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Equipe tem policial, ex-palhaço e ex-tapeceira
A delegação brasileira nas Olimpíadas de Atenas não tem experiência só em quadras, pistas ou campos. Fora do esporte, os olímpicos do Brasil já se aventuraram nas mais diversas ocupações para completar a renda. Entre empresários e professores, é possível encontrar quem já foi lavrador, modelo, frentista, tapeceiro e até palhaço.

A pesquisa feita pelo UOL Esporte com todos os brasileiros que vão às Olimpíadas de Atenas revelou que a maioria dos atletas nunca se dedicou a outra profissão além da prática esportiva. Do grupo de 245 esportistas*, 160 nunca trabalharam.

Os outros, porém, fizeram de tudo um pouco. Os 85 atletas que declararam já ter tido um segundo trabalho citaram 71 ocupações diferentes. O primeiro lugar da lista fica com os empresários: são 12 em toda a delegação, quatro só na equipe de vela. Em seguida vêm os professores: nove no total, três do handebol.

Apenas 23 atletas de toda a delegação trabalham atualmente. A modalidade que tem mais "trabalhadores" é a vela. Dos 14 velejadores da equipe, cinco têm outras profissões. Adriana Kostiw, que vai disputar a classe 470 com Fernanda Oliveira, é fotógrafa e vai trabalhar durante os Jogos. "Meu técnico falou que não posso 'encanar' com competição 24 horas por dia. Por isso, devo fazer um trabalho fotográfico sobre as Olimpíadas", avisa.

Nem mesmo medalhistas olímpicos conseguem fugir do batente. Até conquistar o bronze nos Jogos de Atlanta-1996, o judoca Henrique Guimarães teve três ocupações diferentes. Deu aula de judô, foi servente de pedreiro e, entre 1994 a 1996, foi operador da Bolsa de Valores em São Paulo. "Meu treinador trabalhava lá e eu entrei como auxiliar, depois fiz o curso de operador. Levava jeito, o ambiente era agitado, como eu. Saí para ir às Olimpíadas, em 96, e, com a medalha, a Bovespa (Bolsa de Valores do Estados de São Paulo) veio me patrocinar", conta o atleta, que contou com o apoio até 2001.

O velocista Jarbas Mascarenhas aproveitou seu ritmo nato e o ouvido musical para ganhar alguns trocados como músico. "Quando o dinheiro apertava, eu saía para tocar junto com meu irmão. Ele tocava cavaquinho ou banjo, e eu, percussão", lembra.

Nem todos, porém, tiveram a mesma sorte. A também judoca Danielle Zangrando teve uma curta e frustrante carreira de vendedora. "Em 2001, quando fiquei um ano parada devido a uma cirurgia de hérnia de disco, tentei vender óculos, pois meus pais são representantes comerciais. Mas não consegui vender nada", diverte-se.

Profissões "incomuns" também não faltaram. Marcel Wenceslau, do taekwondo, já completou o orçamento atuando como palhaço. O goleiro Marcão, do handebol, foi pasteleiro quando adolescente, ajudando na barraca dos pais. A maratonista Márcia Narloch trabalhou em uma tapeçaria antes de começar a correr. O velocista Anderson Jorge, dos 400 m rasos, foi faxineiro e sorveteiro.

Tem até soldado brasileiro na Olimpíada. O tenente do exército Daniel dos Santos será o único homem do país no pentatlo moderno, esporte internacionalmente dominado por militares. E Mário Sabino, que fez "bicos" como modelo, é soldado da polícia militar em Bauru, no interior de São Paulo. "Sou policial militar desde 1999. Comecei para ter uma renda a mais, hoje não precisaria continuar, mas essa é a minha profissão, sei que a carreira no judô é curta", diz o judoca.

* UOL Esporte entrevistou 245 dos 246 atletas brasileiros que vão às Olimpíadas. André Sá, do tênis, só teve sua convocação divulgada na sexta-feira (6) e não foi incluído no levantamento inicial