Com Negrini, Baixo Augusta em SP quer levar esperança pós-Bolsonaro

Debaixo de sol e muita expectativa, o Bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, um dos mais tradicionais de São Paulo, iniciou a festa na Rua da Consolação na tarde deste domingo (12).

Com o tema "Atentos e Fortes", o bloco homenageia Gal Costa e conta com convidados como o grupo baiano Olodum, Marina Sena, Tulipa Ruiz e Céu -além da rainha do bloco há 11 anos, Alessandra Negrini, que chegou por volta das 14h30 vestida com uma fantasia completamente vermelha e brilhos.

Alê Youssef, fundador do Acadêmicos do Baixo Augusta, diz estar com uma "expectativa enorme" para a apresentação pós-pandemia.

"Nossa vocação é ocupar as ruas. Também temos uma expectativa muito grande de representar esse novo momento do Brasil. É um momento de esperança depois de todo o ataque que a cultura sofreu e da tragédia do governo anterior", disse ao UOL.

Youssef ainda falou sobre o papel ativista do bloco, que sai em defesa da democracia e homenageia o "caldo cultural paulistano" - incluindo movimentos ativistas na Augusta, que envolvem temas como a especulação imobiliária e casas alternativas na noite paulistana.

Wilson Simoninha, músico e puxador do bloco, concorda que o Acadêmicos do Baixo Augusta é peça fundamental do Carnaval paulistano e, por isso, quer entregar a melhor festa possível neste domingo.

"A gente está voltando depois de tudo o que aconteceu no Brasil. É uma expectativa gigante de fazer um grande Carnaval e poder levar alegria, contribuindo para essa festa tão importante que se transformou o Carnaval de São Paulo", afirma.

Em relação ao tema escolhido para o ano, ele indicou a importância da cantora Gal Costa, que morreu em 2022, deixando um grande legado.
"Precisamos estar sempre atentos e fortes. [...] Nossos temas são sempre no sentido de cidadania e de mostrar que, unidos, podemos fazer uma cidade melhor e lutar pelos nossos direitos. Viva o nosso Carnaval e viva São Paulo".

'Que a memória da Gal seja sempre reavivada'

O jornalista e diretor Marcus Preto, que era amigo de Gal Costa, esteve presente no bloco deste domingo vestindo uma camiseta da turnê Gal Estratosférica (2015/2016).

"Quanto mais coisa for feita para que essa memória dela seja reavivada e reanimada, melhor. O artista tem um legado, uma construção que fez em vida, e depois que morre, fica no ar. Nosso trabalho é, com esse tipo de festa, deixar isso vivo; cuidar de longe", afirmou.

O professor e deputado federal (PSOL) Guilherme Boulos também marcou presença junto aos foliões para "lavar a alma" em seu primeiro festejo de Carnaval após as restrições sanitárias da pandemia.

"O Baixo Augusta é incrível. Já é uma marca do pré-Carnaval de São Paulo", afirmou.