Penalty 50 anos

Como uma marca brasileira sobrevive contra Nike e Adidas?

A Penalty, marca brasileira de material esportivo, virou cinquentona em 2020. Criada em 1970, passou por altos e baixos, precisou mudar estratégias para enfrentar a concorrência pesadas, principalmente das multinacionais Nike e Adidas, que despertam fascínio e desejo no Brasil.
Criada 100% focada em esporte e com nome que remete ao futebol para a grande maioria, a Penalty hoje deixou o lado profissional da modalidade mais popular do Brasil. Bola no pé, agora, só nas bolas e chuteiras usadas por amadores - e, claro, no futsal (profisional e amador).
Victor Decolongon - FIFA/FIFA via Getty Images
Mas a marca já esteve presente em comemorações de títulos dos times brasileiros. Mesmo longe do futebol atualmente, é impossível não despertar uma pontinha de nostalgia...
Marlene Bergamo/Folhapress
Os títulos da Penalty vão de Brasileirão, estaduais e chegam ao Bicampeonato Mundial com o São Paulo. E não é só bola na rede. A marca estampa bolas de basquete, material de atletismo e por aí vai.
Divulgação

Eu desenvolvia minha camisa. Quando veio a Penalty, em 91, começamos a desenhar juntos. Tinha que fazer um desenho, modelar a camisa, antes fazer o desenho no papel com lápis de cor essas coisas todas

Zetti,
sobre desenhar as próprias camisas no São Paulo
Arquivo Histórico do São Paulo Futebol Clube

Inspiração foi a concorrente Adidas

"A Adidas tinha uma linha completa para futebol e no Brasil não existia isso. Nós tínhamos que seguir o que estava dando certo pelo mundo. Em 78, iniciamos a construção da fábrica de bola e, em 1980, de calçados. Ficamos com a linha completa", explicou o criador da marca, Roberto Estefano.
Reprodução

Ameaça gringa

"Como é tudo produção própria, eu tenho condições de oferecer o melhor custo e beneficio pro mercado, então quando você pega a Nike, Adidas, boa parte dessas empresas o produto é importado e nós produzimos localmente", conta Estéfano.
Getty Images

A saída do futebol

Antonio Gaudério/Folhapress

Eu não tinha a concorrência das marcas estrangeiras naquela época nos anos 90, ficava mais fácil. Valores de patrocínios não eram estratosféricos como hoje. Nike e Adidas entraram mais forte no mercado no final dos anos 90

Roberto Estéfano,
criador da Penalty

Os times na década de 90

  • Grêmio
  • São Paulo
  • Corinthians
  • Botafogo
  • Atlético-MG
  • Bahia
Matthew Ashton - EMPICS/PA Images via Getty Images
Vários jogadores estamparam a marca. Zetti, Velloso, Marcelinho Carioca... Patrocinar times e atletas era bem diferentes de hoje. Mas a marca também teve problemas no mundo do futebol...
Divulgação

As gafes...

Alexandre Schneirder/Getty Images
  • Em 2014, convocou a imprensa para o lançamento de camisa de despedida de Ceni. Mas o goleiro ainda não havia definido se pararia...
  • Em 2013, no lançamento de camisas retrô de clubes que patrocinava, esquece de um, o Vitória...
  • Em 2011, lançou uma camisa azul do Figueirense, cor do rival Avaí...

...e o último ato

AP Photo/Luis Hidalgo
O último contrato entre Penalty e São Paulo, entre 2013 e 2015, foi cheio de polêmicas e acabou encerrado antes do final previsto. Hoje, a empresa está fora do futebol. "Nós deixamos os clubes há dois anos, em função de como os contratos eram feitos. São à base de risco: se vender, você paga royalties e se você não vender, você não paga nada", explica o criador da marca.

Atingimos o ápice no futebol. Mas a gente viu que os contratos com alguns clubes de futebol estavam tomando um patamar meio estratosférico, então estamos dando um tempo. Isso não significa que nós não voltaremos

Carlos Augusto Ferrari Saraiva, gerente de Relações Esportivas

Entre as mulheres

O domínio no futsal também acontece na modalidade feminina. Amandinha, fenômeno do Brasil nas quadras eleita melhor do mundo seis vezes, é patrocinada pela marca. "Isso abre porta para outras mulheres", disse.
Nayara Gresto

A nostalgia no futsal

Divulgação

Ter um tênis com o seu nome foi pra mim a realização de um sonho, porque hoje a maioria usa o tênis, mas não leva o nome. Você ser reconhecido não só na quadra, mas também um dos primeiros a ter contrato com material esportivo e ter o tênis com o seu nome

Vander Iacovino, ex-jogador de futsal
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Publicado em 01 de agosto de 2020.
Reportagem: Vanderlei Lima Roteiro: Karla Torralba Edição: Bruno Doro

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