São Silvestre

Anônimos misturam festa, amor à corrida e procura por vida saudável na São Silvestre

Fernando Faro

Em São Paulo

  • Fernando Faro/UOL

    Alguns torcedores já buscaram seus kits para a São Silvestre fantasiados

    Alguns torcedores já buscaram seus kits para a São Silvestre fantasiados

A rotina do fim de dezembro tem sido a mesma desde 2003 para Antônio Scarcelli. Há oito anos o advogado participa da corrida de São Silvestre ao lado da esposa, Fusako Scarcelli, e se junta aos milhares de atletas amadores na mais tradicional prova de atletismo de rua do Brasil para dar o charme que caracteriza a corrida.

NOVO PERCURSO DESAGRADA

A mudança de percurso da São Silvestre, que agora terminará no Parque do Ibirapuera ao invés da Avenida Paulista, não agradou à maioria dos corredores. "Antes tinha aquela coisa de chegar na Paulista, a subida da brigadeiro. Não gostei", afirmou Fusako Scarcelli. O corredor Manoel da Silva até sugeriu um protesto contra a mudança. "Devíamos todos ficar de costas na hora da largada para protestar", reclamou. A organização afirmou que a mudança ocorreu porque a Paulista não comportava o evento, que termina horas antes do réveillon que leva milhões de pessoas ao local.

Assim como o casal, o Ginásio do Ibirapuera recebeu nesta quarta-feira a primeira leva de competidores que foram ao local para retirar seus kits para a corrida. Antônio e Fusako se misturaram à multidão que prefere passar o ano em São Paulo ao invés de aproveitar o réveillon na praia ou viajando para outra cidade.

Seja pelo desejo de curtir o último dia do ano praticando esporte ou fazer alguma atividade diferente, os anônimos são responsáveis pelo crescimento exponencial da prova nos últimos dez anos – em 2001, foram 17 mil corredores; na atual edição o número chegou a 25 mil inscritos, recorde da prova. Apesar das motivações diferentes, o que todos parecem ter em comum é a deferência pela prova.

"O que encanta na São Silvestre é o glamour, sem contar que é uma prova das mais antigas, cheia de estrangeiros. Nós acompanhávamos as provas desde que terminavam à noite, depois criamos coragem e resolvemos participar", explicou Scarcelli, que participa de diversas provas ao lado da mulher durante o ano.

Mas não são apenas os corredores habituais que frequentam a São Silvestre. Há espaço também para pessoas que têm na prova a única oportunidade de quebrar a rotina, caso do cabeleireiro Ivo João. Nascido no Ceará, ele corre desde 1986 e tem pouco tempo para disputar outras provas, mas não abre mão da competição em São Paulo.

"Treino o ano inteiro, mas não tenho tempo para correr em outras provas. É uma libertação para mim e por ser a última prova do ano, é como se eu realmente tivesse me despedindo de 2011", afirmou.

E como já é tradicional na corrida, os fantasiados também deram as caras na hora de retirar seus kits e começaram a chamar a atenção antes mesmo da prova acontecer.

"Comecei correndo por um problema de saúde e agora não paro mais. É a maior alegria da minha vida", disse Francisco Ricardo Fernandes, conhecido como "Cangaceiro Maratonista". Fã de carteirinha da São Silvestre, ele encarou três dias de viagem de ônibus para chegar de Iguatu, no Ceará, a tempo de participar do evento.

Com os kits na mão, os milhares de anônimos agora esperam o dia 31 para se juntar aos atletas de elite para colorir as ruas de São Paulo no último momento esportivo antes da virada do ano e dar a 2011 um adeus com muita alegria e saúde. A distribuição dos kits continua até sexta-feira.

VEJA O NOVO PERCURSO DA SÃO SILVESTRE

 

Veja também

UOL Cursos Online

Todos os cursos