Algumas experiências são obrigatórias na vida de qualquer fã de carros.

Visitar feiras como o Salão do Automóvel e assistir um GP de Fórmula 1 ao vivo estão entre elas. Se você já fez tudo isso, permita-me sugerir mais uma à sua lista: dirigir um superesportivo.

Foi por isso que eu não podia perder a oportunidade de pilotar o novo Audi R8.

Lançado em 2015, o bólido passou pela primeira reestilização em 2019 que acaba de chegar ao Brasil. Interessados não faltaram: o lote inicial se esgotou em uma semana, mesmo com o módico preço de R$ 1.234.990.

Antes mesmo de os clientes botarem suas mãos no superesportivo, UOL Carros passou alguns dias com o R8 e sentiu na pele como é ser uma celebridade. Veja a seguir como foi nossa experiência e porque o superesportivo é tão encantador.

É difícil achar quem não olhe para o R8. E não é apenas pela chamativa cor Amarelo Vegas. As linhas do cupê são encantadoras por onde quer que se observe.

Reestilizada, a dianteira traz novos faróis, grade dianteira mais larga e tomadas de ar maiores. A silhueta esguia do R8 é praticamente a mesma desde a estreia da primeira geração, em 2006. Destacam-se as "lâminas laterais" que podem ser encomendadas em cinco cores diferentes.

Personalização, aliás, é o forte do carro. São quase 1,6 milhão de combinações possíveis, incluindo 29 opções de cores externas, cinco para as lâminas laterais, três para as saias laterais, spoiler dianteiro e molduras do difusor traseiro, quatro para os retrovisores, seis opções de rodas de 20 polegadas e logotipos em acabamento preto ou cromado.

Atrás, o discreto aerofólio em fibra de carbono fica logo acima das belas lanternas. Elas ganham a companhia de vistosas tomadas de ar e das enormes saídas de escapamento.

Por dentro, a cabine tem teto revestido em Alcantara, bancos em couro com costuras na cor da carroceria e apliques de fibra de carbono em partes como as portas e o console central. A posição de dirigir é extremamente baixa e justa. Tudo foi projetado para envolver o motorista e os comandos ficam à mão.

O volante tem empunhadura muito boa e existe espaço para mochilas e pequenos objetos atrás dos bancos. O porta-malas fica na frente e comporta míseros 112 litros.

Basta apertar o botão vermelho no volante para despertar o motor 5.2 V10 de 610 cv e 57,1 kgfm. Logo em seguida vem um rugido capaz de assustar quem estiver em volta - ou acordar a vizinhança inteira caso você tenha uma garagem coberta.

É essa trilha sonora que faz você esquecer do possante sistema de som da Bang&Olufsen. As acelerações são brutas e acompanhadas por um ronco encorpado e nada discreto, intercalado por estampidos a cada troca de marcha.

São necessários meros 3,2 segundos para chegar aos 100 km/h e a velocidade máxima é de 330 km/h. O pequeno botão com uma bandeirinha quadriculada é a deixa para a diversão. É ele que ativa o controle de largada: basta apertá-lo e pisar firmemente no freio e no acelerador ao mesmo tempo. O motor ficará cheio e o R8 arranca com vigor assim que você libera o pedal do freio.

Curiosamente, uma das maiores virtudes do R8 é sua docilidade. Ao contrário de muitos superesportivos, ele não reclama quando o motorista quer passear tranquilamente. A suspensão é dura e o carro sofre com qualquer desnível do solo, mas a frente não é tão baixa como se imagina: é possível passar por valetas e buracos sem grande sofrimento.

Se você tiver o pé mais leve dá até para manter boas médias de consumo. Durante um trajeto de quase 200 quilômetros por estradas bem pavimentadas, fizemos uma média de 6 km/l. Mas convenhamos: quem tem um R8 não precisa se preocupar com essas coisas, né?

O R8 traz um pacote de itens de série relativamente modesto para seu preço.

A lista de equipamentos inclui 6 airbags, sistema de vetorização de torque, diferencial central, faróis de laser, piloto automático (sem função adaptativa), controles de estabilidade e de tração, sensor de chuva, acendimento automático dos faróis, câmera de ré, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, sensor de fadiga, ar-condicionado digital (com apenas uma zona de temperatura), freio de estacionamento elétrico, sistema start-stop e GPS.

Seria loucura analisar os custos de manutenção de um carro que custa mais de R$ 1 milhão.

Mesmo assim, é bom ressaltar que os valores das revisões do R8 não são exorbitantes. Das seis primeiras paradas previstas, a conta mais cara será nas revisões de 20 mil quilômetros e 40 mil quilômetros, tabeladas por R$ 5.284 cada.

Quanto à segurança, faltam algumas assistências de condução presentes no restante da gama. Anote aí: piloto automático adaptativo com função "Traffic Assist", frenagem autônoma de emergência, alerta frontal de colisão e alerta de tráfego cruzado traseiro, entre outros.

É difícil falar em concorrentes para um superesportivo. Mas o Porsche 911 Turbo S surge como principal rival do R8.

Ao preço de R$ 1.359.000, ele traz um motor 3.8 boxer que entrega 650 cv e torque máximo de 81,6 kgfm. Os números de desempenho impressionam: aceleração de 0 a 100 km/h em 2,7 segundos com o pacote Sport Chrono e velocidade máxima de 320 km/h.