Violência contra a mulher

De Maria Bonita a Maria da Penha: desventuras de Marias do Brasil

Por Universa

A autora

No livro "De Maria Bonita à Maria da Penha: Desventuras das Marias do Brasil", lançado neste mês pela Editora Telha, a psicóloga Dayse Marcello aborda a violência doméstica através da história das Marias do Brasil. Conheça
Arte/UOL

Maria Bonita

Na época do cangaço, nos anos 1930, o Código Civil dizia que a mulher pertencia ao homem. Uma vez casada, ela era propriedade dele. Segundo a autora Dayse Marcello, Maria Bonita subverteu esta ordem quando abandonou o marido, que a maltratava, para seguir o bando de Lampião e pegar em armas
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O que as mulheres precisam fazer para não se submeterem à dominação masculina? Será que ainda é preciso pegar em armas, como a Maria Bonita?

questiona Dayse Marcello,
psicóloga e autora do livro "De Maria Bonita à Maria da Penha: Desventuras das Marias do Brasil"

Maria da Penha

Cinco décadas mais tarde, em 1983, mesmo com uma legislação muito diferente, Maria da Penha sofreu duas tentativas de feminicídio do marido -- a primeira com um tiro, a segunda com choques elétricos. Em 2006, uma lei com seu nome foi sancionada para proteger mulheres de agressões domésticas e familiares
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As ferramentas da justiça mudaram, mas os homens seguem cangaceiros

Dayse Marcelo, psicóloga e autora do livro "De Maria Bonita à Maria da Penha: Desventuras das Marias do Brasil"

Ângela Maria

A cantora teve seis casamentos e afirma ter sofrido em todos eles, desde violência psicológica até física e patrimonial. Mas, aos 50, conheceu o atual marido, então com 18; depois de mais de três décadas de namoro, se casaram, quando ela tinha 84 anos
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Ângela Maria

"A história de Ângela Maria é inspiração para a mulher que tem dificuldades de sair de um relacionamento abusivo, mostra que é possível romper o ciclo da violência e viver uma relação saudável, não importa por quanto tempo duraram as agressões", diz a psicóloga e autora

Carolina Maria de Jesus

A escritora de "Quarto de Despejo" sabia que era importante intervir em brigas de casal que ameaçavam a vida da mulher. ?Ela ameaçava os vizinhos [da favela do Canindé, em São Paulo, onde vivia] com a promessa de registrar tudo em livro. Qualquer coisa ela dizia: ?Estou escrevendo um livro e vou colocar você lá?. Isso lhe dava autoridade?, conta Dayse
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Eu não preocupo-me com os homens delas. Se fazem bailes, eu não compareço porque não gosto de dançar. Só interfiro nas brigas onde prevejo um crime.

Carolina Maria de Jesus, em trecho de "Quarto de Despejo"

Dona Maria I, a Louca

Maria I de Portugal foi uma rainha que adoeceu mentalmente por uma sequência de episódios violentos, entre eles ter sido forçada a casar com o próprio tio e, mais tarde, perder marido e filho em menos de um ano
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Dona Maria I, a Louca

Por conta dos problemas mentais, ela vivia reclusa e só saía acompanhada de suas damas, mulheres negras escravizadas conhecidas como ?as outras?. ?Estar sempre acompanhada das ?outras? transformou Maria em alvo de deboche. ?Lá está Maria a ir com as outras?, diziam, e daí surge a expressão ?Maria vai com as outras??, explica Dayse

Maria Chiquinha

A música de Sandy e Júnior que tocava em todas as festas infantis na década de 1990 fala de um homem que diz que, se descobrir que Maria Chiquinha o traiu, vai matá-la. Ele diz, ainda, que vai ?aproveitar? o corpo dela mesmo depois de morta
Mariana Pekin/UOL

Maria Chiquinha

"É uma música que incentiva os meninos a ter esse sentimento de posse, de dominação masculina, e serem justiceiros. Quase como dissesse: 'Se esta mulher não me serve, tenho o direito de descartá-la'", diz Dayse. "Formamos uma geração de 'Genaros' e 'Marias Chiquinhas' que se submeteram a isso -- e precisamos parar"
Publicado em 17 de agosto de 2021.
Reportagem: Mariana Gonzalez. Edição: Bárbara dos Anjos Lima. Arte: Ana Carolina Malavolta.

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