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Regina Brandão, uma das armas secretas de Felipão na seleção do penta

Denise Mirás
Especial para o UOL

MAIS SOBRE REGINA
Nome: Maria Regina Ferreira Brandão
Área: Psicologia do Esporte
Formação: Psicóloga com pós-graduação em Psicologia do Esporte, mestre em Desenvolvimento Humano e doutora em Ciências do Esporte
Atuação: passagens e consultorias por alguns dos principais clubes de futebol do país, pelas seleções de futebol do Brasil, de Portugal e da Arábia Saudita, além de consultorias para as seleções brasileiras de vôlei, atletas de tênis e natação. Dá aulas de pós-graduação em universidades, tem vários livros publicados

Com pós-doutorado em psicologia do esporte, Regina Brandão tinha experiência com atletas de tênis e vôlei desde 1989, quando chegou ao São Paulo em 1994, por intermédio de João Paulo Medina, então gerente de futebol, para trabalhar com o time do técnico Telê Santana e seu auxiliar Muricy Ramalho.

"A idéia era entender melhor o jogador de futebol, nessa parte psicológica. Para isso, desenvolvi uma forma de avaliação, para assessorar a comissão técnica. A questão era não interferir, ou interferir o mínimo possível, no trabalho da comissão técnica, mas apresentar uma ferramenta a mais para eles. Ainda assim, o Telê não participava das reuniões, que eram maravilhosas, que também contavam com o pessoal do departamento médico, da fisioterapia. Conversávamos sobre cada jogador, com sugestões para melhorar o trabalho."

O primeiro passo era a avaliação do atleta, com as características psicológicas de cada um, mas também da equipe como um todo, dos relacionamentos. A comissão técnica tinha os perfis individuais para ajudar a orientar seu trabalho, mas – sempre – cada jogador era quem primeiro tomava conhecimento de seus resultados. Com o tempo, e o desenvolvimento dos testes, Regina Brandão chegou a testes mais específicos: primeiro, do jogador de futebol; depois, do jogador e sua função dentro de campo (goleiros, defensores, meio-campistas, atacantes).

Arquivo Folha Imagem
O início da carreira esportiva de Regina deu-se no São Paulo, na era Telê Santana

Mais tarde, os testes ajudavam no cuidado com lesões – que podiam estar relacionadas a depressão, ansiedade. Os jogadores foram ganhando confiança – assim como roupeiros, cozinheiras, namoradas – e passaram a contar quando se sentiam melhor – e quando viam resultados em campo.

Com passagens por Palmeiras, Corinthians, Inter de Porto Alegre, Grêmio, Santos, Cruzeiro, Regina Brandão chegou à seleção de Luiz Felipe Scolari, pentacampeã na Copa do Mundo de 2002. E o momento mais crítico para o técnico, especificamente com relação à área da psicologia do esporte, foi quando o seu capitão, Émerson, quebrou a clavícula em treino na véspera da estreia.

A ida de Felipão para a seleção de Portugal – levando Regina, agora como contratada e não mais como consultora – deu chance à psicóloga de introduzir estudos ainda mais específicos, agora relacionados à cultura, de acordo com nacionalidades, que chama de "cross-culturais". No caso do time português, o que detectou foi "indiferença". "O jogador brasileiro é mais passional. O português se mostrava passivo. E era preciso que o próprio Felipão mudasse seu jeito de conversar, de se relacionar, para conseguir trabalhar, encontrando um modo de fazer o time sair do marasmo, da melancolia, lhe dando uma certa emocionalidade. O brasileiro é mais distante, nesse sentido, do português, do que do japonês, do colombiano... É curioso."

Se no geral o futebol é resistente a mudanças, avalia Regina, se a novidade causa surpresa, até choque, a mulher é mais multifacetada, o que o homem não consegue ser. Faz 15 coisas ao mesmo tempo, é curiosa, intuitiva, preocupa-se com o lado humano. "Os homens, muitas vezes, não têm essa leitura. Eles focam mais no desempenho dos jogadores."

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