Em novo desafio, Carlinhos de Jesus promete notas máximas na Portela
Anderson Baltar
Anderson Baltar
https://www.uol.com.br/carnaval/2020/colunas/anderson-baltar/Anderson Baltar é jornalista, formado pela UFRJ e tem 42 anos. Com mais de 15 anos de experiência na mídia carnavalesca, foi assessor de imprensa da União da Ilha e Império Serrano, produtor de Carnaval da TV Globo e trabalhou em coberturas de desfiles nas rádios Manchete e Tupi. Desde 2011, é âncora e coordenador da Rádio Arquibancada, web rádio com programação inteiramente voltada para o Carnaval. Em 2015, lançou o livro "As Primas Sapecas do Samba", ao lado dos também jornalistas Eugênio Leal e Vicente Dattoli.
18/04/2018 19h11
Após um ano fora do Carnaval carioca, Carlinhos de Jesus é a grande novidade da Portela para o desfile de 2019. O experiente coreógrafo, que marcou época na Estação Primeira de Mangueira e, em sua última aparição, comandou a União da Ilha do Governador em 2017, chega à azul e branca de Madureira disposto a recuperar as notas 10 perdidas pela escola no quesito – no último Carnaval a escola perdeu três décimos em Comissão de Frente e terminou dois décimos atrás da campeã Beija-Flor.
Mangueirense confesso, Carlinhos de Jesus faz questão de dizer que sua relação com a Portela vem da infância e adolescência. Criado no subúrbio vizinho de Cavalcante, na escola de samba Em Cima da Hora (atualmente no terceiro grupo do Carnaval carioca), Carlinhos ia à quadra da azul e branca levado pelo seu pai, Amarante, então presidente da escola de seu bairro.
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“Meu pai era amigo do Natal da Portela (lendário dirigente da escola) e eu sempre ia lá com ele. Na adolescência, passei a frequentar os bailes na Portelinha (antiga quadra). Tenho muitos amigos aqui, como o Jerônymo (ex-mestre-sala e coreógrafo) e a Wilma Nascimento (maior porta-bandeira da história da escola)”, relata o coreógrafo.
O dançarino afirma estar ansioso para começar o trabalho, já que, para dar o sinal verde, precisa da definição do enredo pela carnavalesca Rosa Magalhães. Mas, pelos primeiros contatos, Carlinhos prevê que sua passagem pela Portela será marcante.
“No primeiro instante que conversei com o presidente Luis Carlos Magalhães, já senti uma empatia rara. E eu conheço bem a Rosa. Trabalhamos juntos na Vila Isabel, em 2013, quando fiz uma performance com a bateria e ganhamos o Carnaval”, afirma.
Mesmo sem ainda saber qual o enredo, de cara Carlinhos pode dar uma pista de como será a comissão de frente da Portela para o próximo Carnaval: “A Portela é uma escola tradicional, como a Mangueira, por onde trabalhei tantos anos. Certamente, apostarei em um trabalho de impacto, como o Carnaval atual exige, mas não posso me esquecer de que estou apresentando uma escola que tem 95 anos de avenida. Hoje faço parte da família portelense e farei de tudo para conquistar as notas máximas”.
Carlinhos de Jesus se mostra preocupado com o momento das comissões de frente, em que, na maioria dos casos, as escolas apostam em tripés gigantescos e efeitos de luz hollywoodianos. Na visão do coreógrafo, a questão financeira em muitos casos acaba influenciando a avaliação dos jurados: “Hoje vejo a pirotecnia garantindo muitas notas, mas, em muitos casos, em detrimento de trabalhos bem avaliados pela crítica e pelos prêmios. A criatividade e a beleza acabam ficando em segundo plano. Para Carlinhos, a comissão de frente do Paraíso do Tuiuti, no último Carnaval, deveria balizar a visão dos jurados a partir de agora. “Foi um trabalho magnífico, de muita simplicidade e efeito. O tripé não era gigantesco, não impedia a visão da escola. E a coreografia era emocionante e expressiva”, constata.