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Belo e Gracyanne podem perder mansão no RJ em saga judicial digna de novela

Belo e Gracyanne Barbosa correm risco de perder seu "cantinho", um triplex de 1.200 m², localizado na Barra da Tijuca, no Rio, e avaliado em R$ 15 milhões.

O motivo: uma dívida de condomínio que eles teimam em não pagar, apesar das inúmeras tentativas de cobrança.

Se parece que você já viu esse filme —ou leu essa notícia— antes é porque Belo e Gracy são reincidentes.

Juntos desde 2007, o pagodeiro e a musa fitness já driblaram duas ordens de despejo em São Paulo, ficaram devendo para uma arquiteta e foram processados por uma loja do Rio. Belo também chegou a dever milhões ao ex-jogador (e ex-amigo) Denilson. Quitou uma parte, mas ainda é cobrado pelas custas do processo.

Os boletos não pagos da mansão na Barra são só um novo capítulo nessa espécie de novela da vida real que bem poderia se chamar "Devedores em Série".

Splash procurou Belo e Gracyanne diversas vezes, mas não obteve retorno.

Boletos vencidos

Os problemas com a atual mansão do casal, no Rio, começaram em 2014.

De acordo com um processo judicial ao qual Splash teve acesso, as mensalidades de condomínio dos meses de fevereiro a setembro daquele ano não foram pagas.

Total da dívida em 2014: R$ 11,5 mil.

Parte do condomínio de luxo Novo Leblon, a residência na Barra, onde o casal vive desde 2010, está registrada em nome da empresa JR Empreendimentos e Produções, que tem entre os sócios José Ronaldo Cardoso Sousa, ex-empresário de Belo.

Os representantes da empresa foram convocados para uma primeira audiência de conciliação em 19 de agosto de 2015, mas não foram ao fórum.

Quando a oficial de Justiça bateu à porta da mansão, Belo deu de ombros porque a citação era endereçada à empresa de seu ex-empresário, José Ronaldo (o JR). O cantor disse que não sabia informar o endereço dele.

Iniciou-se um vaivém de petições e tentativas frustradas de intimação dos réus, com diversas cartas perdidas.

Até que, em 16 de fevereiro de 2018, o atual empresário de Belo, Alfredo Santana, recebeu a notificação judicial quando estava na mansão do casal, na Barra.

Àquela altura, a dívida passava dos R$ 100 mil, porque os boletos continuavam chegando. Eles ofereceram pagar R$ 20 mil, mas não houve acordo.

Em agosto de 2021, quando a conta chegou em R$ 269 mil, a Justiça determinou a penhora da mansão.

Passaram mais cinco meses até que um acordo fosse firmado. Em janeiro de 2022, a JR propôs pagar os condomínios de fevereiro de 2014 a dezembro de 2021 com R$ 100 mil de entrada e o restante parcelado em 12 vezes.

A empresa se comprometeu a não ficar inadimplente de novo. Mas ficou: em janeiro de 2023, o Novo Leblon informou à Justiça que deixou de receber três parcelas do acordo e todas as taxas de 2022, totalizando R$ 126 mil.

Em 2 de agosto último, a Justiça do Rio decidiu que a casa será leiloada —a menos que se quite a dívida.

A data do leilão ainda não foi definida, mas a juíza já bateu o martelo no leiloeiro: Maurício Mariz está incumbido de preparar o edital, que deve ser publicado na imprensa e na internet.

Desde o início de agosto, Splash vem tentando conversar com Belo, Gracyanne, o advogado Marcelo Passos (que representa a JR no processo e o casal em outras ações) e a administradora do condomínio Novo Leblon. Ninguém quis dar entrevista.

Gracyanne Barbosa e Belo
Gracyanne Barbosa e Belo Imagem: Reprodução/Instagram

Fuga de madrugada

R$ 126 mil não parece uma cifra alta para os bolsos de Belo e Gracyanne.

Sucesso à frente do grupo de pagode Soweto na década de 1990, com hits como "Farol das Estrelas", Belo continua atraindo multidões a seus shows.

Hoje, seu cachê é cerca de R$ 250 mil, valor que recebeu para cantar no aniversário de Maricá (RJ), em abril. O pagodeiro —que, entre 2004 e 2006, cumpriu pena em regime fechado por associação ao tráfico— também abriu a própria casa de shows, o Bar do Belo, no Recreio, bairro do Rio de Janeiro, em fevereiro.

Já Gracyanne é uma das influenciadoras mais caras do Instagram, onde tem 11 milhões de seguidores: uma única publi no seu perfil pode custar mais de R$ 100 mil.

Grana para honrar os boletos, portanto, não parece ser a questão.

"Desisti. Perda de tempo e mais dinheiro. Esse sujeito é liso. Não tem nada em nome dele", reclamou Márcia Gomes, proprietária de uma casa de 420 m², no Jardim Paulista, em São Paulo, alugada por R$ 30 mil para o casal em 2016.

Na época, Belo e Gracyanne mudaram-se temporariamente para São Paulo para facilitar a rotina de trabalho dos dois.

"Não sabia que estava alugando pra eles. Se soubesse jamais teria alugado. Eles colocam o nome de um laranja qualquer pra conseguir alugar. Eu só fiquei sabendo que eram eles três meses depois, e por uma vizinha", afirma Márcia.

Em 2017, Belo e Gracyanne desocuparam o imóvel durante uma madrugada. Corria contra eles uma ação de cobrança de aluguéis atrasados com ordem de despejo, que só não foi efetuada porque foram embora antes de receberem a citação.

"Eles fugiram", conta a advogada Elinei Brito, 46, que representou a proprietária na ação contra a empresa Yannes Produções Artísticas, a locatária, que tem como sócios Belo e Gracyanne. Segundo a advogada, o prejuízo foi de quase R$ 1 milhão. "Deixaram o imóvel em estado lastimável", diz.

À época, Gracyanne disse à RedeTV! que o casal não concordava com um aumento do aluguel e decidiu não renovar o contrato.

"Ele [Belo] não pagava nem os [R$] 30 [mil]!, como [é] que eu ia aumentar? Nunca [nem] sequer houve intenção de renovação de contrato já que esse canalha morou por um ano de graça, sem pagar aluguel", diz a proprietária.

"Só saiu na calada da noite porque descobriu que ia ser despejado."

'Estratégia pública'

Depois dos Jardins, Belo e Gracy alugaram outra casa, no Planalto Paulista, mais um bairro nobre de São Paulo. E receberam outra ordem de despejo por inadimplência.

O processo foi ajuizado em maio de 2019, contra a empresa que firmou o contrato, a Central de Shows e Eventos, que tinha entre os sócios Nelson Trajano de Ataide.

"Belo estava com o nome sujo, não conseguia alugar e Nelson, com quem tinha uma relação de amizade, se ofereceu para assinar o contrato", conta o advogado da empresa, Luis Guilherme Lopes de Almeida.

O proprietário do imóvel, David Maciel Filho, conseguiu incluir Belo e Gracyanne como réus, ao provar que eles eram os inquilinos com fotos e vídeos (divulgados pelo próprio casal na internet).

O casal e a Central de Shows e Eventos foram condenados, em junho de 2022, a pagar aluguéis, IPTUs, contas de consumo e multas, totalizando R$ 305 mil.

Em 1º de março, eles recorreram, argumentando que a inclusão deles no caso teria "caráter extraprocessual de conteúdo midiático, tendo em vista serem pessoas públicas, sendo, assim, 'estratégia pública de constrangimento'".

Em 19 de junho, o tribunal negou o recurso. O processo ainda está aberto.

Gracyanne Barbosa e Belo
Gracyanne Barbosa e Belo Imagem: Reprodução/Instagram

'Minha Casa. Meu Cantinho'

Dentro das 12 ruas do condomínio Novo Leblon, Belo e Gracyanne passam quase despercebidos no dia a dia.

Segundo moradores, ele faz a linha "low profile": "Ele fica na dele, não incomoda ninguém", diz a vizinha Tereza Beato, 68.

Nos três anos em que trabalha na banca de jornais do condomínio, a vendedora Josevânea Andrade, 37, só viu o artista uma vez. "Estava passeando com o cachorro, mas ignorou as pessoas. Eu o achei bem metidinho", conta.

A discrição em público contrasta com a ostentação do casal nas redes sociais.

Apelidado de "Minha Casa. Meu Cantinho", o triplex de luxo é presença constante no Instagram de Gracyanne.

Na sala, fotografa o look do dia. Na cozinha e na bancada da churrasqueira, faz as receitas fitness que vão parar no "Cozinha Saudável da Gra", no Instagram.

O casal já abriu as portas da mansão para Angélica, Eliana, Rodrigo Faro e diversos outros programas de TV.

Lá também moram ao menos 11 pessoas (as mães deles, as filhas de Belo, uma neta e um genro, além de funcionários), dois gatos e cinco cachorros —um deles é Kira, uma American Bully que tem até uma piscina particular.

O triplex fica na parte mais sossegada do Novo Leblon, com vista para a lagoa de Marapendi e longe do intenso vaivém de carros na avenida das Américas e do fluxo de frequentadores do shopping Rio Design.

Tem quatro suítes, sala com TV de 200 polegadas para o videogame (xodó de Belo), sauna, piscina, jardim de inverno, camarim (onde fica o imenso acervo de fantasias de Carnaval de Gracyanne) e academia com vista para o mar - lá, as peripécias que ela faz malhando invariavelmente viralizam.

Luxo e dívidas

Belo e Gracyanne se mudaram para o triplex recém-reformado no Novo Leblon em 2010. Dois anos depois, casaram-se na Igreja da Candelária (um sonho do pagodeiro) e fizeram uma festa luxuosa para 300 convidados na Ilha Fiscal.

Ela teve "dia de noiva" no Copacabana Palace e usou dois vestidos de grife. Ele, abotoaduras de ouro e sapatos cravejados de cristais.

Foi nessa época que as dívidas em série começaram a se acumular.

A arquiteta Graça Arantes foi à imprensa cobrar o casal por uma dívida de mais de R$ 220 mil pela reforma do triplex (o caso foi resolvido num acordo extrajudicial).

Já a loja Orlean levou à Justiça uma cobrança de R$ 17,4 mil por itens de decoração —o casal tinha dado três cheques de R$ 5.810 (sem fundo).

Juros correndo, o valor foi a quase R$ 40 mil, o que provocou a penhora de bens como um lustre de cristal que aparece em diversas das postagens do casal no triplex.

Às vésperas do leilão, marcado para agosto de 2015, Gracyanne quitou a dívida e resgatou os produtos.

Oito anos depois, a musa fitness vai precisar rebolar outra vez se não quiser perder não só o lustre, mas todo o seu doce lar.

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