Em defesa da folia, "Carnaval Não Oficial" começa neste domingo no Rio
Carolina Farias
Colaboração para o UOL
04/01/2018 18h20
A partir do próximo domingo (7) já é Carnaval no Rio de Janeiro. Ao menos o “não oficial”. A Desliga dos Blocos faz a já tradicional "Abertura do Carnaval Não Oficial" com blocos espalhados por vários lugares do centro da cidade com programação da manhã até a noite.
De acordo com os organizadores, o evento é “não oficial” porque defende um Carnaval de rua sem burocracias e independente.
O movimento começou em 2009 quando um decreto do então prefeito Eduardo Paes impôs regras para o desfile dos blocos, entre elas, que os coletivos tinham que ser registrados e que os ambulantes vendessem somente bebidas de uma determinada cervejaria, patrocinadora oficial do Carnaval na ocasião.
Edu Pereira, advogado e integrante do Cordão do Boi Tolo, um dos blocos fundadores do movimento, explica que a ideia do evento é uma demonstração de resistência dos blocos que não queriam essa formalidade imposta pela prefeitura.
“O folião quer ir para a rua e pular o Carnaval. A prefeitura criou esse estigma de ‘oficial’. Somos blocos não oficiais. O Carnaval não tem que se prender ao capital, ao dinheiro. Nós entendemos que precisa de só de folia, de quem quer tocar e de fantasias. Pode ser apenas uma reunião de pessoas dispostas a se divertirem juntas e, para isso, não precisa de burocracias”, defende Edu.
De acordo com o advogado, nos blocos que participam da Desliga os músicos e organizadores são todos voluntários, não há cachê ou qualquer tipo de patrocínio para os blocos irem para a rua.
“Nós vamos pela vontade de pular Carnaval. Tira dinheiro do bolso para água, cerveja. Às vezes alguém vê e compra para a gente. O som do nosso bloco é instrumental. É no gogó e no sangue”, afirma Edu.
A cada ano que passa surgem mais blocos não oficiais na cidade, de maneira organizada ou de forma espontânea. O próprio Boi Tolo surgiu de uma forma inusitada e resiste no Carnaval carioca. Em 2006 o Cordão do Boitatá, bloco já tradicional do Rio, não saiu e os foliões que chegaram no local de onde o cordão saía saíram em cortejo atrás de um homem vestido de anjo que tocava um trompete.
“Foi assim que o Boi Tolo surgiu. Mais espontâneo não existe”, diz Edu.
Veja a programação completa (sujeita a alterações):
11h- escadaria da Lavradio/Petrobras – Fanfarra Black Clube
13h-Cinelândia - Cordão da Bola Laranja Vem Cá, Minha Flor
14h - Buraco do Lume ( ao lado do edifício garagem) – Vem Cá, Minha Flor
14h - Praça Marechal Âncora – Orquestra Voadora
15h - Obelisco da Primeiro de Março - Maracutaia
15h - atrás da Candelária Boulevard– Mulheres Rodadas
15h – Praça 15 - Biquínis de Ogodô
15h30 - MAM (Museu de Arte Moderna) Me Enterra na Quarta
16h - Praça Mauá – Besame Mucho
16h – Praça 15 – Trombetas Cósmicas do Jardim Elétrico
16h – Praça 15 – Barcas – Sinfônica Ambulante
17h - atrás da Candelária no Boulervard – Bloco das Tubas
17h - Estátua do João Cândido ao lado das Barcas – Bloco do Afrojazz
18h - Praça 15 – Cordão do Boi Tolo