Foi entre o fim dos anos 90 e o começo dos anos 2000 que as minivans viveram seu auge no Brasil.

Espaçosas e versáteis, elas tomaram o lugar das peruas no coração das famílias, especialmente aquelas que tinham mais de dois filhos e/ou precisavam levar muita bagagem.

Só que as minivans experimentaram de seu próprio veneno com a popularização dos SUVs, que rapidamente se tornaram os queridinhos do país. É isso que faz com que o segmento de minivans seja um dos menores da indústria automotiva nacional.

E nele a Chevrolet Spin reina sozinha, sem ser incomodada. Mesmo já tendo oito anos nas costas, ela segue em linha como uma opção espaçosa e relativamente barata (pelo menos nas versões de entrada) para quem precisa de espaço.

UOL Carros avaliou a Spin Premier 2021, que traz importantes melhorias na segurança, para responder: ainda vale a pena investir em uma minivan?

Design nunca foi o ponto forte da Spin. Lançada em 2012, ela rapidamente virou alvo de críticas e motivo de chacota por conta de suas linhas desajeitadas. O jogo virou depois de longos seis anos, quando a minivan finalmente ganhou uma reestilização.

O estilo mais harmonioso (e que permanece até hoje) incluiu faróis mais largos e mais afilados, grade mais horizontal e um capô menos abaulado. Atrás, a Spin ganhou lanternas horizontais que invadem a tampa do porta-malas

Só por dentro é que as mudanças foram bem mais discretas. Recentemente, o carro ganhou um novo painel de instrumentos, que é o mesmo do antigo Tracker. Os mostradores analógicos trouxeram um estilo mais limpo e mais sofisticado ante o painel digital que tinha um aspecto pobre demais para um carro que estava longe de ser um popular.

Durante todos esses anos, a Spin manteve sua principal virtude: o amplo espaço interno. A versão avaliada por UOL Carros foi a Premier, que traz a terceira fileira de bancos no porta-malas. O banco de trás é apoiado em trilhos corrediços e pode ser posicionado mais para frente ou para trás, ampliando o espaço para quem viaja na segunda ou na terceira fileira.

O acesso aos bancos extras é realizado pelo lado direito, que pode ser totalmente rebatido. É só puxar duas alavancas para liberar a entrada dos passageiros.

Infelizmente, a Chevrolet não quis seguir com o eficiente sistema de rebatimento dos bancos extras presente na Zafira. Assim, a terceira fileira de bancos pode ser rebatida, mas permanece roubando espaço no porta-malas. Se as duas fileiras estiverem rebatidas, a capacidade do porta-malas é de 716 litros. Com todos os bancos no lugar, restam apenas 162 litros.

A Spin é o único modelo da Chevrolet que ainda usa o motor 1.8 SPE/4 de até 111 cv. Na versão Premier ele é associado ao câmbio automático de seis velocidades, que recebeu uma nova calibragem - a mesma adotada nos novos Onix e Onix Plus, segundo a GM.

Só que na prática a dupla não parece falar a mesma língua. Embora o câmbio até trabalhe de forma competente nas acelerações, as retomadas não são das mais ágeis, uma vez que a caixa demora um pouco até entender que precisa reduzir uma marcha. As reduções, aliás, são perceptíveis, especialmente quando o carro está próximo de parar completamente.

As médias de consumo são apenas regulares: segundo o Inmetro, a minivan faz 7,7 km/l na cidade e 9 km/l na estrada com etanol no tanque, marcas que sobem para 11,1 km/l e 12,7 km/l com gasolina.

Mas vamos ser justos: desempenho não é lá uma das prioridades em um veículo familiar. E é por isso que o conjunto é antigo, mas cumpre bem seu papel.

A Spin Premier custa salgados R$ 95.290. Mesmo assim, ela fica devendo itens presentes no Onix, como airbags laterais e do tipo cortina, destravamento das portas sem chave e partida do motor por botão.

De resto, a versão topo de gama vem com ar-condicionado, direção elétrica, vidros elétricos, travas elétricas, central multimídia MyLink (que não é a mesma dos modelos mais novos da marca) com suporte a Android Auto e Apple CarPlay, ganchos para fixação de cadeirinhas Isofix, OnStar, câmera de ré, sensores de estacionamento traseiros, piloto automático, rodas de liga leve e bancos revestidos em couro (na cor marrom com costuras azuis, numa tonalidade de muito bom gosto). Nada além do esperado.

Faltam até alguns itens prosaicos, como a abertura do porta-malas na chave - é preciso abri-lo na própria tampa, que é grande e pesada.

Apesar de não vir com airbags laterais nem do tipo cortina (presentes em todas as versões do Onix), pelo menos a minivan trouxe os bem-vindos controles de estabilidade e de tração. Estes itens são importantes em um modelo mais alto e com proposta familiar como a Spin.

Os custos de revisão também são bem honestos (como na maioria dos modelos da Chevrolet) e o valor do seguro também não assusta.

Um dos segredos da longevidade da Spin está justamente na falta de concorrentes em sua faixa de preço. Atualmente, ela é o único modelo com espaço para sete pessoas abaixo dos R$ 100 mil, já que o Fiat Doblò Essence custa espantosos R$ 101.690.

Assim, a minivan acaba concorrendo com os SUVs, como Hyundai Creta Smart Plus (R$ 91.590) e até o Chevrolet Tracker LT (R$ 95.890), que são menos espaçosos do que a Spin e levam "apenas" cinco passageiros.