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Opinião

Charles do Bronx deveria focar nas 'money fights' e não no cinturão do UFC

A derrota por decisão dividida para Arman Tsarukyan no UFC 300 pode abrir brechas para uma significativa mudança na condução da carreira de Charles do Bronx. E, ao menos na minha opinião, esse cenário seria positivo para a carreira do atleta. Para que isso ocorra, ao contrário do que foi feito nos 14 anos em que atuou no UFC, o atleta deve deixar o cinturão de lado - ao menos momentaneamente.

Em busca de uma nova chance de disputar o título dos pesos-leves, Charles encarou o quarto colocado do ranking no último sábado. O risco era elevado devido ao talento do rival, e a recompensa era a garantia de um title shot. Após a derrota, o brasileiro se encontra em um cenário em que, se voltar a trilhar encontro com os melhores ranqueados, seguirá aceitando riscos elevados, mas com recompensas (bem) menores.

Ao olhar para a lista dos principais atletas dos pesos-leves, podemos ver que Charles já lutou com a maioria deles: Islam Makhachev, Arman Tsarukyan, Justin Gaethje, Dustin Poirier, Beneil Dariush, Michael Chandler e Max Holloway. Todos os nomes citados fazem parte do top 10 da categoria. Completam o grupo Mateusz Gamrot, Rafael Fiziev e Renato 'Moicano', únicos da seleta lista que ainda não cruzaram caminho com Do Bronx. E a matemática é simples.

Atual número dois da lista, Charles só perde em número de seguidores nas redes sociais e relevância midiática para o campeão Makhachev. Enfrentar oponentes tão difíceis onde ele claramente é o 'lado A' sem a certeza de que um triunfo lhe daria a disputa de título não seria a melhor escolha. Ele, próximo de completar 35 anos, tem o direito de escolha adquirido - ao menos na minha opinião. E de forma alguma isso seria 'fugir' de lutas.

A ideia é maximizar o seu potencial, e a busca incessante pelo cinturão talvez não o proporcione isso. Vejamos, por exemplo, os casos de Dustin Poirier e Michael Chandler, que atrasaram suas carreiras em diferentes ocasiões para enfrentar Conor McGregor. Opções que se provaram corretas com o passar do tempo.

Poirier, devido à visibilidade alcançada com dois triunfos diante do irlandês, se tornou um astro nos EUA e acabou de ser confirmado para sua terceira disputa de cinturão em sua carreira no próximo mês de junho. Chandler foi confirmado para enfrentar Conor em junho deste ano, em duelo que, como sabemos, será o maior salário da carreira do americano - feito que é similar a todos que mediram forças com ele no octógono.

Dito isso, me pergunto: Por que Charles do Bronx voltaria à fila para duelar contra Mateusz Gamrot, por exemplo? Um rival extremamente duro, mas que apenas os fãs mais assíduos conhecem. E, para piorar, uma vitória não o classificaria automaticamente para lutar pelo cinturão, uma vez que Makhachev defende seu posto contra Poirier em junho e Tsarukyan já conquistou o direito de ser o próximo desafiante. Além disso, se McGregor vencer, ele pode facilmente furar a fila devido ao seu poder midiático.

Portanto, acho que chegou a hora de Do Bronx buscar lutas mais rentáveis e importantes. Quem sabe pedir pelo perdedor da luta entre Chandler vs McGregor, ou até mesmo tentar uma revanche com Max Holloway valendo o cinturão BMF que o havaiano acabou de conquistar no último sábado?

Talvez até mesmo uma luta na divisão de cima contra algum atleta que possa garantir uma posição de destaque em algum card histórico. Por que não? Afinal, se vencer uma luta emblemática como as que mencionei, ele voltará rapidamente para a conversa sobre um possível title shot, mais rapidamente do que em caso de vitória diante de rivais extremamente duros, porém pouco conhecidos.

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O currículo do atleta fala por si só. Após 14 anos no evento, Charles já foi campeão e acumula diversos recordes, o que lhe garantirá uma vaga no Hall da Fama do UFC. Para alguém que enfrentou os melhores e nunca recusou um desafio, ele merece tirar proveito, finalmente, das famigeradas 'money fights'

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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