Le Mans - 1955

A história da maior tragédia do automobilismo

Por Diego Salgado, do UOL

No dia 11 de junho de 1955, 60 carros rasgavam as retas imponentes do circuito de La Sarthe, na França. Era a 23ª edição das 24 horas de Le Mans, maior prova de automobilismo naquela época, espetáculo contemplado por mais de 200 mil pessoas no local. Após duas horas de prova, porém, a maior tragédia do automobilismo se desenrolou, num acidente que mudou o rumo do esporte e afastou a Mercedes das pistas por mais de 30 anos.
A tragédia aconteceu na 35ª volta, depois que o líder da prova, o inglês Mike Hawthorn, da Jaguar, foi chamado aos boxes. Ele dimuniu a velocidade, já à direita da pista, na reta principal.
Bernard Cahier/Getty Images
Lance Macklin, coadjuvante na corrida, precisou desviar para não acertar a traseira do carro de Hawthorn. Macklin, porém, não evitou o choque com o carro de Levegh, já no meio da pista.
Bernard Cahier/Getty Images
O acidente começou quando Hawthorn (6), piloto da Jaguar, diminuiu a velocidade para se dirigir aos boxes. A queda brusca de velocidade pegou Macklin (26) de surpresa. O piloto da Austin-Healey teve de jogar o carro para a esquerda a fim de evitar a colisão.
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Macklin conseguiu desviar de Hawthorn, mas não evitou o choque com o carro pilotado por Pierre Levegh (20), da Mercedes, que vinha numa velocidade próxima a 300 km/h.
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O forte impacto fez a Mercedes de Levegh levantar voo de frente e se chocar contra uma barreira que separava a pista da arquibancada. Pedaços do carro, como motor e eixo dianteiro, foram projetados em direção ao público. Em seguida, a Mercedes número (20) explodiu, matando Levegh na hora.
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Juan Manuel Fangio (19), piloto da Mercedes que vinha logo atrás de Levegh, conseguiu desviar da batida, mesmo passando muito perto do Austin de Macklin, que parou metros depois, sem danos ao piloto. A corrida foi mantida, com vitória de Hawthorn (6) no fim.
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Os pedaços da Mercedes de Levegh se tornaram um rolo compressor, "varrendo" quem estava à frente. Quem estava no caminho das peças morreu imediatamente. Um corre-corre foi formado em meio à tentativa de ajuda de algumas pessoas. A maior parte estava à procura de parentes e amigos. A foto a seguir mostra como ficou a área ao lado da pista.
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Juan Manuel Fangio, que disputava a liderença da prova, assistiu à colisão de perto. O piloto argentino tinha Levegh à sua frente, que disputava apenas posições intermediárias na prova. Diante do choque entre Macklin e Levegh, Fangio teve milésimos de segundos para desviar. Segundo ele mesmo, Levegh salvou sua vida ao erguer o braço.
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Apesar da gravidade do acidente, a prova foi mantida. A decisão dos organizadores da prova em manter a competição estava ligada ao resgate das vítimas. De acordo com eles, o cancelamento da corrida poderia resultar no congestionamento das estradas, já que havia 300 mil pessoas no circuito. A Mercedes, por sua vez, retirou-se da corrida.
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Dois erros foram cruciais para que pedaços de um carro fizessem tantas vítimas durante uma corrida. Segundo Luís Ernesto Morales, engenheiro chefe do GP do Brasil, a falta de sinalização no asfalto e uma proteção praticamente nula entre os carros e a plateia resultaram na maior tragédia da história do automobilismo.
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A retirada dos carros da Mercedes da pista mostrou o que viria pela frente. Depois do fim da temporada 1955 de Fórmula 1, a marca alemã se afastou de todas as competições até 1987.O retorno à Fórmula 1 só aconteceu em 1994, com a parceria com a Sauber
Um plano de segurança francês foi colocado em prática semanas depois da tragédia. As maiores mudanças aconteceriam na pista, que teria uma faixa separada para o reabastecimento. Além disso, seriam alargadas. Os carros também teriam que ter uma diferença menor de potência de motores.
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Mike Hawthorn venceu aquela prova. Três anos depois, conquistou o mundial de Fórmula 1 de 1958 - ele morreu no mesmo ano, em acidente de trânsito em Farnham, onde morava.
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Você pode ler a história do acidente em mais detalhes no UOL Esporte: "Le Mans, 1955"
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Publicado em 12 de junho de 2020.
Arte: Suellen Lima

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