Jérôme Valcke: a Fifa só pede agora o que o Brasil se comprometeu, em 2007, a fazer
O secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, que esteve no Brasil no início desta semana para uma série de reunião e compromissos com políticos e autoridades brasileiras, assina um artigo nesta sexta-feira no site da Fifa em que afirma que sua viagem ao Brasil foi "muito produtiva" e que, agora, sente a confiança de que Brasil e Fifa finalmente chegaram a um consenso para atender, da melhor forma possível, as necessidades da Fifa, os objetivos do Brasil e as normas ditadas pela legislação brasileira.
Segundo ele, conversas que teve com a presidente Dilma Rousseff, com o novo ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, e com o relator da Lei Geral da Copa na Câmara, deputado Vicente Cândido (PT-SP) deixaram-no "confiante de que, agora, atingimos um entendimento comum sobre o que é preciso para organizar com sucesso a Copa das Confederações em 2013 e a Copa do Mundo em 2014".
O cartola internacional não deixa de apontar que o que está sendo solicitado ao Brasil é o mesmo que se solicitou aos países-sedes das copas anteriores. "Não estamos pedindo nada além do que foi pedido para a Alemanha e para a África do Sul (sedes de 2006 e 2010), e nada além do que será solicitado a Rússia e Qatar (2018 e 2022)." Além disso, continua o secretário, o que a Fifa exige agora "é nada mais do que o governo brasileiro concordou em realizar quando ganhou o direito de sediar a Copa, em 2007."
Os pontos de discordância entre autoridades brasileiras e a Fifa, que Valcke agora anuncia como superados, dizem respeito à venda de ingressos com desconto para idosos e estudantes, a permissão de se vender bebidas alcoolicas nos estádios durante os jogos da Copa e arcabouço legal para a coibição da pirataria de marcas e produtos relacionados ao torneio mundial de futebol.
Para que a Fifa seja atendida em todas essas questões, algumas leis brasileiras terão que ser alteradas, e, de fato, autoridades do Legislativo e do Executivo, das esferas federal, estaduais e municipais, já deram mostras de estarem dispostos a atenderem aos desejos da entidade que controla o futebol mundial.
Para justificar o procedimento, Valcke lembra que "a Copa do Mundo atinge quase metade da população mundial, com uma audiência que não encontra rivais em nenhum outro evento esportivo . Imaginem o investimento em propaganda que seria necessário para alcançar esse grau de exposição."