Trocafone negocia aporte de R$100 mi para ampliar capacidade de revenda

Por Patricia Vilas Boas

SÃO PAULO (Reuters) - A Trocafone, empresa especializada na compra e venda de smartphones seminovos, está negociando a captação de cerca de 100 milhões de reais em rodada de investimentos prevista para o segundo semestre, disse seu presidente-executivo, Flávio Peres.

A medida vem após uma ampla reestruturação da alta administração da empresa, com a entrada de Peres como CEO e de Rafael Steinhauser como presidente do conselho de administração.

Steinhauser não revelou o nome dos investidores, dadas as negociações ainda em andamento, mas disse ter investidores tradicionais, institucionais e "family offices".

A rodada está sendo assessorada pela Igapó Ventures.

O presidente-executivo da Trocafone disse à Reuters que pretende utilizar o aporte para ampliar a capacidade de processamento da empresa.

"Hoje a gente processa cerca de 25-30 mil telefones e a gente quer dobrar essa capacidade nos próximos anos", disse Peres. A ideia é reduzir o tempo entre aquisição e venda dos dispositivos usados, modernizando e automatizando os processos.

Fundada em 2014, a companhia registrou um faturamento de 416 milhões de reais no ano passado e pretende crescer essa receita em cerca de 20% este ano, para 500 milhões de reais.

Segundo o executivo, a maior parte das transações de celulares da empresa atualmente ocorre a partir de varejistas, operadoras de telefonia e fabricantes parceiros, como Magazine Luiza, Fast Shop, Vivo, Claro, TIM, Samsung e Motorola.

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A Trocafone adquire celulares usados por meio dessas lojas -- que geralmente aceitam o aparelho antigo do consumidor como parte do pagamento de um novo -- faz testagens, aprimoramentos (como troca de peças) e revende por valores mais acessíveis em marketplaces, no site oficial ou em um de seus 28 quiosques presentes em quatro Estados brasileiros.

A empresa também capta os dispositivos a partir de lojas próprias, mas o volume nessa modalidade é bem menor, de acordo com Peres. O aporte também visa ampliar essa frente, trazendo melhorias na experiência online, além de se concentrar na oferta de serviços financeiros, como cashback e garantia estendida.

Segundo o CEO, para garantir a legalidade do aparelho, a Trocafone consulta o código IMEI do dispositivo na base de dados da Anatel para verificar se está cadastrado como um aparelho irregular.

A empresa também faz consultas em outras bases de dados nacionais e internacionais e mantém guardadas as informações pessoais do vendedor, para caso ocorra algum bloqueio futuro, disse Peres.

De acordo com Steinhauser, o mercado potencial da Trocafone é amplo, uma vez que o mercado de smartphones no Brasil totaliza cerca de 80 bilhões de reais, porém apenas 3% desse montante corresponde a aparelhos usados.

"Esse número é dez vezes maior em mercados mais desenvolvidos, como Estados Unidos e Europa, que já estão muito próximos dos 30%", afirmou.

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Segundo dados da consultoria IDC, o mercado de celulares usados deve ultrapassar 430 milhões de unidades em todo o mundo em 2027, com um valor de mercado de 109,7 bilhões de dólares.

Em 2023, estima-se que as remessas globais de smartphones seminovos, incluindo usados e recondicionados, somaram 309,4 milhões de unidades, crescimento de 9,5% em relação a 2022, disse a IDC.

A Trocafone já tem entre seus investidores Mercado Livre, Bulb Capital, Quasar Builders, Wayra e FJ Labs.

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