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Aposentadoria não deve afastar olímpicos do esporte
Vida de atleta não é fácil, reclamam os esportistas. A rotina de treinos é estafante, o patrocínio é escasso, os períodos longe de casa são intermináveis. Mas quase metade da equipe olímpica brasileira pretende permanecer em alguma atividade ligada ao esporte quando parar de competir, de acordo com levantamento feito pelo UOL Esporte.


De 245 atletas da delegação do país em Atenas*, 118 (48%) declaram planos de seguir no esporte, 69 (28%) pretendem ir para outro ramo de atividades, e 58 (24%) não sabem ou não responderam o que planejam fazer após o fim da carreira esportiva.

Das atividades mais citadas entre quem pretende continuar no ramo, estão a de técnico (27 atletas) e de professor de educação física (24). “Acho que posso colaborar com o desenvolvimento do esporte do Brasil. Sei que teria facilidade para passar o que aprendi, ser um orientador técnico ou até um caça-talentos”, diz o maratonista Vanderlei Cordeiro.

Outros, no entanto, querem distância das quadras. “Eu quero continuar ligada ao esporte, mas não como técnica. Sou muito nervosa. Acho que arrancaria a cabeça de alguém que não fizesse o que eu mandasse”, avalia a pivô Alessandra, da seleção feminina de basquete.

A fisioterapia é outra carreira em alta. Depois de anos sendo “salvos” por profissionais da área, 14 olímpicos dizem ter a intenção de seguir a profissão. “Pretendo montar uma clínica de reabilitação e recuperação para atletas. Gosto dessa história de avaliar as condições do atleta, qual o tratamento ideal”, fala Jadel Gregório, do salto triplo.

O esporte, porém, passa longe do futuro de muitos atletas que vão competir em Atenas. A delegação tem aspirantes a biólogos, veterinários, padeiros, esteticistas e até a funcionário da ONU. O velocista André Domingos, que já trabalhou em casa de família e foi lavador de carros, por exemplo, está cursando faculdade de design de ambientes.

No vôlei, a oposto Mari, que vai para sua primeira Olimpíada, planeja ir para longe das quadras. “Sou apaixonada por mar, quero fazer oceanografia, ser bióloga marinha. Quero viver longe da cidade, quero um lugar em que eu tenha paz pra fazer o meu trabalho”, diz a atleta, de 21 anos.

Isabela de Moraes, do nado sincronizado, já é formada em biologia, mas não deve seguir carreira na área. “Devo fazer um curso de gastronomia. Ser uma chef, quem sabe”. Sua irmã Carolina, gêmea idêntica e parceira nas piscinas, vai seguir outro rumo. “Já fiz artes plásticas nos Estados Unidos e quero fazer uma pós.”

Antoine Jaoude é o único representante do país na luta. Ele viveu no Líbano por 17 anos, na época em que o país vivia em guerra civil. “No Líbano, aconteciam festivais esportivos, e os conflitos eram paralisados nas semanas de competição”, lembra. Estudando direito, ele pretende tornar esse espírito mais global. “Meu sonho é trabalhar na ONU”, conta.

Alguns não vêem alternativa interessante fora do que já fazem. O cavaleiro André Paro só pára no nome. No esporte, diz que continua indefinidamente. “Quero continuar competindo até ficar bem velho”, diz.

Diogo Silva, do taekwondo, adota outra filosofia. Não planeja a vida com uma nova carreira. Pelo contrário, faz planos de uma vida sem carreira nenhuma. “Quero largar tudo e ir para a Jamaica surfar e cantar reggae”, diz.

* UOL Esporte entrevistou 245 dos 246 atletas brasileiros que vão às Olimpíadas. André Sá, do tênis, só teve sua convocação divulgada na sexta-feira (6) e não foi incluído no levantamento inicial