"O ano é 2035, e o mundo mudou". É com essa frase enigmática que começa "Biônicos", ficção científica nacional já disponível na Netflix.
A obra imagina um cenário em que o avanço da tecnologia das próteses revolucionou o esporte e aprofundou os problemas da sociedade.
Na história, as próteses viraram um sonho de consumo para atletas.
Os novos modelos tornam obsoletos os atletas sem deficiência, que chegam a considerar amputações ilegais para se tornarem biônicos.
Essa revolução divide a família das irmãs Maria (Jessica Córes) e Gabi (Gabz): ambas são corredoras, mas apenas a segunda tem a carreira impulsionada por uma prótese na perna.
Bruno Gagliasso descreve seu personagem como "tarado" pelas próteses.
Em entrevista a Splash, ele conta que se empolgou gravando uma cena de sexo e sugeriu ao diretor Afonso Poyart que o personagem lambesse e acariciasse uma perna biônica.
Presente na gravação, Jessica Córes se impressionou com a disposição de Bruno.
Além de especialistas em efeitos especiais que editaram mais de mil frames individualmente, a equipe também contou com a ajuda de atletas com e sem deficiência para explicar os movimentos.
Eles ajudaram a imaginar, por exemplo, o que o corpo precisaria fazer para executar saltos biônicos que ultrapassam a marca de 15 metros.
Usando a arquitetura brutalista de São Paulo para criar um ambiente cyberpunk, a produção tenta imaginar os impactos específicos dos avanços na tecnologia na sociedade brasileira.
Ao mesmo tempo, "Biônicos" segue a tradição do gênero usando o futuro para propor reflexões sobre o presente.
A trama nasceu de uma polêmica real envolvendo próteses nas Olimpíadas.
Em 2012, o paratleta sul-africano Oscar Pistorius venceu uma disputa na Justiça e conquistou o direito de concorrer com atletas sem deficiência.
AFP PHOTO/MUJAHID SAFODIEN