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Roberta Rosas: a precursora dos trabalhos na piscina

Denise Mirás
Especial para o UOL

MAIS SOBRE ROBERTA
Nome: Roberta Rosas
Área: Hidroginástica, hidroterapia
Formação: Educação Física
Atuação: com passagens por Palmeiras, Corinthians e Portuguesa, atualmente faz parte da equipe técnica do São Paulo F.C. (onde também participa da reabilitação de vários atletas de seleções nacionais); atua como hidrotrainer em academias e como personal trainer para treinos específicos de corredores, triatletas, tenistas, golfistas, jogadores de basquete e vôlei. Criou modalidades – hidrospinning, deep running e hidrosport), desenvolveu novos equipamentos esportivos (hidrobike)

Roberta Rosas também já trabalhava com atletas de outros esportes, antes de chegar ao futebol. Formada em educação física, colocava corredores e saltadores para treinar na piscina. E foi por essa especialidade, a hidroginástica, que chegou ao São Paulo em 1992. "Não existia a hidro, no futebol. E o CT nem tinha estrutura física adequada: a piscina era fria e descoberta. Por isso, começamos em uma academia, onde ficamos por dois anos. Mas era difícil fazer um treino mais profissional, ficava tudo muito bagunçado, com muitas pessoas circulando ali, junto, ainda mais quando outros clubes começaram a trazer seus atletas também."

O trabalho de Roberta também foi evoluindo, com o tempo. A hidro, no início, era para recuperação pós-treino e pós-jogo, com sessões entre duas e três vezes por semana. Algo novo. Com o tempo, já era possível mostrar que o trabalho na piscina era eficiente. Mais adiante, viria a comprovação científica. "Fiz um trabalho com testes no time amador. E o ‘achismo’ foi deixado de lado."

O trabalho de Roberta passou a ser requisitado. Trabalhava no São Paulo e também no Palmeiras e na Portuguesa, depois no Corinthians. Até que, em 1998, com a perspectiva de São Paulo e Corinthians duelarem pelo título na final, o técnico Nelsinho Baptista pediu que Roberta fosse efetivada no São Paulo, que assim teria exclusividade.

Arquivo Folha Imagem
Foi com o uruguaio Lugano, então no São Paulo, que Roberta desenvolveu exercícios como este, em que bolas são amarradas a alturas cada vez maiores para jogadores treinarem impulsão dentro da piscina

Em 2000, a hidro, já com instalações adequadas, estava no planejamento diário do São Paulo. E escopo do trabalho ampliou-se, focando não apenas a recuperação dos jogadores, mas também a aceleração do processo de recuperação de contusões. "Houve uma evolução da atividade e a piscina foi ganhando espaço e importância. O trabalho passou a ser mais individualizado. Depois, chegou à parte física, à correção de movimentos..."

O zagueiro Lugano ajudou Roberta a ampliar os objetivos da hidroginástica. "Ele estava treinando sozinho, com muita disposição – se dedicava ao máximo porque queria voltar ao time. Ficava mais tempo na piscina e pensei em fazer uma avaliação de impulsão vertical e horizontal. Para melhorar condições de cabeceio, pensei em pendurar bolas de futebol no teto e ia subindo..."

Com o tempo, explica Roberta, passou a trabalhar com movimentos. Por exemplo: se o jogador tem deficiência ao girar à esquerda; ou aquele que precisa usar mais o braço para segurar o adversário, ou para abrir espaço; ou aquele que cabeceia bem no ataque, mas tem deficiência na defesa. E também de acordo com posições dentro do campo, com características de cada função, a partir de informações como "em uma etapa do jogo, tal atleta dá 40 piques de seis segundos" – esses dados são repassados para a água.

A partir de relatórios mais objetivos, começaram trabalhos em outro patamar. "A condição de sono, por exemplo. No pós-água, promovia-se o sono reparador. No dia seguinte, as respostas ao treino eram melhores, e com musculatura mais relaxada e menos dolorida. Houve evolução na redução do índice de lesões musculares.

É Roberta quem "desenha" os exercícios, de acordo com as especificidades, com informações de profissionais de outras áreas da comissão técnica. Esse trabalho conjunto fez do Reffis (núcleo de Reabilitação Esportiva, Fisioterápica e Fisiológica) uma referência internacional, recebendo jogadores da Europa, da Ásia. "Estamos sempre aprendendo, buscando soluções", assinala, lembrando da necessidade de se ter paciência, até o reconhecimento da importância das "novidades".

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