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Melchior da Consolação, de Prados, já usa a madeira do Mineirão em suas peças

Melchior da Consolação, de Prados, já usa a madeira do Mineirão em suas peças

11/10/2011 - 07h00

Madeira retirada do entorno do Mineirão vira obra de arte nas mãos de artesãos de Minas

Guyanne Araujo
Em Belo Horizonte

Dentro da proposta de manter viva cada parte que integrava o cenário do Mineirão, na capital mineira, cada ‘pedacinho’ do antigo estádio e também do seu entorno estão sendo reaproveitados em diversas atividades. Neste momento, madeira proveniente do corte de árvores que o circundavam está sendo doada a artesãos de várias cidades do estado.

CRIANÇAS USAM MADEIRA DO MINEIRÃO

  • Alexandra Martins/Divulgação/Secopa-MG

    Crianças de apenas 5 anos vão assinar o primeiro produto gerado com a reciclagem da madeira proveniente das árvores do Mineirão. O trabalho artístico dos alunos do 2º período do Colégio Padre Eustáquio consiste na gravação artesanal a fogo de desenhos sobre pedaços da madeira e serão expostos durante uma mostra cultural da instituição de ensino, no próximo sábado.Esse material também foi doado ao Colégio Padre Eustáquio pelo Instituto Centro Cape. As gravações têm como tema ?Um Mundo Melhor?, proposto pela professora Ana Paula Domiciano. Os alunos dela fazem o desenho com lápis sobre a madeira e ela os auxilia com um pirógrafo.

Já foram distribuídas cerca de 100 metros cúbicos para 40 artesãos. Nesta terça-feira, outros 20 metros cúbicos de madeira serão entregues a outros dois artistas, um de Santana dos Montes e outro de Bichinho, distrito de Prados, cidades do interior de Minas, ambas no Campos das Vertentes.

A madeira proveniente das árvores do Mineirão foi doada ao Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor (Instituto Centro Cape), que faz a seleção dos artistas que receberão o material. De acordo com Tânia Machado, a meta é que os cerca de 600 metros cúbicos, no total, beneficiem 200 artesãos para a confecção de obras de arte e móveis.

“Estarão eternizadas em obras de arte. Agrega valor também ao produto do artesão. É um pedaço do Mineirão que podem levar para a casa”, destacou Tânia Machado. Segundo a responsável pelo Centro Cape, os artesãos atendidos têm uma certificação dada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), de que utilizam material legalizado e com origem comprovada da árvore.

De acordo com a Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo em Minas Gerais (Secopa-MG), a iniciativa faz parte do plano de controle ambiental das obras de modernização do Mineirão, que contempla a doação de madeira produzida com a supressão de árvores ao instituto Centro Cape. Já receberam madeiras artesãos também das cidades históricas de Tiradentes e São João Del Rei, além de outros da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Peças doadas ao Estádio

O artesão Eduardo Eleutério, natural de Fortaleza, capital do Ceará, mas morador de Belo Horizonte há 30 anos, que entre outros objetivos faz mesas e cadeiras, destaca a importância de ter recebido o material doado. “Já fiz algumas janelas e balanços”, conta o artesão, que trabalha no oficio há 30 anos e há oito, especificamente, entalhando madeiras.

Eleutério já recebeu 12 metros cúbicos dos 25 a que terá direito. “Foi muito bom, madeira certificada, com origem. Agrega valor também ao produto, por que muita gente tem carinho por aquilo ali. Vamos desenvolver um trabalho para ficar para o estádio, cada um vai doar uma peça. Estou trabalhando para fazer o mapa mundi com uma caixinha do Estado de Minas dentro do Brasil”, revelou.

  • Sylvio Coutinho/Secopa-MG/Divulgação

    Cerca de 600 metros cúbicos de madeira proveniente do corte de árvores do entorno do Mineirão serão distribuídos a 200 artesãos, 40 deles já receberam e começaram a produzir suas peças

O também artesão Melchior da Consolação Silva, de Prados, produzirá em média duas mil peças de artesanato com o material doado. “Faço peças menores, galinhas d´Angola. Com esse material que recebi (12 metros cúbicos) dá para o ano todo”, comemorou o artesão que há 16 anos trabalha nesse setor.

“Fiquei muito feliz, foi muito bom para mim. É importante porque se não  tivesse recebido teria que comprar e é um material guiado, não está prejudicando nada e é importante de onde veio, do Mineirão. Já estou trabalhando e tenho algumas peças prontas aqui”, vibrou.

OUTROS MATERIAIS SÃO APROVEITADOS

A doação de madeiras para virar artesanato não é a primeira que acontece de materiais provenientes do Mineirão. Já foram doados, em outros momentos, as cadeiras, que tinham substituído as antigas arquibancadas, a grama e até mesmo a terra retirada para fazer o rebaixamento do campo.
Com o rebaixamento da área do campo, a terra extraída do processo de escavação, ao todo 68,8 mil metros cúbicos, foi utilizada em uma obra de Requalificação Urbana e Ambiental do Ribeirão Arrudas, executada pelo Departamento de Obras Públicas do Estado de Minas Gerais (DEOP). Já os resíduos da demolição da geral e arquibancada inferior, como concreto armado, alvenaria e argamassa, foram preparados e estão sendo usados na construção de rampas de acesso das máquinas para o interior do estádio.
O restante do material foi encaminhado para a Usina de Reciclagem da Prefeitura de Belo Horizonte. Já os 13 mil metros quadrados do gramado foram reaproveitados no projeto Plug Minas, que é um centro de formação e experimentação digital para jovens de escolas públicas entre 14 e 24 anos. O Plug Minas se localiza em um espaço de 70 mil metros quadrados, no Bairro Horto, na Zona Leste da capital.
As antigas cadeiras do Mineirão, que tiveram de ser substituídas por não atenderem aos padrões Fifa, foram doadas a estádios e ginásios em todo o estado de Minas Gerais. As 49,5 mil cadeiras foram destinadas a 11 localidades, depois de análise do governo e com as retiradas pelos responsáveis que receberam a doação.

Das 1.043 árvores do Mineirão, 202 permanecerão no local, 71 serão transplantadas e 770 foram cortadas, conforme análise técnica da empresa de jardinagem contratada pelo consórcio Minas Arena, responsável pelas obras do estádio. Entretanto, segundo norma do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam), cada árvore cortada corresponde a um respectivo número de árvores a serem repostas. Por isso, a região do Mineirão receberá em torno de 3.520 novas árvores, sendo que 300 serão plantadas no próprio estádio e o restante nas adjacências.

O gerente do Projeto Copa Sustentável da Secopa-MG, Vinicius Lott, explicou sobre a necessidade da retirada das árvores do entorno. “Vai ter a construção da esplanada (abrigando praças, lojas e restaurantes) onde terão novas atividades. Algumas foram transplantadas para o Mineirinho, para a Avenida Atlântida e para a Lagoa da Pampulha. Tivemos esse projeto de melhor uso da madeira, onde a Minas Arena e o estado buscaram o Centro Cape para distribuir ao artesanato, agregando valor artístico, responsável pelo apelo cultural e artístico”, destacou.

Segundo o Plano de Transplantio, as 71 espécimes estão sendo replantadas na Fundação Zoobotânica, responsável pelo Zoológico de Belo Horizonte, e na Avenida Atlântida. Já a lenha produzida com a supressão das árvores também receberá outra utilização por meio do Instituto Centro Cape.

Segundo Tânia Machado, como há parte da árvore que não pode ser aproveitada para artesanato, a ideia é montar parcerias com pizzarias e padarias, que usaram a lenha e que terão que doar parte dos alimentos produzidos para creches, asilos.

  • Divulgação

    O artesão Eduardo Eleutério, de Belo Horizonte, já fez "algumas janelas e balanços" com as madeiras originadas do Mineirão, que ele recebeu da Secopa-MG, por intermédio do Instituto Centro Cape

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