'Grosseiro', 'teimosia' e mais: ex-árbitros detonam juiz de jogo do Santos

A vitória do Santos sobre o Coritiba, em jogo disputado ontem na Vila Belmiro e válido pelo Campeonato Brasileiro, ficou marcada por várias polêmicas envolvendo a arbitragem de Wagner do Nascimento Magalhães — uma delas foi o pênalti marcado para os visitantes ainda no 1° tempo.

O que aconteceu

Aos cinco minutos de partida, o árbitro assinalou pênalti para os visitantes por mão na bola de Dodô. Ele tentava cortar um cruzamento de Victor Luis, mas viu Slimani bater antes na bola — que desviou no braço do santista.

Wagner demorou mais de quatro segundos para apitar a infração e revoltou os jogadores do time mandante. O juiz de campo foi chamado pelo VAR, comandado por Carlos Eduardo Nunes Braga, mas manteve sua decisão.

Na cobrança, Robson superou João Paulo e empatou o placar — o Santos havia feito um gol no lance anterior à polêmica e conseguiu virar o duelo na etapa final.

Foi pênalti? Ex-árbitros são unânimes: não.

Manoel Serapião. "A arbitragem brasileira está passando por um momento como um paciente na UTI desenganado. Nunca vi tanto erro, e estamos falando de erros grosseiros. O Dodô está olhando para o lado quando a bola é chutada pelo adversário. O braço está na posição que tinha que estar. Essa história de braço aberto é um absurdo: o braço pode estar aberto, mas o movimento também pode ser compatível com a jogada. O braço do Slimani está igualmente aberto. Foi um escândalo. O VAR fez muito bem em recomendar a revisão, e o Wagner fez muito mal ao confirmar seu erro. É um absurdo. A arbitragem brasileira é um paciente terminal."

Ulisses Tavares. "Eu não marcaria. O Dodô nem viu a bola, foi um lance totalmente involuntário. Nem sei o que dizer a respeito: devo estar enxergando pouco ou desaprendi depois de 23 anos apitando futebol. As arbitragens realmente estão ruins. O pênalti marcado foi errado."

Alfredo Loebeling: "Se este árbitro fosse da empresa do Roberto Justus, que faz parte da SAF do Coritiba, teria sido demitido. Não tem cabimento dar um pênalti desse. Em primeiro lugar, a bola bateu na volta, quando o Dodô está de costas e não vê nada. Em segundo lugar, precisamos falar sobre movimento natural: ninguém sai do chão com o braço colado no corpo. O braço estar um pouco aberto é movimento natural. Não há a menor possibilidade de se marcar um pênalti deste."

João Paulo Araújo: "Eles estão confundindo esse negócio de braço aberto e braço fechado. Não é possível. Isso é um movimento natural, o Dodô não sabia onde estava a bola. Se ele estivesse vendo a bola, aí sím... mas ele estava de costas e em movimento natural. A bola passou nas costas dele. Não tem como marcar um pênalti desse. O Wagner está totalmente equivocado. Como o cara de costas vai saber para onde a bola vai se ele está na jogada? O movimento é natural de equilíbrio do jogador, se ele não faz isso, ele cai. Eu não daria esse pênalti."

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Emidio Marques: "Em momento algum tenho dúvidas: não houve pênalti. Foi um toque acidental da bola no braço do Dodô. Ele não foi com o braço de encontro a bola com toque intencional e nem ampliou o seu espaço físico com os braços para tirar vantagem. Foi um susto do árbitro. Não tinha convicção e foi pressionado pelo VAR, que também não concordava, como eu, com a marcação do pênalti. O Wagner teve oportunidade de rever a decisão e, mais por teimosia do que por convicção, confirmou a marcação inicial. Outro absurdo é a partida ficar paralisada por mais de cinco minutos."

Renato Marsiglia: "Eu não marcaria este pênalti em hipótese alguma. A bola passa do Dodô e fica nas suas costas. Os braços estavam em uma posição normal de equilíbrio. Ele sequer tem como saber a direção da bola para tentar evitar que ela toque em sua mão."

Guilherme Ceretta: "A culpa não é 100% do Wagner, mas sim de quem colocou ele lá. Errou no campo e errou no replay. Estamos na fase final do campeonato, e todo erro pode custar muito caro."

Novas polêmicas

O jogo ainda teve ao menos outras duas polêmicas envolvendo a arbitragem de Wagner Magalhães.

Uma delas ocorreu na expulsão de Willian Farias, do Coritiba, ainda no 1° tempo: o meio-campista tomou amarelo por reclamar justamente em meio à paralisação do lance do pênalti e, nos minutos finais da etapa inicial, deixou o gramado após novo cartão, desta vez por falta em Lucas Lima.

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Ainda houve tempo para um gol anulado: já na parte final do duelo, Marcos Leonardo faria uma pintura no que seria o 3° gol do Santos, mas o lance acabou invalidado por um impedimento milimétrico analisado pela equipe do VAR.

PC Oliveira, consultor de arbitragem do Sportv, analisou o lance e cravou acerto na análise. "A linha azul, que é da defesa, foi marcada no pé do Henrique, e a linha vermelha foi marcada na última parte do ombro do Marcos Leonardo. A marcação foi correta. Em relação às mudanças: quando as linhas estão sobrepostas, elas ficam só com uma cor, neste caso o azul. Aí, é considerado um lance normal para beneficiar o ataque", disse ele, que corroborou a opinião dos ex-árbitros ouvidos pelo UOL sobre o pênalti marcado para o Coritiba.

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