Fizeram História

Oswaldo Cruz: o sanitarista com uma fé eterna na ciência

Por Paula Rodrigues

O médico Oswaldo Cruz foi um dos principais responsáveis pelo controle de epidemias no Brasil. Ele erradicou a febre amarela no Pará, entrou para a Academia Brasileira de Letras, foi eleito prefeito de Petrópolis (RJ) em 1915, e deu nome a praças, ruas, rodovias e centros acadêmicos pelo Brasil. O sanitarista morreu em 1917, mas até hoje é lembrado como um herói da ciência brasileira e alguém que promovia uma "fé eterna na ciência", como dizia.
Acervo Casa de Oswaldo Cruz

O saber contra a ignorância, a saúde contra a doença, a vida contra a morte, mil reflexos da batalha permanente em que estamos todos envolvidos.

Oswaldo Cruz
Nascido em São Luís do Paraitinga, interior de São Paulo, Oswaldo Gonçalves Cruz é considerado um dos maiores nomes da ciência nacional. Não à toa, desde 1948, comemora-se o Dia Nacional da Saúde em 5 de Agosto, data de nascimento do cientista.
Acervo Casa de Oswaldo Cruz
O interesse por assuntos ligados à saúde começou ainda muito cedo. Inspirado no pai que era médico, aos 15 anos Oswaldo entra para cursar medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Nessa época, a vontade de estudar sobre microbiologia o fez montar sozinho um pequeno laboratório em casa. Já em 1896, viaja para Europa para se especializar em Bacteriologia.
Acervo Casa de Oswaldo Cruz
Quando voltou ao Brasil, em 1889, Oswaldo viveu seu primeiro desafio: o país começava a viver um surto de peste bubônica, que durou até 1907. Só no primeiro ano da doença cerca de 500 mortes foram registradas. Mas o governo brasileiro insistia em negar ou esconder a existência da doença por medo de prejuízo na economia.
Oswaldo Cruz, então, propôs como solução a construção de institutos soroterápicos para produzir soro para tratar as pessoas. Assim, em 1900, é inaugurada a atual Fiocruz, batizada em sua homenagem como Fundação Oswaldo Cruz e hoje responsável pela produção de vacinas contra a covid-19.
Acervo Casa de Oswaldo Cruz
Três anos depois, Oswaldo Cruz foi anunciado pelo presidente Rodrigues Alves como diretor da Diretoria Geral de Saúde Pública. O médico assumiu o cargo para encarar uma tarefa dura: além da peste bubônica, Oswaldo precisava erradicar a febre amarela e a varíola no país.
Acervo Casa de Oswaldo Cruz
Assim como o novo coronavírus hoje, tais doenças não eram muito conhecidas à época. Acreditava-se que a febre amarela, por exemplo, era contagiosa. Oswaldo foi quem levantou a hipótese da doença ser transmitida por um mosquito. Mas a maioria da população não acreditava nisso e reagiu negativamente quando o médico estabeleceu a criação de grupos que procuravam focos de insetos pela cidade, o que de fato ajudaria a frear a doença.
Aliás, ele precisou enfrentar a ira popular algumas vezes. A maior e mais famosa foi a chamada Revolta da Vacina, que ocorreu em novembro de 1904, quando, a pedido de Oswaldo, o governo estabeleceu a Lei da Vacinação Obrigatória. Muitos se revoltaram e foram às ruas contra a medida imposta. Curiosamente, em 1908, quando o Brasil viveu seu pior momento da doença, o que se viu foi o oposto: pessoas corriam para serem vacinadas.
Acervo Casa de Oswaldo Cruz
Além do combate às doenças, trabalhos como a reformulação do Código Sanitário brasileiro e o saneamento do Rio de Janeiro levaram Oswaldo Cruz ao reconhecimento internacional, tendo recebido medalha de ouro em 1907 no Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim.
Acervo Casa de Oswaldo Cruz
Acervo Casa de Oswaldo Cruz
Publicado em 27 de fevereiro de 2021.
Reportagem: Paula Rodrigues
Edição: Fernanda Schimidt