"O Cheiro do Ralo", longa lançado em 2006, mergulha no submundo das pequenas transações e das grandes obsessões.
Lourenço (Selton Mello) é dono de uma loja de penhores e compra objetos usados de quem está desesperado. Ele usa essas trocas para seu sustento e para seus jogos de poder.
A vida de Lourenço, no entanto, toma um rumo inesperado quando ele se depara com o "traseiro perfeito" e um vaso sanitário, fazendo-o perder todo o controle.
Originalmente orçado em R$ 2,5 milhões, o filme foi realizado com apenas R$ 315 mil, reunidos entre sócios privados e pelos produtores executivos.
A economia não comprometeu a qualidade do filme, que conquistou prêmios importantes.
Entre eles de Melhor Atriz Coadjuvante para Sílvia Lourenço e Melhor Roteiro Adaptado no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.
Adaptação do livro homônimo do cartunista Lourenço Mutarelli, que também faz uma participação como ator, o longa é divertido trazendo um charme de submundo.
A trilha retrô adiciona uma camada extra de ironia à história, destacando a obsessão do protagonista pelo fedor que emana do ralo.
Lourenço desenvolve um prazer perverso ao explorar seus clientes, que sempre estão em sérias dificuldades financeiras.
Ele passa a ver as pessoas como mercadorias, identificando-as por uma característica ou um objeto que lhe é oferecido.
O cheiro permanente e fedorento do ralo em sua loja simboliza a podridão moral de suas ações.
Seu mundo começa a desmoronar quando é forçado a se relacionar de maneira genuína com uma das pessoas que antes julgava controlar.
"O Cheiro do Ralo" é um filme que, apesar de sua estética crua e personagens excêntricos, oferece uma reflexão profunda sobre a degradação humana e a necessidade de redenção.
A atuação de Selton Mello é um destaque, trazendo nuances complexas a um personagem que é, ao mesmo tempo, repulsivo e fascinante. Está disponível na Globoplay.