Carlos Gomes Ventura, mais conhecido como Carlão, é um técnico de atletismo reconhecido pelos dois títulos da São Silvestre conquistados em 1980 e 1985, quando treinava o bicampeão José João da Silva. Ele está envolvido com o evento desde 1970, e se mostrou impaciente com a legião de corredores fantasiados que invadem a Paulista todos os anos.

Carlão reconheceu que as brincadeiras já fazem parte da tradição da São Silvestre, mas não teve receio de expor a sua opinião de técnico: "Atleta é atleta, não é palhaço. Então não deve correr fantasiado. É uma vulgaridade vir só para aparecer".

O treinador questionou inclusive a influência dos meios de comunicação, que dá cada vez mais espaço às "figuras" da São Silvestre. "À medida em que a mídia passou a divulgar a prova, todos quiseram aparecer. Mas tem que aparecer correndo".

"Que valor educativo traz mostrar um cara vestido de noiva na São Silvestre? Tem que mostrar a competição, o sofrimento", avaliou Carlão, que disse considerar as fantasias dos atletas um desrespeito às pessoas que encaram a prova com seriedade.

"Desprestigia o adversário", destacou Carlão, lembrando ainda dos riscos de lesão ocasionados pelo uso de fantasias inadequadas: "Prejudica, porque o cara usa uma sandália de cangaceiro para correr 15 quilômetros...".

Para Carlão, o ideal é que os participantes tentem ao máximo controlar a ansiedade e evitem forçar o ritmo para além daquilo que é feito nos treinamentos. Segundo ele, o tênis ideal é mais velho e mais usado, e o uso de meias deve ter atenção especial, devido ao risco de bolhas no pé.

A largada da São Silvestre será realizada na Avenida Paulista, com chegada no Obelisco do Ibirapuera. A elite feminina sai às 17h10 (de Brasília) deste sábado, e a elite masculina larga às 17h30.