Expulsões justas? Pênalti? Ex-árbitros analisam polêmicas do Brasileirão

Três jogos de ontem da 31ª rodada do Campeonato Brasileiro trouxeram polêmicas envolvendo a arbitragem. Em Corinthians 1x0 Athletico, Flamengo 1x2 Santos e Botafogo 3x4 Palmeiras, ao menos três lances geraram dúvida nos torcedores. O UOL ouviu ex-árbitros, que analisaram as jogadas.

Matheus Bidu (Corinthians x Athletico)

O lateral do Corinthians viu a bola desviar em seu braço ao tentar cortar um cruzamento ainda no 1° tempo da partida. O árbitro Leandro Pedro Vuaden mandou o duelo seguir, e a jogada não chegou a ser revisada no VAR.

Nadine Basttos: "Não foi pênalti. O Bidu está com o braço em posição natural, justificada pelo movimento do corpo, na ação de tentar cabecear a bola. A bola bate acidentalmente no braço. Nada a marcar."

Guilherme Ceretta: "Lance normal. O Bidu errou o cabeceio. A bola resvala na cabeça e bate no braço. Foi totalmente sem intenção."

Manoel Serapião: "Não é pênalti, é uma mão claramente acidental. O Bidu estava agachado, impulsionou seu corpo para tentar cabecear a bola e não acertou. Aí, a bola bateu no seu braço, que estava em posição absolutamente compatível com o movimento que ele realizou. Ele não poderia estar com os braços em outra posição e teria a chance, inclusive, de bater o rosto no chão em outra ocasião."

Emidio Marques: "Lance normal. Não houve pênalti, apenas um toque acidental da bola que raspa no braço do Bidu. O jogador estava caindo."

Alfredo Loebeling: "A arbitragem acertou. O Bidu não está nem olhando para a bola: está levantando e com o braço apoiado em movimento natural. O VAR não tem que chamar mesmo, é lance interpretativo, não é erro grosseiro. A gente está tão acostumado ao VAR entrar em todos os lances que, quando o VAR acerta em não entrar, ficamos surpresos."

Renato Marsiglia: "Não foi pênalti do Bidu. Ele vai desajeitado para tentar cabecear, erra o bote e a bola bate no seu braço de forma totalmente acidental. Só amputando o braço dele para evitar que a bola tocasse em seu braço."

Ulisses Tavares: "O lance, para mim, é normal. O Bidu estava apoiando as mãos no chão, portanto, trata-se de um lance totalmente involuntário."

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Gerson (Flamengo x Santos)

O meio-campista do Flamengo fez uma falta dura no atacante Julio Furch, do Santos, ainda no 1° tempo do duelo em Brasília. Inicialmente, Gerson tomou amarelo de Rafael Rodrigo Klein, mas Pablo Ramon Gonçalves, responsável pelo VAR, recomendou a revisão. Depois da análise na cabine, o juiz de campo retirou a advertência e deu cartão vermelho direto ao flamenguista.

Nadine Basttos: "O árbitro de campo estava correto: o lance do Gerson era para cartão amarelo. É um lance temerário. Não tem uso de força excessiva e não teve movimento de gatilho. O VAR errou ao recomendar a revisão."

Guilherme Ceretta: "Foi correta a expulsão. Não vejo agressão, mas sim o uso de força excessiva. Foi muito bem o árbitro no lance e também no jogo: mostrou um lado seguro e disciplinador. Infelizmente, nem todos têm essa coragem. Parabéns ao Rafael."

Manoel Serapião: "A expulsão foi bem aplicada. O árbitro deveria ter visto isso em campo porque o Gerson vem disputar a bola em velocidade e impulsiona seu corpo, com o cotovelo aberto, contra o rosto do Furch. O Gerson assumiu o risco de lesionar o adversário. A força excessiva não decorre apenas da ação do jogador que pratica a falta, mas também pelo movimento que o adversário atingido faz. Foi um jogo brusco grave com força excessiva."

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Emidio Marques: "Foi uma conduta violenta. A bola não está sendo disputada, e o Gerson vai deliberadamente atingir o pescoço do jogador santista. Expulsão correta."

Alfredo Loebeling: "A expulsão é justíssima, há um movimento do cotovelo. A regra diz que há uma diferença entre você abrir o braço para ganhar espaço e atingir o adversário, que seria passível de cartão amarelo, mas também fala quando há um movimento — a chamada alavanca —, e houve. O vermelho é justíssimo."

Renato Marsiglia: "Gerson foi expulso corretamente e agiu muito bem o VAR ao sugerir ao árbitro a revisão do lance. O Gerson levanta o braço e faz o gatilho com o cotovelo, atingindo intencionalmente o rosto do jogador do Santos. É agressão e, portanto, cartão vermelho direto."

Ulisses Tavares: "O Gerson foi imprudente. A expulsão é justa. Que bom seria se todos os lances iguais a esse tivessem punição ao atleta — e sem ajuda do VAR."

Adryelson (Botafogo x Palmeiras)

O zagueiro botafoguense atingiu Breno Lopes, que arrancava pela ponta esquerda do ataque do Palmeiras, no meio do 2° tempo — o jogo estava 3 a 1 para os cariocas, que cederam a virada nos minutos finais. O árbitro Braulio da Silva Machado marcou falta sem advertência, mas recebeu aviso de Rafael Traci, responsável pelo VAR, e deu vermelho ao jogador após revisão.

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Nadine Basttos: "O árbitro de vídeo recomendou a revisão do lance entendendo que era uma oportunidade clara de gol, e não pela natureza da falta. Não acho que se encaixa em uma oportunidade clara de gol na questão da direção. Entendo que o lance é um ataque promissor, o que seria lance para amarelo."

Guilherme Ceretta: "Lance para vermelho. O Breno Lopes toca a bola na direção do gol e o Adryelson puxa a camisa do adversário fora da área, impedindo uma oportunidade clara e manifesta de gol. O cartão vermelho foi bem aplicado."

Manoel Serapião: "Expulsão correta do Adryelson. O Breno Lopes dá um toque na bola, tinha domínio, a bola ficaria para ele, não tinha mais adversário... a direção não era absolutamente frontal, mas ele tem uma clara oportunidade de gol neste caso. O companheiro do Breno que estava à direita também era um elemento de clara oportunidade de gol, já que não havia nenhum jogador do Botafogo perto. A clara oportunidade de gol não é apenas do jogador que tem o domínio, mas da equipe. Ele poderia marcar o gol e ainda tinha o reforço do companheiro. A expulsão foi correta."

Emidio Marques: "Ação correta do VAR ao chamar o árbitro para alertá-lo sobre um chute deliberado. O Adryelson atinge o Breno Lopes depois de o palmeirense estar em posse da bola e progredir na jogada. Pela rapidez do lance e pela sutileza do chute, acredito que o árbitro não conseguiu observar com clareza. Ele, no entanto, tomou atitude correta ao expulsar o zagueiro."

Alfredo Loebeling: "Acho que não era para expulsar. Não vejo o Breno com oportunidade manifesta de gol. Eu ficaria com o amarelo, mas é um lance totalmente interpretativo."

Renato Marsiglia: "A expulsão não merece sequer discussão. O Breno dá o tapa na bola já encaminhando a jogada para dentro da área e tinha um outro companheiro livre. A possibilidade de gol era clara. Some-se a isto a violência do Adryelson, que vai 'rasgando' na disputa de bola a ponto de atingir o peito do atacante. Cartão vermelho correto com a ajuda do VAR."

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Ulisses Tavares: "O Adryelson foi expulso pelo VAR porque o árbitro não havia nem mostrado cartão amarelo. Não se sabe o que foi falado pelo VAR, mas acho que houve muito rigor no lance. O zagueiro, ao disputar a bola na corrida, levanta um pouco mais a perna, disputando a bola."

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