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Patrocínio chega a 93% dos olímpicos brasileiros
Alguns esportes, como vôlei, basquete e handebol, são 100% patrocinados. As confederações pagam salários para os atletas com verba proveniente da Lei Piva e de três empresas estatais. O Banco do Brasil está há anos ligado ao vôlei, tanto na quadra quanto na praia. A Eletrobrás é parceira desde 2003 do basquete feminino -o acordo não abrange o time masculino, que não se classificou para os Jogos. No handebol, o dinheiro vem da Petrobrás. Além disso, os atletas ainda contam com patrocínio em seus clubes. Individualmente, porém, a situação é outra. No vôlei, apenas um atleta, o ponta Giovane, tem um patrocinador pessoal, a fabricante de material esportivo Rainha. No handebol, são seis os patrocinados, quatro pela Adidas. No basquete, ninguém tem apoio pessoal. O motivo para isso não é só a falta de interesse. Alguns clubes têm cláusulas que não permitem acordos pessoais. É o caso do atletismo. Com o patrocínio da Caixa e verba das loterias (via Lei Piva), a CBAt dá aos principais atletas um salário mensal. Quem pertence ao clube BM&F, porém, não ganha nada da confederação. A presença do dinheiro público é outro fator que ajuda na “democratização” do patrocínio. Cinco empresas estatais, sete governos estaduais e nove prefeituras. As estatais procuram distribuir suas verbas entre as equipes que ainda não têm patrocínio. Uma das mais fortes é a Petrobras, que, além do handebol, banca também a equipe olímpica permanente de vela do país. Em Atenas, 61 % dos atletas está ligado a empresas públicas. Em Sydney, há quatro anos, apenas 30 % tinham apoio de empresas públicas. Mas nem todos os esportes que estão em evidência são privilegiados. A ginástica artística, por exemplo, pode voltar de Atenas com sua primeira medalha olímpica. Cada passo da atual campeã mundial, Daiane dos Santos, é filmado por câmeras de TV. Mesmo assim, um membro da equipe vai a Atenas apenas com o que ganha pela Lei Piva e de seu clube: Mosiah Rodrigues, único homem na delegação da ginástica. Enquanto a equipe feminina tem patrocínio de duas grandes empresas, a Brasil Telecom e a Coca-Cola, ele não conseguiu nenhum apoio. "Essa é minha maior frustação. Desde o Pan-Americano batalhei por patrocínio, mas ninguém aposta. As empresas investem em quem elas acham que vai conseguir resultado, e hoje é a ginástica feminina que pode dar isso", diz o ginasta. O futebol sofre do mesmo problema. A CBF tem dois grandes patrocinadores, Nike e Guaraná Antarctica, mas as verbas para o futebol feminino, o único que estará nas Olimpíadas, são escassas. Para defender a seleção, as jogadoras ganham apenas diárias. “Tenho ‘paitrocínio’. Quando preciso de chuteira, falo: ‘Aí, pai, tô precisando de chuteira’, e ele libera o dinheiro”, brinca a zagueira Aline. É preciso levar em consideração que 2004 é tempo de vacas gordas. Em ano olímpico, as verbas são abundantes. Depois, a torneira fecha. * UOL Esporte entrevistou 245 dos 246 atletas brasileiros que vão às Olimpíadas. André Sá, do tênis, só teve sua convocação divulgada na sexta-feira (6) e não foi incluído no levantamento inicial
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