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Patrocínio chega a 93% dos olímpicos brasileiros
Patrocínio, ou melhor, a falta dele, é uma reclamação quase automática quando se fala em esporte no Brasil. A situação financeira vem melhorando, e 93% dos olímpicos brasileiros em Atenas recebem alguma fatia do bolo publicitário. Mas ainda há aqueles que, mesmo no topo de seu esporte no país, não conseguem patrocínio.

Segundo levantamento do UOL Esporte, de 245 atletas da delegação brasileira (de um total de 246*), apenas 15 não recebem, direta ou indiretamente, dinheiro de um patrocinador, seja individual, do seu time/clube ou da respectiva confederação: 230 esportistas ganham uma porcentagem da verba publicitária das várias empresas interessadas em associar o nome às Olimpíadas.

Alguns esportes, como vôlei, basquete e handebol, são 100% patrocinados. As confederações pagam salários para os atletas com verba proveniente da Lei Piva e de três empresas estatais. O Banco do Brasil está há anos ligado ao vôlei, tanto na quadra quanto na praia. A Eletrobrás é parceira desde 2003 do basquete feminino -o acordo não abrange o time masculino, que não se classificou para os Jogos. No handebol, o dinheiro vem da Petrobrás. Além disso, os atletas ainda contam com patrocínio em seus clubes.

Individualmente, porém, a situação é outra. No vôlei, apenas um atleta, o ponta Giovane, tem um patrocinador pessoal, a fabricante de material esportivo Rainha. No handebol, são seis os patrocinados, quatro pela Adidas.

No basquete, ninguém tem apoio pessoal. O motivo para isso não é só a falta de interesse. Alguns clubes têm cláusulas que não permitem acordos pessoais. É o caso do atletismo. Com o patrocínio da Caixa e verba das loterias (via Lei Piva), a CBAt dá aos principais atletas um salário mensal. Quem pertence ao clube BM&F, porém, não ganha nada da confederação.

A presença do dinheiro público é outro fator que ajuda na “democratização” do patrocínio. Cinco empresas estatais, sete governos estaduais e nove prefeituras. As estatais procuram distribuir suas verbas entre as equipes que ainda não têm patrocínio. Uma das mais fortes é a Petrobras, que, além do handebol, banca também a equipe olímpica permanente de vela do país. Em Atenas, 61 % dos atletas está ligado a empresas públicas. Em Sydney, há quatro anos, apenas 30 % tinham apoio de empresas públicas.

Mas nem todos os esportes que estão em evidência são privilegiados. A ginástica artística, por exemplo, pode voltar de Atenas com sua primeira medalha olímpica. Cada passo da atual campeã mundial, Daiane dos Santos, é filmado por câmeras de TV. Mesmo assim, um membro da equipe vai a Atenas apenas com o que ganha pela Lei Piva e de seu clube: Mosiah Rodrigues, único homem na delegação da ginástica.

Enquanto a equipe feminina tem patrocínio de duas grandes empresas, a Brasil Telecom e a Coca-Cola, ele não conseguiu nenhum apoio. "Essa é minha maior frustação. Desde o Pan-Americano batalhei por patrocínio, mas ninguém aposta. As empresas investem em quem elas acham que vai conseguir resultado, e hoje é a ginástica feminina que pode dar isso", diz o ginasta.

O futebol sofre do mesmo problema. A CBF tem dois grandes patrocinadores, Nike e Guaraná Antarctica, mas as verbas para o futebol feminino, o único que estará nas Olimpíadas, são escassas. Para defender a seleção, as jogadoras ganham apenas diárias. “Tenho ‘paitrocínio’. Quando preciso de chuteira, falo: ‘Aí, pai, tô precisando de chuteira’, e ele libera o dinheiro”, brinca a zagueira Aline.

É preciso levar em consideração que 2004 é tempo de vacas gordas. Em ano olímpico, as verbas são abundantes. Depois, a torneira fecha.

* UOL Esporte entrevistou 245 dos 246 atletas brasileiros que vão às Olimpíadas. André Sá, do tênis, só teve sua convocação divulgada na sexta-feira (6) e não foi incluído no levantamento inicial