A tragédia do Ninho do Urubu completou cinco anos no mês passado. O incêndio no alojamento do Flamengo deixou 10 mortos - todos jogadores entre 14 e 16 anos.
FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
A estrutura tinha apenas uma porta de saída e seis quartos com janelas fechadas por grades, o que dificultou ainda mais a saída dos jovens.
Alexandre Vidal / Flamengo
Eles enfrentaram um fogo que começou após um problema no ar condicionado de um dos quartos e se alastrou em apenas um minuto e 28 segundos.
Os detalhes fazem parte do livro "Longe do Ninho" (Editora Intrínseca), da autora Daniela Arbex, lançado esta semana.
Para lembrar a trajetória, a jornalista ouviu dezenas de familiares, sobreviventes e pessoas envolvidas na investigação da tragédia - ninguém foi condenado até hoje.
ATENÇÃO: O texto a seguir contém detalhes sensíveis
Jorge Eduardo, uma das vítimas do incêndio, foi o primeiro a ser acordado pelas chamas no quarto 3.
Com a fumaça tóxica que invadia o quarto, Jorge aconselhou os amigos a buscarem ar limpo na janela, mas logo o calor se tornou insuportável.
Foi então que Pablo conseguiu o que parecia impossível: passar o corpo de 1,80 m e 73 kg pelo vão de 12 cm entre as grades.
Ele chamou por Samuel e Jorge, mas já não escutou mais nada. Os corpos dos amigos foram encontrados "enganchados".
Christian e Athila, dois dos jovens mortos no incêndio, não teriam esboçado reação alguma. Já no quarto 2, o atacante Athila foi o único que não sobreviveu.
Gedinho estava a menos de meio metro da porta do alojamento quando desmaiou. Ele tinha chegado ao Rio há apenas uma semana.
O jovem de 14 anos estava no quarto 4. Os cinco ocupantes do dormitório morreram na tragédia.
Apesar de ser o mais distante do dormitório 6, onde o fogo começou, o quarto era ao lado do muro de alvenaria de um depósito, vizinho ao container.
FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE
Sem ter para onde escoar, o calor chegou ao ápice naquela área do alojamento: 600 ºC.