A Fifa não tem visto com bons olhos o recente endurecimento do discurso da presidente Dilma Rousseff sobre a Lei Geral da Copa, que poderia alterar benefícios adquiridos pela população brasileira durante o Mundial, como o direito à meia-entrada nos estádios. Segundo reportagem do jornal O Estado de S. Paulo desta quarta-feira, a Fifa considera que o governo está “jogando para o público”, e assim fica sem poder confiar na administração da presidente.
A nova crise entre Dilma e a Fifa se estabeleceu após a entidade máxima do futebol ser pega de surpresa na última segunda-feira, quando a presidente, em visita à África do Sul, disse que não mudaria nada do que hoje beneficia a população por causa da Copa. Já nesta terça-feira, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, voltou a criticar o governo brasileiro durante o primeiro encontro do escritório da entidade para o Mundial de 2014, em Zurique, na Suíça.
Para Valcke, o encontro que teve com Dilma há duas semanas, em Bruxelas, na Bélgica, teria sido suficiente para resolver os impasses. No entanto, diante da situação, ele voltou a reafirmar as exigências da Fifa e ainda citou a Rússia como exemplo. Sede do Mundial de 2018, o país já estariam aprovando a legislação exigida pela entidade, enquanto o Brasil avalia a questão desde 2007, com a aprovação da Lei Geral da Copa ainda pendente no Congresso.
Segundo a matéria, a Fifa não descarta uma possibilidade legal que tem de tirar o Mundial do Brasil até meados de 2012, sem pagar qualquer indenização. A decisão extrema poderia acontecer caso a entidade sentir que terá prejuízos com o evento, apesar de as possibilidade serem remotas.
Diante da nova crise, assim como Valcke, o sul-africano Danny Jordaan também aproveitou para criticar duramente a atitude do governo brasileiro. Principal líder da candidatura e da organização da Copa na África do Sul, realizada no ano passado, Jordaan atacou a disputa entre Dilma e a Fifa. "Ninguém vai a uma Copa e pergunta tal parte é a parcela do governo ou da Fifa. É uma experiência só. Todos precisam cooperar. Não há três copas. Há uma só", afirmou.
O sul-africano ainda questionou o fato de o Brasil não ter que disputar uma eleição para a a escolha da sede Copa de 2014, que acontecerá no país por um rodízio de continentes. "O Brasil ganhou o direito de sediar a Copa. Mas não disputou nada. Não teve de fazer nada", disse Jordaan. "O Brasil recebeu o troféu em suas mãos sem nem ter participado de uma corrida", resumiu ele.