Organizadores da São Silvestre terão de depor na polícia sobre morte

Rodrigo Mattos

Do UOL, em São Paulo

  • Gabo Morales/Folhapress

    Vista da Rua Major Natanael onde Israel Barros sofreu acidente na São Silvestre

    Vista da Rua Major Natanael onde Israel Barros sofreu acidente na São Silvestre

A Polícia Civil vai ouvir os organizadores da São Silvestre na investigação da morte do cadeirante Israel Cruz Jackson de Barros, 41, para entender se há responsabilidade do trajeto da prova no acidente. Depoimentos de outros cadeirantes e da ADD (Associação Desportiva para Deficientes) também serão requisitados pelos policiais, que ainda vão analisar os laudos periciais para chegar a uma conclusão.

Israel Barros sofreu um acidente na Major Natanael na manhã do dia 31 de dezembro de 2012 ao chocar-se contra o muro do Pacaembu durante a São Silvestre. Foi levado ainda vivo para o Hospital Santa Casa de Misericórdia, onde morreu.

O caso está sendo investigado como homicídio culposo (sem intenção), o que é praxe para todos os casos de acidente com morte. Mas só a apuração vai determinar se de fato houve responsabilidade de alguém em sua morte.

"Vamos ouvir os organizadores no que diz respeito à prova. Tem que se estabelecer se houve responsabilidade, uma imprudência no trajeto", explicou o delegado titular da 23ª Delegacia de Polícia, Marco Aurélio Batista, que será o responsável pela investigação. Ele também pretende, se possível, falar com especialistas sobre o traçado da corrida.

Em nota, nesta quarta-feira, os organizadores do evento disseram que vão esperar as investigações para se posicionar sobre o caso. "Agora, o próximo passo é aguardar a conclusão do laudo do IML e da perícia técnica para novo posicionamento sobre a fatalidade", disse a nota do Comitê Organizador da São Silvestre.

Segundo Batista, não há testemunhas do momento do acidente até agora. Um policial militar foi o primeiro a atendê-lo, mas não estava presente na hora em que Israel Barros se chocou com o muro. O objetivo, então, é ouvir outros deficientes para entender qual a dificuldade imposta pelo trajeto de descida da Major Natanael aos cadeirantes.

A ADD não responsabilizou a organização da São Silvestre, mas reclamou da falta de congresso técnico para cadeirantes, sinalizações em obstáculos e feno em possíveis locais de muro. A organização da prova, no entanto, afirmou que deu orientações aos deficientes e que o trajeto estava menos arriscado do que o de 2011.

Os laudos das perícias do corpo, do local do acidente e da cadeira de Israel estão sendo elaborados. "As perícias já foram feitas. A previsão é que esses laudos saiam em 30 dias. Mas o inquérito não tem previsão para acabar", ressaltou Batista.

O corpo de Israel Barros foi examinado antes de ser transportado para o Pará, sua terra natal, para onde foi levado na manhã desta quarta-feira. A organização da prova informou, em nota, ter pago todas as despesas dessa operação, assim como se comprometeu a dar suporte à família do cadeirante.

Em fevereiro, será feita uma reunião dos organizadores da São Silvestre para avaliação técnica e análise da organização da prova. Será discutida a morte de Barros e serão ouvidas sugestões de cadeirantes. Assim, podem ser feitos ajustes necessários na corrida. Não está descartada a mudança de trajeto para 2013, embora ainda não exista nenhum plano nesse sentido.

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