tipo foram criados como demonstração da tecnologia ou para competições de autonomia, mas sem o uso de baterias pesadas. Nada que chegasse ao ponto de um veículo comercialmente viável. Para ser um automóvel viável para o dia a dia, é necessário chegar a um formato de carro de passeio, com espaço para pessoas, carga e performance competitiva em relação a outros modelos elétricos. Algumas companhias já usam esse tipo de tecnologia em conceitos e prometem lançar comercialmente carros movidos a energia solar, porém, com baterias para armazenar a energia. O uso de painéis solares na alimentação dos carros elétricos está restrito aos postos de recarga. Muitos utilizam a tecnologia para ajudar no objetivo de emissões de rodagem zero. Mas os painéis solares têm baixa eficiência energética, a captura de energia e a conversão chega a 25%, no máximo. Não é por acaso que a maioria dos projetos de mercado continua a oferecer a opção de recarga na tomada. A pequena área disponível para a implementação dos painéis continua a ser um desafio. Os grandes packs de baterias levariam dezenas de horas para serem carregados, isso na melhor das hipóteses. Fatores como incidência solar variável tornam a execução dos projetos ainda mais difícil, o mais provável é que tais veículos economizem parte da energia da bateria e recarga com o auxílio dos painéis solares, sem, contudo, serem movidos exclusivamente por eles. A ampliação do alcance foi a solução utilizada pela Hyundai no Sonata Hybrid e pela Mercedes-Benz no EQXX. Entre os projetos mais pé no chão, a Aptera se destaca com seu modelo movido a energia solar, embora o carro tenha apenas dois lugares e abuse da aerodinâmica para drenar menos as baterias do que elétricos projetados sobre carros já existentes ou com formato convencional. A marca norte-americana Fisker é uma que tem um projeto a ser lançado: o Ocean. O SUV conta com painéis solares e pode acrescentar entre 2.400 a 3.320 km extras de autonomia por ano, segundo cálculos do fabricante. As entregas começam em 2023. Mas o grande destaque vai para o Aptera. Produzido nos Estados Unidos, o carrinho de três rodas é alimentado com a ajuda da energia solar. Ele permite rodar mais de 1.600 km com uma carga e chega ao alcance máximo de 64 km somente no modo solar. Há um problema: trata-se de um veículo que mais parece uma nave espacial, sem oferecer espaço para mais de dois passageiros. As formas foram criadas para ajudar no consumo: o Aptera exige 30% da energia necessária para a locomoção de um elétrico normal. No entanto, não chega a ser um automóvel com alto grau de versatilidade. O projeto recente da marca chinesa Tianjin é um protótipo de carro movido exclusivamente a energia solar que representa um belo estudo universitário sobre o tema, contudo, ainda está distante da viabilidade. A sua autonomia é limitada a 78 km, algo que não vai cobrir a autonomia representada por um veículo elétrico convencional. A velocidade máxima é de 79 km/h, algo que também limita a sua viabilidade comercial. Com tecnologia autônoma de direção, ele seria melhor aproveitado em circuitos curtos. Por um lado, você pode contar com essa ampliação para adicionar alguns quilômetros diários e ter uma autonomia maior do seu modelo elétrico. Contudo, a atual eficiência dos sistemas ainda não é suficiente para criar um veículo convencional capaz de fazer tudo o que o seu carro faz. Por enquanto. **** MAIS SOBRE CARROS E AUTOMOBILISMO: NEWSLETTER DE FLAVIO GOMES Todo domingo, Flavio Gomes escreve sobre a F1 e outras competições do automobilismo e relata bastidores de sua longa carreira como jornalista. Para se cadastrar e receber a newsletter semanal, clique aqui. |