No final dos anos 90, montei meu primeiro negócio focado em gastronomia. Era uma pizzaria, no bairro da Vila Madalena, em São Paulo. Por lá, eu cantava de galo e me dizia um entendido em cervejas. Meus amigos iam até lá e entre umas e outras geladas, ficavam me ouvindo esbanjar meu conhecimento sobre a origem e a história da bebida.

Em uma determinada noite, enquanto fechava a casa, um destes amigos apareceu e me chamou para tomar uma ‘cerveja diferente’. O convite era para conhecer um bar novo, em frente à minha pizzaria, que acabara de abrir. Atravessei a rua certo de que encontraria um rótulo já apreciado por mim. E zombaria do amigo que imaginara me surpreender com algo novo.

Já na mesa, chega o garçom e meu amigo pede uma cerveja. Era para trazer aquela do copão, vinda da Alemanha. Assim que a bebida começa a ser servida, já noto a diferença. O copo era diferente, o líquido turvo. Quando o rapaz terminou de servi-la, percebi que ele agitava a cerveja em movimentos circulares, procedimento feito para desprender o fermento que fica no fundo da garrafa.

Com o copo em mãos, sou convidado a sentir o aroma da cerveja – pratica que até então ignorada por mim. Percebo algo frutado e condimentado, características muito diferentes do que estava acostumado sentir. O sabor também surpreende. Mesmo assim, saio de lá me achando entendedor de cerveja. Talvez, só esta é que fugia do meu conhecimento.

Vou estudar e descubro que no mundo existiam mais de 120 estilos diferentes da bebida! Eu e todo o meu embasamento cervejeiro estávamos limitados à ‘loirinha gelada’. Detectado o triste fato, comecei a estudar, viajar, comprar cervejas diferentes e conversar com especialistas da área. O caminho é sem volta, confesso.

Quando me dei conta, até a minha vida profissional estava ligada envolvida com a cerveja. Mal sabia que aquele momento mudaria o rumo de minha vida. Até hoje, não parei de beber. E nem de aprender.